“O crime organizado coloca um criminoso na presidência e depois esse presidente quer centralizar e controlar toda a polícia do país para lutar contra o crime organizado. Faz sentido?” – Gustavo Gayer, deputado federal (PL-GO). Seria como colocar a raposa para tomar conta do galinheiro e ainda instalar uma porta giratória para facilitar o acesso. Ainda bem que é um cenário completamente fictício.
“Você é mulher?” – perguntou a jornalista Sandra Coutinho ao colega Demétrio Magnoli, durante discussão sobre quem teria “lugar de fala” para analisar o voto feminino.
“Isso é uma questão profissional, eu faço a análise política de todos os setores do eleitorado” – respondeu Demétrio Magnoli.
“Você está ‘mansplaining’ para mim, né?” – disse Sandra Coutinho, contrariada. Lembrei da vez em que minha esposa me perguntou o que era “mansplaining”, e logo depois me criticou por explicar.
“Jatinho de empresário trouxe Toffoli de Roma ao Brasil” – apura Lauro Jardim, jornalista. Se a viagem fosse só de ida, não teria problema, o problema é trazer de volta.
“A Lava Jato destruiu o futuro do Brasil” – Luís Nassif, jornalista. Porém, nada que reconstruir o passado não resolva.
“Cresci em uma família disfuncional, autoritária e machista” – Paola Carosella, cozinheira feminista. E, se isso não bastasse, cheia de argentinos.
“Precisamos encontrar formas de encorajar as pessoas a deixarem o Bolsa Família e voltarem a trabalhar!” – Zeca Dirceu, filho de ex-presidiário e deputado federal (PT-PR). Parece que o Zequinha descobriu a roda e agora procura alguém para puxar a carroça.
“Após disparada do dólar, Haddad cancela viagem à Europa” – manchete da Folha de S.Paulo. Eu também odeio quando faço besteira no trabalho e o chefe cancela as minhas férias.
“O Festival Folclórico de Parintins viralizou após a participação de Isabelle Nogueira no BBB 24” – Choquei, portal de fofocas e análise política. Imagina quando descobrirem que ela celebra o Natal? Vai viralizar tanto que talvez até vire feriado.
“E a droga inunda o Brasil por quê? Porque os nossos portos e aeroportos são melhores” – Renan Filho, ministro do Transporte. É uma pena que os traficantes não prefiram usar nossas estradas, que estão mais cheias de armadilhas do que uma pista de Mario Kart.
“Lugar de bandido é na cadeia!” – Lindbergh Farias, o “Lindinho” da lista da Odebrecht e deputado federal (PT-RJ), sobre a prisão de “Dona Fátima” pelos eventos de 8 de janeiro. Lugar de bandido é onde ele quiser, ao que parece.
“Traidores do povo! Deveriam ser enforcados em praça pública!” – Leonel Brizola Neto, ongueiro, ameaçando deputados da base governista que votaram contra o pacote fiscal do governo. Esta é para quem estava com saudades da esquerda raiz, que segue incancelável.
“A esquerda virou uma coisa de elite” – Merval Pereira, jornalista. Epifanias dessa magnitude são fruto de conversão religiosa ou do consumo de caviar de beluga fora do prazo de validade.
“Atenção, Bolsonaro: a pressão virá. Aí, meu filho, será ainda pior. Você ainda não aprendeu que é assim que toca a música?” – Reinaldo Azevedo, jornalista, sobre possível recuo do STF frente à vitória de Trump. Dica de vedete veterana: sempre dance conforme a música, seja qual for a banda.
“Esse lado obscuro dele eu não conhecia” – Andressa Rodrigues, ao anunciar separação de Daniel Cravinhos, preso por assassinato dos pais de Suzane von Richthofen. De vez em quando, a realidade dá umas pauladas dessas na nossa cabeça.
“Ricardo Nunes, prefeito reeleito de São Paulo, realiza harmonização facial para ficar mais bonito” – notícia do portal Choquei. Como assim “mais bonito”?
“Queria ter a chance de dizer que errei” – João Doria, ex-governador de SP (PSDB), em carta para Lula. Com uma lista tão extensa, espero que ele não acabe escolhendo o erro errado para se desculpar.
“Não lembro do que falava” – MC Livinho compartilhando a experiência de ler o primeiro livro. Se ele ler “Cem Anos de Solidão”, vai achar que é a autobiografia de seu neurônio.
Censura póstuma
“[A decisão] não estabelece imposição de censura prévia; as obras podem ser reeditadas e continuarem sendo ofertadas ao público, desde que expungidos do seu teor os trechos incompatíveis” — Flávio Dino, ministro do STF. Não é o livro que está sendo censurado; é só o conteúdo.
“Depois eu elaboro melhor o assunto de censura a livros. Estou no meio das férias” – Felipe Neto, youtuber, evitando o assunto. Censura, nunca mais! Mas me deixa curtir as férias primeiro...
Cantinho do anão diplomático
“Brasil só será um país rico quando estiver exportando sabedoria” – Lula. Utopias à parte, já seríamos mais ricos se ele parasse de importar asneiras.
“Acho que a Kamala ganhando as eleições, é muito mais seguro para fortalecer a democracia”
Lula, sobre as eleições americanas.
“Lula erra ao declarar apoio a Kamala, não cabe a um chefe de Estado estrangeiro se posicionar abertamente sobre o processo eleitoral democrático em um outro país” – Guga Chacra, especialista da GloboNews. Talvez Lula só esteja começando a exportar sabedoria — pena que ninguém nos EUA se lembre de ter feito a encomenda.
“Tem vários que não merecem estar aqui” – Janja, sobre fotos de ex-presidentes na galeria do Planalto. Especialmente aqueles cuja foto oficial está mais para retrato falado.
“É o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara” – Lula, comentando sobre os riscos da volta de Trump, antes das eleições americanas.
“Parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória. Desejo sorte e sucesso” – Lula, depois da eleição de Trump. Tem gente que não pode ver um ditador fascista que já sai se engraçando.
“Lula é o muro de contenção do fascismo” – William de Lucca, jornalista. E é muito versátil, sendo constantemente usado como mureta de apoio.
O Superbowl da democracia
“EUA têm a Nasa, mas por que ainda votam em papel?” – pergunta o portal UOL. O que é andar na Lua comparado à tecnologia das nossas caixinhas mágicas?
“Amanhã uma mulher dará à luz a renovação de nossa Democracia” – Rob Reiner, cineasta americano, no dia anterior às eleições. Em linha com a agenda democrata, a tal renovação acabou abortada no segundo trimestre.
“Se Trump quiser retaliar governo Lula, quem perde é ele” – Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. Como dono de um poodle que não pode ver um pitbull que já começa a latir, recomendaria mantê-los longe dos cargos de confiança.
“Sim, é a imprensa” – Renato Souza, o Repórter Renato, ensinando (erroneamente) que a imprensa é responsável por apurar os votos nos EUA. É verdade, aqui na Gazeta estamos contando os votos de Maringá e Ponta Grossa.
“A vitória de Trump é um ataque aos direitos dos trabalhadores, mulheres, negros, imigrantes, ao meio ambiente e aos povos do mundo todo” – Sâmia Bomfim, deputada federal (PSOL-SP). Vai ter gordo laranja na Casa Branca, sim!
“Ninguém, no momento, sabe com precisão por que Kamala Harris perdeu. Ninguém” – Lúcia Guimarães, jornalista. Uma candidata passou a campanha inteira falando sobre aborto e pautas identitárias, enquanto o outro falou de crescimento econômico, empregos e combate ao crime. Nem Sherlock Holmes seria capaz de desvendar esse grande mistério.
Apocalypse Now
“A vitória de Trump pode gerar a maior crise humanitária do planeta. Será o último empurrão ao abismo” – alertou Marcelo Rubens Paiva, escritor.
“Apenas o fim do mundo, meu caro” – concordou Xico Sá. Já é fim do mundo na Austrália?
“Se Trump voltar a ser presidente, será o golpe de misericórdia no que resta da ordem global” – Yuval Harari, historiador israelense. Por que ele diz isso como se fosse algo negativo?
“Donald Trump impõe ao império a missão de civilizar a si mesmo” – Josias de Souza, colunista do UOL. Uma pena que nem todos possam desfrutar do avanço civilizatório que só o nosso TSE oferece.
“EUA optam pelo inferno e forçam o mundo a conviver com o diabo” – Josias de Souza, de novo. E segue o baile na sempre equilibrada imprensa brasileira.
“Vitória de Trump, derrota para a humanidade e toda a vida na Terra” – Ivan Valente, deputado federal (PSOL-SP). O azar dos EUA é não ter um PSOL para apresentar propostas razoáveis e salvar o planeta.
“Ele é, de fato, um risco para a democracia” – Míriam Leitão, jornalista, sobre Trump. Calma, respire fundo e recite o mantra: “entenda como isso pode ser bom”.
“Se TRUMP for eleito presidente, os RISCOS PARA O MUNDO são enormes” – André Janones, deputado federal (Avante-MG).
“Obrigar todos a casar” – André Janones, esclarecendo qual seria um dos maiores riscos. Obrigar alguém a casar com o Janones não viola a Convenção de Genebra?
Espelho, Espelho Meu
“Se Trump for eleito, é uma desmoralização para a democracia. É muito ruim para um país que se propõe a ser um farol da democracia, ter um presidente condenado” – Sandra Coutinho, comentarista da GloboNews. Já no Brasil, que deixou de se propor como farol de qualquer coisa, parece que ainda dá para passar um pano.
“Se você fosse um velho criminoso golpista que conseguiu se reeleger para fugir da justiça e ainda tivesse maioria no congresso e no supremo: faria um discurso inflamado ou moderado?” – Christian Lynch, cientista político, sobre discurso de vitória de Trump. Eu faria um discurso sóbrio, mas esse ser hipotético a quem você se refere, não sei se seria capaz.
Oi, Guga
“Guga Chacra não chorou ao vivo com vitória de Trump nas eleições dos EUA” – esclarece a Folha de S.Paulo no Twitter. O jornalismo de checagem de fatos está escolhendo temas cada vez mais relevantes.
“Não achava Kamala uma super candidata. Mas triste que na história presidencial dos EUA tenham sido eleitos 45 homens e nenhuma mulher” – Guga Chacra, jornalista. Depois da ótima passagem de Dilma Rousseff pela presidência do Brasil, causa espanto os americanos não seguirem o nosso exemplo.
“A capacidade de o Trump criar um clima hostil no mundo é aterrorizante” – Merval Pereira, jornalista. Justo agora, que o mundo andava tão suave.
“Não sei quem vencerá a eleição nos EUA. E não torço para nenhum deles. Quero ver a democracia fortalecida. Só isso” – Xico Graziano. É de análises com este grau de coragem e ousadia que precisamos.
A Volta Dos Que Não Foram II – O Retorno
“Diogo vai embora (ou: o fim de uma carreira inglória)” – Diogo Mainardi, jornalista, se aposentando novamente. Um descanso merecido — para o público.
“O último Manhattan Connection vai ser exibido no domingo. Depois disso, o silêncio” – Diogo Mainardi, se aposentando ainda mais. Obrigado por avisar a data, assim posso perder de propósito e não por mero acidente.
“A minha despedida do jornalismo é também uma despedida do Twitter. Volto quando tiver alguma coisa para anunciar” – Diogo Mainardi, se aposentando pra valer dessa vez. Tá bom, vai avisando então. Ou melhor, não.
Alá, meu bom Alá
“Oito acusados vão a julgamento na França por assassinato de professor que mostrou caricatura do Profeta” – manchete da CNN. Seriam seguidores de Isaías? Ou talvez Ezequiel? A manchete não esclarece de qual profeta estamos falando.
“A maioria das mulheres brancas votou em Trump. Novamente” – Mehdi Hasan, jornalista britânico de origem muçulmana, lamentando o voto das eleitoras americanas. Testemunhas, menos confiáveis do que os institutos de pesquisa, teriam ouvido o jornalista murmurar: “É por isso que nós não deixamos as mulheres votarem”.
Memória
“O dólar passa de 5 reais hoje por quê? Porque nós temos uma instabilidade política e jurídica. É um governo que não garante segurança jurídica para os investidores” – Simone Tebet, ministra do Planejamento, em junho de 2022. Demorou, mas acertou em cheio.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".