“Escolhi não ser um homem branco”, Pedro Cardoso, ator| Foto: Balão de diálogo adicionado sobre foto de Divulgação/TV GLOBO / Alex Carvalho
Ouça este conteúdo

“Se fizer olho por olho, vai ficar todo mundo cego. O caminho é o ganha-ganha” – Geraldo Alckmin, sobre guerra comercial com os EUA. Sem essa de merenda pouca, meu pirão primeiro. 

CARREGANDO :)

“Eu não tô sabendo” – Stênio Garcia, ator, surpreendendo-se com revelação de que teria um relacionamento aberto com sua esposa, durante podcast. É por isso que eu defendo o voto matrimonial impresso e auditável. 

“As fake news ganharam a guerra de narrativas sobre a Covid” – João Doria, ex-governador de SP. São essas pequenas vitórias que o animam a continuar. 

Publicidade

“Em pleno sábado, assim não dá. Pegando busão lotado... é f***” – Fiuk, cantor, reclamando no Instagram. "Quando Gira o Mundo” e o “Pai” não está por perto, Fiuk “parece um menino” de “20 e poucos anos”. Não se preocupe, tem dia da “Caça e Caçador”. Vai que você encontra sua “Alma Gêmea” no busão. 

“Beijo, Cassinha!” – Ana Maria Braga, apresentadora de TV, mandando um beijo para a cantora Cássia Eller, falecida em 2001. Ana Maria, o programa chama-se “Mais Você” e não “Nosso Lar”. 

“A Voepass usava peças precárias na manutenção para cortar custos. Isso tem nome: Capitalismo” – Yuri Moura, deputado estadual (PSOL-RJ), culpando o capitalismo por queda de avião que vitimou 62 pessoas. A vantagem do socialismo é que o avião não cai, pois nem sai do chão – isso se houver avião. 

“Seria como o Tarzan sem a Chita” – Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, sobre a Libertadores sem times brasileiros. Parece a indústria de muamba no Paraguai de Domínguez: só funciona com os brasileiros carregando nas costas. 

“Agora é guerra. 10% Felipão” – pichação da Torcida do Palmeiras, após derrota para o rival Corinthians. Quem embolsou os outros 90% Felipão? 

Publicidade

“Escolhi não ser um homem branco”

Pedro Cardoso, ator. Jogada inteligente; vai que a Netflix decide fazer um remake de “A Grande Família” com um Agostinho Carrara mais diversificado? 

“A polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”  — Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça. Perfeito, ministro! Basta seguir a jurisprudência: se prender político corrupto, traficante ou empreiteiro, o Judiciário vai se sentir na obrigação de soltar. Quer prender bem? Vá nas velhinhas com Bíblia na mão.

“Nós não tínhamos a informação de que o mesmo tinha tornozeleira eletrônica haja vista que quando ele efetuava esses roubos, ele usava calça” – João Marcelo Chagas, delegado da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba. Parece que o criminoso estava à paisana naquele dia. 

“Só a ideia de voltar aos três dias de trabalho presencial já está me deixando preocupada, elevando meu nível de estresse, afetando minha saúde e produtividade” – Luciana Frontin, funcionária da Petrobras. Ela tem razão, se trabalhando a meia-bomba já estão dando esse prejuízo todo, aumentar a produtividade seria capaz de levar a estatal à falência. 

“Imagine o que é tolerar Marina Silva 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la” – Plínio Valério, senador (PSDB-AM). Sem violência, senador. Já basta o que o PT fez com ela nas eleições de 2014. 

Publicidade

“Eu quero saber quando o Ibama e algumas secretarias estaduais vão parar de atrasar o crescimento do país?” – Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. Afinal, como é que vamos plantar amor sem desmatar umas áreas primeiro?  

“Eu acho que é muita exposição pra mim” – Any Awuada, acompanhante, que alega ter realizado programa com o jogador Neymar. É triste ver a imprensa invadindo a privacidade de pessoas tão recatadas. 

“Envergonha a classe” – Andressa Urach, ex-vice Miss Bumbum, sobre Any Awuada. Um bom indicador de que está na hora de mudar de vida é quando a Andressa Urach acha que você foi longe demais. 

“Sócrates é aquele homem que se acha o homem mais sábio do mundo” – Davi Brito, ex-BBB, em live após aula de filosofia. Tudo que sei é que eu preferia não saber disso. 

“Democracia não é palavra vã” – Cármen Lúcia, ministra do STF e poetisa amadora. Por isso ela a usa com parcimônia, diferentemente de “censura”, que já emprega com notória generosidade. 

Publicidade

“Sarney é o símbolo de matéria-prima que está faltando no mundo e no Brasil: a civilidade” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Deve ser aquela matéria-prima que aduba nossa república. 

“Dizem que o baiano é tão ágil que quando joga basquete, ele arremessa a bola na sexta e ela só cai no sábado” – João Otávio de Noronha, ministro do STJ, durante sessão do tribunal. Perguntei a um amigo baiano até quando vamos tolerar essa xenofobia. Ele disse que, pelo menos até o finzinho da tarde, porque depois do almoço ele queria tirar um cochilo. 

“Vacinas curam” – Paulinho Serra, humorista. Vacinas não “curam” – elas previnem muitos males. Mas não todos, pelo visto. 

“O Brasil veio se tornando referência em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia” – Tarcísio Gomes de Freitas, governador de SP, elogiando as urnas eletrônicas. A velocidade é tão grande que, às vezes, parece que a apuração já terminou antes mesmo de a votação começar. 

A volta da Mulher Sapiens 

“O que eu tive foi um vírus, que atinge o nervo que transmite... eu não sei o que ele transmite direito não, porque eu não sou dessa área” – Dilma Rousseff, ex-presidenta. O nervo afetado deve ser aquele responsável por transmitir ideias coerentes – e o coitado já vinha debilitado antes mesmo do vírus.  

Publicidade

“Nada é maior, igual do que ser ‘presidenta’ do Brasil. Nem presidenta da galáxia. Porque a galáxia não é o Brasil” – Dilma Rousseff. É verdade, a galáxia tem menos buracos negros per capita. 

Cantão do Exílio 

“Já passou da hora de serem estabelecidos limites para deputados e senadores” – Valdo Cruz, comentarista da GloboNews. Esses caras pensam que têm imunidade, por acaso? 

“Falta gente nas ruas contra anistia a golpistas” – Marcelo Rubens Paiva, autor de “Ainda Estou Aqui”. Devem estar todos muito ocupados nos gabinetes, redações e repartições. 

“Acabou sendo uma vitória para o STF” – Valdo Cruz, comentarista da GloboNews, após exílio de Eduardo Bolsonaro afastá-lo da Comissão de Relações Exteriores. Imagino que os eleitores desse partido devem estar realmente satisfeitos com a atuação deles na Câmara. 

“Instituições que criamos são fortes e STF é livre para julgar Bolsonaro” – José Sarney, ex-presidente, sobre os 40 anos da redemocratização. O Brasil é o país onde a Suzane Richthofen comemora o Dia dos Pais, a Elize Matsunaga comemora o Dia dos Namorados, e o Sarney comemora a robustez das instituições. 

Publicidade

“‘Com o Supremo, com tudo’, sem anistia a golpistas!” – Marcelo Rubens Paiva, homenageando frase de Romero Jucá que simbolizou o desmonte da Lava Jato.  Ainda bem que temos uma classe artística que se levanta para defender o sistema contra os ataques do povo. 

“Anistiados de 1979 são os ditadores de hoje” – cartaz de Manifestante pró-anistia. Calma lá. Só porque anistiaram guerrilheiros, sequestradores e assaltantes de banco, não quer dizer que virou festa e vamos anistiar qualquer terrorista que pichar uma estátua. 

“Pedir anistia antes de julgamento é confessar gravidade de crimes” – Gleisi Hoffmann. O Ministério das Relações Institucionais adverte: o excesso de mortadela pode causar amnésia severa. 

“Glória Perez posta foto de apoio à anistia ao 8 de janeiro e causa polêmica dentro da Globo” – manchete da Folha de S.Paulo. Deus nos livre de uma mulher com opinião própria. 

“Nós acertamos em cheio. É óbvio que se ele voltasse pro Brasil, Alexandre de Moraes ia confiscar o passaporte dele” – Lindbergh Faria, deputado federal (PT-RJ), sobre exílio de Eduardo Bolsonaro. Não se via uma parceria como a do PT com o STF desde tratado Ribbentrop-Molotov. 

Publicidade

“O Eduardo Bolsonaro diz que está fugindo de uma ditadura e da tirania. Mas isso ocorre dois dias depois de seu pai liderar uma manifestação política dentro de seu próprio país” – Octavio Guedes, comentarista político. Parece que os níveis atuais de repressão ainda não atingiram o patamar que Octavio consideraria ideal. 

“Não temos exilados políticos no Brasil” – Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados (Republicanos-PB). Até porque, por definição, o exílio ocorre fora do país. 

“Oi, Hugo Motta. Ainda estou aqui” – Rodrigo Constantino, escritor e exilado político, direto da Flórida. O nobre deputado deve estar esperando o filme sair em DVD. 

“Esta publicação de Rodrigo Constantino foi retida no Brasil em resposta a uma demanda legal” – mensagem em post de Ricardo Noblat, rebatendo Constantino e exaltando a liberdade de expressão no Brasil. Sugiro que Noblat se mude para Pyongyang, onde o X é permanentemente bloqueado, poupando-o desses constrangimentos ao exercer sua atividade. 

“Se acham que vão me calar, estão muito enganados. Eu vou continuar incomodando o sistema... de Balneário Camboriú. Tá ok?” – Renan Bolsonaro, vereador (PL-SC). Parece a história de origem do Coringa, se seu arqui-inimigo fosse o Chapolim Colorado. 

Publicidade

“O fato de que o deputado mais votado da história do Brasil foi forçado a buscar exílio nos EUA demonstra a alarmante deterioração da democracia no maior país da América do Sul” – Rich McCormick, deputado americano, ao anunciar que solicitou sanções contra Moraes e seus “cúmplices”. Quanto mais pujante a democracia, mais pungente será sua queda. 

O ovo da jararaca 

“Estou querendo descobrir onde é que teve um ladrão que passou a mão no direito de comer ovo do povo brasileiro” – Lula, sobre o mistério da alta dos preços dos alimentos. Segundo o retrato falado, o suspeito tem nove dedos e um je ne sais quoi de proxeneta. 

“Alguém tá sacaneando a galinha” – Lula. Por favor, não exponha as intimidades em público. 

“Há um aumento do consumo de ovo porque pessoas religiosas, principalmente cristãos católicos, reduzem o consumo de carne e usam o ovo como essa proteína” – Flavia Oliveira, comentarista da GloboNews. Sim, nos outros anos não existiam católicos no Brasil, por isso o preço não mudava.

“Político criminoso não pode sair impune” – Tabata Amaral, deputada federal (PSB-SP), sobre o fim da chamada Lei da Ficha Limpa. Uma declaração mais difícil de explicar do que o rombo no balanço das Lojas Americanas.  

Publicidade

“Eu quero a minha picanha e o meu café, faz o L de ladrão!” – Miguel de Souza, estudante de Crato-CE, em evento da Câmara Municipal. Dizem que Moraes já mandou apreender os cards de Pokémon do menino, e agora ele terá que frequentar aulas de democracia na hora do recreio. 

“A gente não vai permitir que a república de ladrões de celular comece a assustar as pessoas nas ruas desse país” – Lula, em um de seus comícios. Quebrando mais uma promessa de campanha para a base aliada. Depois não entende por que sua popularidade está despencando. 

Setor consular 

“O mundo se levanta contra a extrema direita” – José Guimarães, deputado federal (PT-CE). Só tenha cuidado ao levantar-se, para que os dólares não caiam da cueca. 

“O sonho americano não depende de quinquilharias baratas da China” – Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA. Já o pesadelo brasileiro segue dependendo de picanha e cervejinha. 

“Essa ideia do gênio universal de Shakespeare beneficia a ideologia da supremacia branca europeia” – Shakespeare’s Birthplace Trust, ONG responsável pela preservação da memória do escritor inglês. Sem falar da misoginia, já que nenhuma das bruxas de Macbeth fazia parte da bancada feminista no Congresso. 

Publicidade

“Gostaria de lembrar à França que é apenas por causa dos EUA que os franceses não estão falando alemão agora” – Karoline Leavitt, porta-voz de Donald Trump, respondendo a deputado francês que exigiu a devolução da Estátua da Liberdade. Um oficial do governo francês teria zombado da resposta, afirmando que não adiantou de nada, já que em breve todos lá falarão árabe mesmo. 

Memória 

“Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro” – Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Alexandre de Moraes, em mensagem de novembro de 2022, revelada pela Vaza Toga. Em resposta, Eduardo Bolsonaro teria feito o seguinte pronunciamento oficial: “Bip! Bip!”.

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".