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Esta semana, não vimos motivo para riso. Por isso, nem tentaremos tratar com leveza o que é abominável. A intenção não é te irritar, mas registrar uma galeria de horrores, de exemplos a nunca serem seguidos. Também buscamos equilibrar com alguns exemplos de sensatez.
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“Execução de médicos em quiosque: condomínio de Bolsonaro fica a 300 metros do local do crime” – ICL Notícias, canal de um tal Eduardo Moreira, fazendo insinuações sobre o crime que levou o irmão da deputada Sâmia Bomfim.
“Falaram do Hezbollah, do Hamas, e não usaram a palavra ‘terrorista’. Outra palavra que eu ouvi aí, que me chamou muito a atenção, foi ‘genocídio’ do povo palestino. Eu sou neto de pessoas assassinadas pelos nazistas, não conheci meus avós. Vocês usam palavras que são absurdas. Vocês estão fazendo propaganda e essa propaganda é errada” – Marcos Susskind, radialista que mora em Israel, dando bronca ao vivo no ICL Notícias. O canal apagou a crítica.
“Esse ataque do Hamas deu ao governo mais extremista, cruel, racista e genocida da história de Israel o pretexto perfeito” – André Fran, jornalista. Mais um de vocabulário absurdo.
“Lula é um amigo do povo palestino e esperamos sua volta” – Baseim Naim, um líder do Hamas, em entrevista exclusiva ao site petista Brasil 247 publicada em maio de 2021.
“É falso que Hamas parabenizou Lula por vitória nas eleições” – Brasil 247, mentindo.
“Podemos não gostar do Hamas, discordando de suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos” – Breno Altman, jornalista petista, colaborador do Brasil 247, fundador do Opera Mundi. Uma das frases mais imorais que já tivemos o desprazer de republicar.
“Estás falando das senhorinhas fundamentalistas com a Bíblia nas mãos? Qualquer semelhança não é mera coincidência. É assim que tudo começa!” – Soraya Thronicke, senadora e ex-presidenciável, comparando o Hamas a senhoras cristãs. Não fica muito atrás do Altman.
“Falecimento de cidadão brasileiro em Israel” – Itamaraty, descrevendo o assassinato (ASSASSINATO, viu, Itamaraty?) do brasileiro Ranani Glazer de uma forma branda que chamou atenção internacional.
“Nunca achei que eu veria imagens confirmadas de terroristas decapitando crianças”
– Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Bom saber que ele ainda é capaz de ser lúcido.
“O Hamas é um grupo de ultradireita” – Metrópoles, portal de notícias, em tweet depois apagado. A nova mídia veio com velhas atitudes.
“A resistência é um direito garantido pela ONU, e é isso o que os palestinos estão fazendo. A ofensiva do Hamas é uma resposta” – Rosa Amorim, deputada estadual de Pernambuco pelo PT, ‘crescida nas fileiras do MST’, em vídeo deletado que fez para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
“Isso é marca de m****. Se achou nas calças [emoji de risos]” – Sayid Tenório, ex-assessor parlamentar e ligado ao Instituto Brasil-Palestina, zombando de uma mulher estuprada pelo Hamas. Ele foi demitido por um deputado do PCdoB pelo comentário. Mas não se iluda, o autor de uma das frases mais canalhas do ano logo estará instalado em alguma outra sinecura paga com o nosso dinheiro.
“Foi tarde [emoji de avião]” – Fernanda de Melo, bacharel em Relações Internacionais, palestrante em uma aula pública sobre “a questão da Palestina” para os grevistas da USP, zombando do assassinato da brasileira Bruna Valeanu pelo Hamas.
“O que o Hamas fez contra Israel é condenável e repudiamos. Mas nesta guerra não há inocentes” – Leonardo Boff, teólogo petista ‘da libertação’, cassando primeiro a própria inocência.
“Isso que Israel anuncia e pratica configura terrorismo de Estado, pois nega a existência do povo palestino e seus direitos” – Vera Magalhães, jornalista. Enquanto o estatuto do Hamas de 1988 chama explicitamente pelo genocídio dos judeus, Israel tem palestinos entre seus 20% de cidadãos árabes, membros do parlamento e juízes.
“Tem gente agradecendo a Deus pelo voo de resgate da FAB. Então o certo seria agradecer a Deus por Lula ser o presidente” – Chico Pinheiro, jornalista que não precisa de hora apropriada para fazer bajulação.
“Qual a dificuldade de agradecer ao presidente Lula pelo resgate dos brasileiros em Israel?” – Ivan Valente, deputado do PSOL, disputando campeonato de bajulação com o Chico Pinheiro.
“Se eu tivesse vivido na Alemanha de 1933, teria lutado ao lado dos judeus, e se tivesse vivido na Palestina em 1948, teria lutado do lado palestino. Agora os neonazistas querem sua destruição” – Gustavo Petro, presidente da Colômbia. Petro, você não engana ninguém: você seria guardinha em Auschwitz com muito orgulho.
“Jesus foi uma criança palestina. E quando foi crucificado, [foi] condenado injustamente pelo Império Espanhol e pelas oligarquias” – Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, exibindo todo o seu vasto conhecimento histórico e altíssimo Q.I.
“Foi um erro grave deixar entrar tantas pessoas de cultura, religião e conceitos diferentes, porque cria um grupo de pressão dentro de cada país que faz isso” – Henry Kissinger, diplomata americano com 100 anos de idade, fazendo referência às manifestações em apoio ao Hamas por cidades ocidentais. Ele fugiu dos nazistas em 1938. “É doloroso”, disse ele sobre a manifestação de Berlim.
“Beijamos a testa e as mãos dos inteligentes e qualificados autores desta operação e da juventude palestina, estamos orgulhosos deles” – Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo da República Islâmica do Irã, elogiando o Hamas. Ele nega ter financiado o ataque.
“Pegue essa bandeira da Palestina e enfie” – Milhares de torcedores iranianos do Persepolis FC, na arquibancada do estádio Azadi em Teerã, cantando em uníssono em resposta a manifestantes que queriam apoio ao Hamas por lá. Por isso é bom não confundir um povo com o regime que o governa e oprime. Outras imagens mostram estudantes iranianos se recusando a pisar nas bandeiras de Israel e dos EUA, pintadas para esse propósito em uma passagem. Eles também vaiavam os que faziam questão de pisar.
“O estádio não é como o Twitter, ninguém vai elogiar. Eles dizem diretamente o que devem enfiar e onde. Eles sempre falam francamente” – Mohammad Soltann, iraniano famoso, explicando por que seus concidadãos se sentem à vontade para exercer liberdade de expressão no futebol, mas não fora do estádio.
“Folha passa a tratar Hamas como organização terrorista” – Folha de S. Paulo, jornal. Antes tarde do que nunca. Como dito, o estatuto do Hamas de 1988 é explicitamente terrorista.
“Se chama Hamas de terrorista, Folha deve fazer o mesmo ao se referir a Israel” – Salem Nasser, professor de direito internacional na FGV, em artigo na própria Folha. Talvez quando Israel decapitar bebês e estuprar mulheres em Gaza, como fez o Hamas.
“Simplesmente não é papel da BBC dizer às pessoas quem apoiar ou condenar, quem são os mocinhos ou os bandidos” – John Simpson, editor de assuntos internacionais da BBC, tentando explicar por que o veículo não chama o Hamas de ‘terrorista’. Pode deixar que nós chamamos.
“A imprensa brasileira continua com a ideia fixa de que todo mundo tem de chamar o Hamas de terrorista. (...) Israel está fazendo exatamente o que o Hamas fez, mas numa escala bem maior” – Kennedy Alencar, jornalista. Enquanto o Hamas tiver a ideia fixa de matar judeus, continuaremos.
“Em quase 50 anos de afiliação a Harvard, nunca estive tão desiludido e alienado quanto estou hoje” – Larry Summers, economista que já presidiu a famosa universidade, agora parte de uma rede de instituições que tergiversaram ou ficaram em silêncio sobre as atrocidades do Hamas. Como resumiu Jacob Howland, da Universidade de Austin: “Harvard é uma desgraça nacional”.
“Eu não tenho mais lágrimas. Não consigo mais chorar, porque chorei muito” - Gaya Kalderon, mulher israelense de 21 anos que não sabe onde estão seu pai, irmã, avó e primo. Ela viu seu irmão de 12 anos sendo levado pelo Hamas. A irmã, de 16 anos, deixou um recado no grupo da família em aplicativo de mensagens: ‘Mamãe, eu te amo’. ‘Provavelmente ela sabia que é o fim’, comentou Gaya sobre a mensagem da irmã, falando à Reuters.
“Hoje, testemunhamos a pior matança de judeus desde o Holocausto. Isso não é o que esperávamos neste capítulo derradeiro das nossas vidas” - Sobreviventes do Holocausto, em carta publicada pelo Museu do Holocausto dos EUA.
Outros assuntos
“Realmente muito ruim que uma apresentação de dança erotizante tenha ocorrido em evento do Ministério da Saúde. Nada disso justifica as fake news e acusações contra o PT. Aliás, em matéria de Saúde, os bolsonaristas têm de explicar o genocídio da pandemia” – Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores. O abuso da palavra ‘genocídio’ pela esquerda tem sido uma constante nos últimos anos, quiçá décadas.
“Algumas pessoas são contra uma sociedade mais inclusiva e usam a onda anti-woke como uma forma de mascarar seu racismo, sua misoginia e sua homofobia” – Darren Walker, presidente da Fundação Ford. Que bom que assume que ele e sua fundação são woke, isto é, identitários e contra a base civilizatória que herdamos de tratamento igual das pessoas.
“Felipe Neto criou plano de fuga do país após virar alvo de bolsonaristas” – manchete da Folha de S. Paulo. Parece que o youtuber está inovando nos métodos de tentar manter sua relevância em alta.
“Fábio Porchat revela que realizou aplicação de botox anal” – Metrópoles. Decadência sem elegância.
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