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“É quase vergonhoso querer ter filhos” – Jade Sasser, colunista do jornal americano Los Angeles Times, sobre o impacto humano nas “mudanças climáticas”. Parar de se reproduzir seria uma ótima maneira para os ecochatos mudarem o clima do planeta — para melhor, claro.
“Existem aqueles que estão fazendo um verdadeiro terrorismo climático ateando fogo no nosso país. Eu estou comparando ao que aconteceu em 8 de janeiro” – Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. Estaria ela insinuando que certos ministros foram avisados com antecedência, enquanto a segurança presidencial apenas observava quem ateava o fogo?
“Agora eu sou traidora porque eu não tenho a mesma opinião que você? A sua democracia é seletiva, né” – Jojo Toddynho, cantora respondendo a críticas por ter se declarado de direita. Já que a unanimidade é burra, a esquerda concluiu que ela também deve ser compulsória.
“Míriam Leitão é escolhida ‘Intelectual do Ano’ pelo Troféu Juca Pato 2024” – manchete do Jornal O Globo. Agora só falta botar a Marina Silva como Miss Brasil, o Lula na Academia Brasileira de Letras e o Flávio Dino como Atleta do Século.
“Dinamarca devolve ao Brasil um de seus tesouros sagrados mais cobiçados: artefato tupinambá foi roubado há mais de três séculos” – manchete do portal IGN Brasil. Se era assim tão importante, por que nossos indígenas não fizeram nenhuma cópia?
“O governo brasileiro condena a série de explosões coordenadas e simultâneas de centenas de aparelhos eletrônicos hoje no Líbano” – nota do Itamaraty sobre ação, supostamente de Israel, contra terroristas do Hezbollah. Perder amigos dói, mas para o Itamaraty tristeza mesmo foi saber que estavam de fora do grupinho dos pagers.
“The house is going down” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), sobre movimentos no congresso americano para barrar avanços autoritários de Alexandre de Moraes. The snake is going to smoke...
“Muitos de nós, que não tem (sic) medo de cara feia, sabemos que a linguagem empolada ‘em defesa da democracia’ nada mais é do que um circo dedicado a (sic) censura” – Luís Felipe Pondé, filósofo. Não tem medo de cara feia, mas o livro de gramática dá até um friozinho na espinha.
“Nem lembro mais de quando eu trabalhava” – Tabata Amaral, deputada federal (PDT-SP) e candidata à prefeitura de SP, respondendo à pergunta sobre legislação trabalhista durante sabatina. A amnésia laboral é uma condição comum em quem vive na ilha da fantasia da Câmara dos Deputados.
“Quando quero ver um filme argentino, não consigo porque todos são uma m*” – Alberto Fernandez, ex-presidente da Argentina. Está achando ruim? Espere até dublarem “Bacurau” para o espanhol...
“As regras sendo cumpridas, o X volta a funcionar normalmente” – Gerson Camarotti, comentarista da GloboNews. Exatamente: basta o STF cumprir a Constituição, que tudo volta a funcionar normalmente. Talvez até a bússola moral de alguns.
“Moraes está agindo como um ditador totalitário... Pedimos que neguem qualquer solicitação de vistos ou admissão para Moraes e os outros membros do Supremo brasileiro” – carta de Membros do Congresso Americano. E daí? Se nossos ministros quiserem ver Lex Luthor, Free Willy, ou Cruela de Vil, não precisam ir pra Disney, basta comparecer à próxima reunião do plenário.
“Mais de 50 intelectuais de vários países divulgam carta aberta contra Musk e pedem apoio ao Brasil” – manchete do site Opera Mundi. Espero que os intelectuais gringos não fiquem chateados por não irmos ao Twitter agradecer publicamente a gentileza, já que, ao contrário deles, vivemos sob censura.
“Ele não é um maníaco, um psicopata, nada disso. Ele é um homem fruto de uma sociedade patriarcal” – Cris Fibe, colunista do UOL, sobre homem procurado pela polícia após série de ataques a mulheres na zona leste de SP. O Maníaco do Parque, por exemplo, era só um rapaz comum, até se formar em fotografia de moda pelo curso à distância do patriarcado.
“Netanyahu mata crianças com bombas em Gaza e com pagers-bomba no Líbano” – Leonardo Sakamoto, jornalista. Parece que o Sakamoto já encontrou o vilão para o seu primeiro filme, "Meus Terroristas Favoritos”. Vai ser um thriller verdadeiramente explosivo.
“Determino à PF que proceda ao monitoramento de casos extremados do uso do X, dando margem a que, mantido ou reiterado o comportamento, a multa seja aplicada” – Alexandre de Moraes, ministro do STF. Moraes vai salvar a democracia brasileira, nem que para isso precise vigiar cada passo que os cidadãos dão na internet.
“Já enfrentei vários governos, juízes e políticos, mas a primeira vez que senti medo foi contra o Alexandre de Moraes” – Glenn Greenwald, jornalista. O Brasil não é para amadores. E muito menos para profissionais que façam as perguntas “erradas”.
A Semana do Presidente
“É um bando de imbecil que fala isso” – Lula, sobre quem pede a privatização da Petrobras. Lembrei de um picolé de chuchu, que adorava esse papo, até se juntar ao chefinho que “voltava à cena do crime”.
“A gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas” – Lula, sobre os incêndios que varrem o país. É, 100% preparado, só para criticar; para agir, nem tanto.
“Quero humanizar Lula porque tudo que ele fala vira polêmica” – Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos. Mas, até que esteja completamente domesticado, melhor não soltar da coleira – senão pode dar problema.
“Temos um governo enfraquecido, acorrentado às alianças e conchavos para se manter no poder” – Yakuy Tupinambá, líder indígena, criticando Lula durante evento sobre o marco temporal. Alguém sabe como se fala ‘tchutchuca do Centrão’ em tupi-guarani?
“Eu queria apenas que a companheira que falou aqui mudasse o seu discurso” – Lula, em resposta. Melhor mesmo, vai que o Centrão ouve e o Lula precisa liberar mais emendas para acalmar os ânimos...
“Eu acho que os empresários ainda não conquistaram a inteligência suficiente para saber que investimento em cultura é uma coisa que traz retorno”— Lula. É que vídeozinho de apoio de artista em ano eleitoral não traz o retorno que o empresariado espera.
“Esses dias fui à posse de um ministro num tribunal, era uma supremacia branca que não tem nada a ver com a realidade brasileira” – Lula, sobre ausência de ex-alunos do ProUni nos tribunais. Como é que o Lula nomeia um monte de neonazistas para o judiciário e ninguém fala nada?
“Macaé Evaristo foi secretária da educação do estado de Belo Horizonte (sic), e eu tirei ela para descascar essa batata fria que é o Ministério dos Direitos Humanos” – Lula, apresentado a nova ministra. No Brasil, quanto mais se assa a batata, mais ela parece esfriar...
Dia Internacional da Democracinha
“Nos anos setenta havia censores nas redações dos jornais. Havia presos políticos. Havia muitos brasileiros no exílio” – Luís Roberto Barroso, em mensagem do Dia Internacional da Democracia. Ah, os bons tempos da censura raiz, artesanal, sem essa impessoalidade de rastrear IPs, bloquear DNS... A censura perdeu seu charme, virou fast-food.
“Hoje comemoramos o Dia da Democracia e o que nós queremos é que, em todos os lugares, os seres humanos possam ser democraticamente livres” – Cármen Lúcia, ministra do STF. Mas, infelizmente isso não será possível, pelo menos até o fim das eleições – quando a democracia costuma a voltar de férias.
Cantinho do Grande Irmão do Norte
“Estou profundamente perturbada pela possível tentativa de assassinato do ex-presidente Trump” – Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, sobre nova tentativa de assassinato contra Donald Trump. Ela ainda teria enfatizado que, apesar de tudo, Trump continua sendo uma ameaça à democracia e ainda precisa ser parado a todo custo.
“Cale a boca. Ninguém te perguntou nada” – Pharrell Williams, músico americano, dando um conselho às celebridades que gostam de dar opinião na política. Alguém traga esse homem para o próximo Rock in Rio.
“Eu odeio a Taylor Swift!” – Donald Trump, candidato à presidência dos EUA, criticando a cantora que declarou voto em sua rival, Kamala Harris. Se votasse em Blank Space, teria evitado esse Bad Blood.
“Uma mulher negra, fruto de um casamento miscigenado... ela enviará uma mensagem poderosa para todo o mundo, pessoas como Putin vão dizer, ‘Espera aí, esses caras são realmente um país democrático’” – Steven Anderson, general americano. Comovido com tanta diversidade, Putin vai até derramar uma lágrima antes apertar o botão vermelho.
Dança das Cadeiras
“Tenho sentido que somos animais num zoológico e todos querem ver agressões gratuitas” – Pablo Marçal, candidato à prefeitura de SP (PRTB), em mensagem de Whatsapp para o rival José Luiz Datena (PSDB), antes do debate da cadeirada. Os chimpanzés já avisaram que vão exigir adicional de insalubridade se forem obrigados a dividir a jaula com os candidatos a prefeito de SP.
“Você é um arregão, atravessou o debate esses dias pra me dar um tapa, você não é homem nem pra fazer isso” – Pablo Marçal. Quem manda convite, não pode reclamar da visita.
“Não, Datena, não!” – Leão Serva, mediador do debate da TV Cultura, ao notar que Datena avançava na direção de Marçal. Tudo bem que a imprensa anda matando cachorro a grito, mas parar um rinoceronte já seria pedir demais.
“Nossos comerciais, por favor” — Leão Serva, incorporando Flávio Cavalcanti após a agressão de Datena a Marçal. E a indústria moveleira nacional lamenta a oportunidade perdida...
“Datena ataca Marçal com cadeira durante debate na TV Cultura” – manchete da CNN Brasil. Ainda bem que era uma cadeira, fosse um banco, corria o risco de acabar sendo roubado.
“Foi só um esbarrão” – Pablo Marçal, após levar cadeirada de Datena. Esbarrão à parte, houve uma justiça poética: quem idoso golpeia, por idoso será golpeado.
“Datena, o que você fez foi uma tentativa de homicídio” – Pablo Marçal. Cuidado ao espirrar próximo ao Marçal, ele pode te acusar de ataque com arma biológica.
“Usaram minha cadeira” – Marina Helena, candidata à prefeitura de SP. E ainda tivemos um furto de mobiliário por motivo fútil.
“Se não sou eu ali para segurar o Datena, seria pior” – Ricardo Nunes, prefeito de SP e candidato à reeleição (MDB). Ora, segurar o Datena é fichinha para quem já trancou a cidade inteira em casa.
“A cadeirada quem levou fui eu”
José Luiz Datena, durante debate da RedeTV/UOL. Seguindo essa lógica, não teria sido o Marçal quem atacou a cadeira na base de costeladas?
“Para mim [ver a cadeirada], foi um mal-estar físico. Uma náusea comparada ao comício em que Bolsonaro chamou de ‘gripezinha’ uma epidemia que acabaria por matar mais de 700 mil brasileiros” – Rodrigo Ratier, colunista da UOL. Quando eu acho que dessa vez não, que vai ser impossível, que já seria picardia demais... eles vão lá e me surpreendem novamente!
“Errei, mas de forma alguma me arrependo” – José Luiz Datena. Quem nunca errou que atire a primeira cadeira.
“O Marçal queria a cadeira de prefeito, agora conseguiu a cadeirada do Datena” – Márcio França, ministro do Empreendedorismo. Se a cadeira do debate sofre hoje, imagine o que já não aguentou a de governador de SP...
“Convido o Datena e o Marçal, lá eu deixo brigar, no meu programa pode largar o pau, meter o braço um no outro” – Ratinho, apresentador de TV. Melhor não dar ideia, vai que o Luciano Huck chama o Boulos para "reformar” alguma casa alheia no Lar Doce Lar.
“Tirar as diferenças assim, ou de formas similares, é muito mais eficiente do que entrar com processinho” – João Pimenta, candidato à prefeitura de SP (PCO), sobre a cadeirada. Até que enfim uma proposta do PCO que é fácil de entender e pode realmente melhorar a vida da população.
“As cadeiras foram parafusadas ao chão porque ele [Datena] teve um comportamento análogo a um orangotango” – Pablo Marçal. Mas, que absurdo! Comparar um animal irracional, grosseiro e violento a um candidato a pr... imata mais simpático do planeta?
“Eu vou mandar desligar o telefone!” – Amanda Klein, mediadora do debate da RedeTV!/UOL, repreendendo Marçal e Nunes durante discussão. Desliga o telefone, e aproveita para mandar desligar os microfones também, antes que alguém se machuque – de novo.
Memória
“Inventam uma história fantástica de que está na nuvem, sei lá qual nuvem. Não entendi muito bem a história da nuvem. Estou aqui tentando apurar direitinho como é que uma coisa pode tá na nuvem. É muito simples estar na nuvem, não tem que provar. Que nuvem?” – Dilma Rousseff, em 2019. Será que descobrimos quem foi a arquiteta por trás do bloqueio furado do X?
“Sou a única pessoa que pode incendiar esse país” – Lula, em março de 2016. E a gente pensando que era só retórica vazia...
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".