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O presidente da Argentina, Javier Milei, caminha, no dia da cerimônia de abertura da Cúpula pela Paz na Ucrânia, no Buergenstock Resort em Stansstad, perto de Lucerna, Suíça, em 15 de junho de 2024.
O presidente da Argentina, Javier Milei, caminha, no dia da cerimônia de abertura da Cúpula pela Paz na Ucrânia, no Buergenstock Resort em Stansstad, perto de Lucerna, Suíça, em 15 de junho de 2024.| Foto: REUTERS/Denis Balibouse

Javier Milei está em turnê. Após viagens à Espanha, Israel e Davos, o presidente argentino recentemente viajou para o Vale do Silício, onde conversou com gigantes da tecnologia, incluindo Tim Cook, da Apple; Mark Zuckerberg, da Meta; e Sundar Pichai, do Google. Hoje em dia, é raro ver um político de direita tirando fotos com tantas figuras ilustres na notoriamente progressista área da Baía de São Francisco. Para Milei, isso significa que “o mundo está despertando para [a liberdade econômica]” como um meio de criar oportunidades amplas e de tirar os pobres da pobreza de maneira sustentável.

Enquanto estava na Califórnia, Milei fez uma palestra altamente técnica sobre seu novo livro, 'Capitalismo, Socialismo e a Armadilha Neoclássica: Da Teoria Econômica à Ação Política', em Stanford. Ele abordou a história do pensamento econômico, criticando John Maynard Keynes enquanto elogiava nomes como Adam Smith, Friedrich Hayek, Milton Friedman, Ronald Coase e Murray Rothbard — e até alguns economistas menos conhecidos como Frank Ramsey, Knut Wicksell e Angus Maddison. O líder autodeclarado libertário fez críticas amplas aos modelos econômicos, que podem se afastar muito da realidade, e aos economistas acadêmicos por usarem falhas de mercado para justificar uma intervenção governamental excessiva.

De volta à Argentina, Milei ainda tem uma batalha significativa pela frente. Ele será julgado por sua capacidade de reverter décadas de políticas peronistas e melhorar o desempenho econômico no país historicamente assolado pela inflação.

Ele já acumulou várias vitórias em políticas econômicas. A taxa de inflação ano a ano da Argentina caiu para um dígito, em maio de 2024, graças às políticas de "terapia de choque" de Milei, de desvalorizações cambiais e cortes em energia e transporte. Desde a eleição de Milei, os mercados de ações do país subiram significativamente, e seus títulos internacionais denominados em dólares atingiram novos patamares em resposta às medidas de austeridade planejadas.

A Argentina fez progressos fiscais tão significativos que o FMI desbloqueou financiamento adicional como parte de seu acordo de empréstimo condicional com o país. Na semana passada, o pacote de reformas legislativas mais significativo de Milei até agora, incluindo provisões substanciais de desregulamentação e consolidação fiscal, obteve aprovação geral no Senado argentino, mas várias peças enfrentam incertezas na câmara baixa.

A Argentina já foi um dos países mais ricos do mundo, mas as políticas estatistas de Juan Perón mudaram a trajetória do país a partir da década de 1940. Regulamentação intensa, tomada de indústrias e controles de exportação destrutivos — especialmente os sobre carne bovina — arruinaram as fortunas do país. Após décadas de tumulto econômico, o PIB per capita da Argentina agora é de cerca de $13.650 [equivalente a aproximadamente R$ 74 mil. O PIB per capita brasileiro é de R$ 48 mil, segundo o Banco Mundial].

Resta saber se Milei e o legislativo conseguirão reverter as políticas regulatórias que sufocaram áreas inteiras da economia argentina. Milei também ainda não cumpriu sua promessa de campanha de adotar o dólar americano como moeda oficial do país, uma medida tornada menos necessária pela tendência de queda da inflação.

Milei também enfrenta uma oposição política determinada a frustrar sua agenda. Ele deve se perguntar: qual é a velocidade certa para fazer reformas econômicas? Seu predecessor de 2015 a 2019, Mauricio Macri, falhou em parte porque foi muito lento e incrementalista para entregar mudanças significativas.

Milei adotou uma abordagem diferente — terapia de choque rápida bem antes de outra eleição. Reduzir os gastos do governo e desregulamentar grande parte da economia estatista sem dúvida terá um alto custo político no curto prazo. Os sindicatos na Argentina já estão em greve contra as políticas econômicas de Milei, com o efeito de interromper alguns serviços de transporte público. Alguns estudantes estão protestando contra os cortes na educação. Mas o custo político é algo que Milei pode suportar por enquanto.

Milei fez progressos significativos em direção ao seu objetivo de liberalizar a economia argentina para permitir a prosperidade humana e aliviar a pobreza. O tempo dirá se seu sucesso continuará — e levará outros países a adotar sua plataforma ousada e inovadora.

Jon Hartley é pesquisador sênior no Instituto Macdonald-Laurier, pesquisador na Fundação para Pesquisa em Igualdade de Oportunidades e doutorando na Universidade de Stanford.

©2024 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Milei’s Big Swing

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