Eis aqui algumas das manchetes sobre a tragédia africana: “A Pior Praga de Gafanhotos em Décadas Ameaça Milhões” (The Wall Street Journal), “Nuvem de Gafanhotos ‘Sem Precedentes’ Perto de Virar uma Crise” (Scientific American), “Somália Declara ‘Emergência Nacional’ por causa de Gafanhotos” (The National) e “ONU Pede Ação Internacional para Nuvem de Gafanhotos na África Oriental” (Bloomberg Green).
Essa tragédia em andamento é provavelmente causada pelo homem, de acordo com a análise de Paul Driessen, conselheiro sênior do Comitê para a Construção do Amanhã e do Centro de Defesa da Livre Iniciativa.
Driessen diz que bilhões de gafanhotos do deserto estão atacando os países da África Oriental, como Quênia, Etiópia, Eritreia, Djibouti e Somália. De acordo com a ONU, a nuvem de gafanhotos no Quênia é a pior em 70 anos e a pior em 25 anos para as demais nações da África oriental.
Gafanhotos estão destruindo plantações e ameaçando a vida de dezenas de milhões de africanos que podem perder o sustento e padecer de fome. Essas nuvens de gafanhoto podem cobrir 740 km2 e consumir mais de 180 milhões de quilos de vegetação por dia. Eles se reproduzem rápido também, o que significa que nuvens de gafanhotos por ser 500 vezes maiores em seis meses.
Os gafanhotos africanos são um fenômeno antropogênico. Organizações de desenvolvimento econômicos e ONGs promovem a “agroecologia” nos países mais pobres do mundo – uma agricultura ao estilo orgânica. Elas defendem as virtudes da agricultura de subsistência.
Agroecologia
Mas então como esses agricultores pobres lutam contra os gafanhotos? Driessen explica:
Africanos desesperados estão reagindo à praga com métodos “antiquados”: assobiando e gritando, batendo em baldes de metal, esmagando os insetos e até os assando e comendo, de acordo com os programas de nutrição aprovados pela ONU. Na Eritreia, eles estão usando métodos “mais avançados”: sprays e fumacês. No Quênia, a polícia atira com metralhadores e usa gás lacrimogênio contra os gafanhotos!
Antonio Guterres, o secretário-geral da ONU, acusou o aquecimento global pelo problema. Ele disse que há uma conexão entre as mudanças climáticas e as nuvens de gafanhoto sem precedentes que estão atacando a Etiópia e a África Oriental.
“A água mais quente dos oceanos gera mais ciclones, que por sua vez criam o ambiente perfeito de reprodução para os gafanhotos. Hoje as nuvens são grandes como cidades, e isso piora a cada dia”, disse Guterres.
A ideia de que o aquecimento global é a causa das nuvens de gafanhoto de hoje em dia é uma bobagem. As nuvens de gafanhoto foram motivo de medo e reverência ao longo de toda a história da Humanidade. Nuvens devastadores no Egito, por volta de 1.446 a. C., são mencionadas no Livro do Êxodo, na Bíblia. A “Ilíada” descreve gafanhotos ganhando os céus para escapar do fogo. Nuvens de gafanhotos também são mencionadas no Corão.
Driessen conclui:
Uma das principais causas dessa nuvem de gafanhotos na África Oriental — na verdade talvez essa seja A principal causa — é que a FAO, outras agências da ONU e ONGs ambientalistas têm promovido e imposto a “agroecologia” na África. Esse movimento extremamente politizado é contra sementes transgênicas, inseticidas e fertilizantes sintéticos, biotecnologia e até ao uso de equipamentos mecânicos como tratores! A aceitação a esses preceitos e restrições se tornou condição para que os agricultores pobres consigam sementes e assistência técnica e para que seus países e comunidades consigam empréstimos e ajuda.
Por sinal, os gafanhotos não ameaçam apenas as plantações; eles ameaçam os seres humanos de outra forma.
No começo de janeiro, um Boeing 737 que estava prestes a pousar em Dire Dawa, na Etiópia, se viu em meio a uma enorme nuvem de gafanhotos sobre o aeroporto. Os insetos foram sugados pelas turbinas. Eles se chocaram contra os para-brisas, impedindo os pilotos de verem a pista à frente.
O Boeing 737 passaram a sobrevoar a nuvem de gafanhotos. O piloto despressurizou a cabine para poder abrir a janela lateral e enxergar. Desviando a rota para o aeroporto internacional Adis Abeba, o piloto conseguiu pousar em segurança.
Walter E. Williams é colunista do Daily Signal e professor de economia na George Mason University.