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Esta segunda-feira, dia 28, é o Dia Internacional do Orgulho LGBT. De olho em um mercado que apenas no Brasil é estimado em mais de US$ 100 bilhões, grandes empresas passaram o mês manifestando nas redes sociais seu apoio à comunidade LGBT (sigla que se refere a pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou trangêneros). Uma das maneiras de demonstrar esse apoio é destacar nas redes sociais a bandeira arco-íris — criada na década de 70 pelo artista americano Gilbert Baker, e que se tornou o símbolo do orgulho LGBT.
Na maioria dos países do Ocidente, a partir da década de 1960, a luta pelos direitos dos homossexuais foi tomando forma e se consolidando. Hoje, a união de pessoas do mesmo sexo não é considerada crime em praticamente todos os países dos continentes americano e europeu. Paradas gays mobilizam milhões de pessoas e, claro, de dólares também.
Existem, porém, países onde ser LGBT pode ser crime e até levar à morte. É o caso de teocracias islâmicas como Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes; países que herdaram a tradição homofóbica das ditaduras comunistas como China, Rússia e outros países que fizeram parte da União Soviética, e países africanos como Nigéria e Somália. Nestes países a bandeira arco-íris das grandes empresas não tremula.
Por que, então, colocar bandeiras coloridas em países onde a comunidade LGBT goza de todos os direitos e esconder em países nos quais ela é perseguida? A Gazeta do Povo ouviu empresas que fizeram justamente isso, ostentaram a bandeira arco-íris no Ocidente, mas a ocultaram nos países citados acima. De acordo com elas, o grande motivo para não realizarem campanhas do orgulho LGBT nesses países são as restrições impostas pela legislação local.
A multinacional americana de serviços financeiros VISA explicou que a aceitação universal para todos, em todos os lugares, não é apenas promessa de sua marca, mas a base da cultura da empresa em todo o mundo. “Dentro da Visa, apoiamos a diversidade de pensamento, cultura e formação, contribuindo para eliminar os preconceitos inconscientes que nos impedem de crescer”, afirma a empresa. Mas faz a ressalva de que “cabe a cada mercado trabalhar o assunto, respeitando as particularidades de cada região e cultura”.
O mesmo foi alegado pelo grupo Grupo Daimler, do qual a marca alemã de automóveis Mercedes-Benz faz parte, que explicou que embora a empresa condene todas as formas de discriminação e encoraje o respeito a todas pessoas, por ser uma companhia global, precisa cumprir leis e regulamentos aplicáveis aos respectivos países.
A empresa também destacou que a sua campanha mês do orgulho LGBT foi global e alcançou milhões de pessoas em todo o mundo nas redes sociais, refletindo seu “compromisso com a diversidade e a inclusão”.
“Essa campanha nos ajuda a reforçar o quanto defendemos uma cultura que estima o respeito. Com a Daimler Pride, mostramos nosso compromisso com esses valores. Estamos cientes de que ainda há um longo caminho a percorrer antes que a comunidade LGBTQI+ seja totalmente aceita em todo o mundo. Como empresa, só podemos contribuir com uma pequena parte ainda, mas continuaremos a trabalhar para que mais países possam aderir essa cultura de respeito, inclusão e liberdade das pessoas poderem ser quem são.”
A fábrica alemã de automóveis BMW resumiu a posição da empresa sobre o assunto em uma nota na qual afirma que vive a diversidade, mas “cabe aos nossos respectivos mercados locais decidir se nos adaptamos ou não a esta comunicação internacional e atividade de marketing”.
A assessoria Current Global, que atende as empresas Orange e Oracle, informou estar com problemas de agenda e por isso não retornaria os contatos. Renault, Cisco, Bethesda e Lenovo foram contatadas, mas não responderam até o momento desta publicação.
Preconceito racial
Não é apenas a comunidade LGBT que é esquecida nesses países. Companhia gigante do entretenimento americano, a Disney tem trabalhado para emplacar uma visão politicamente correta e “inclusiva”, chegando a promover cursos aos funcionários sobre “privilégio branco”. Além disso, tem feito tanto uma revisão de seu catálogo — inserindo avisos sobre supostas expressões preconceituosas em desenhos antigos, como o filme Peter Pan, de 1953.
Esses valores são deixados de lado quando se trata de mostrar submissão à ditadura chinesa. Em duas ocasiões, atores negros foram censurados em pôsteres exibidos em cinemas chineses. No pôster do filme ‘Pantera Negra’, da Marvel, o protagonista Chadwick Boseman teve o rosto coberto. Já no filme ‘Star Wars: O Despertar da Força’, de 2015, o personagem Finn, representado pelo ator John Boyega, foi diminuído em relação aos outros pôsteres exibidos ao redor do mundo. A China é um dos maiores públicos consumidores de cinema hoje, e perder essa fatia de mercado pode significar bilhões a menos no faturamento de uma produção.
Questionada a responder sobre essas acusações, a Disney disse preferir não se manifestar.
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