Depois de declarar apoio aos protestos no Chile, a ativista adolescente Greta Thunberg agora busca um meio não poluente de atravessar o oceano Atlântico e chegar a Madri a tempo de participar da Conferência do Clima. Lá, ela provavelmente repetirá a retórica catastrofista de seu discurso raivoso na Cúpula da Ação Climática das Nações Unidas, em setembro.
Na ocasião, a ativista apresentou, juntamente com outros 15 jovens de diferentes países do mundo, uma denúncia contra Alemanha, Argentina, Brasil, França e Turquia. Na petição, eles alegavam que esses países violam os direitos humanos dos jovens ao não adotarem medidas adequadas contra as mudanças climáticas.
Mas o que chama a atenção mesmo é a escolha dos países. França e Argentina, por exemplo, não estão entre os 15 países que mais emitem CO2 na atmosfera. Eles estão na 18ª e 29ª posição, respectivamente, segundo a Global Carbon Atlas de 2017. De acordo com o mesmo relatório, o Brasil é apenas o 80º país em emissão de CO2 per capita.
China, Índia, Rússia, Irã e Arábia Saudita, todas nações entre as oito mais poluidoras, não foram criticadas por Greta e sua turma.
Como é medida a pegada de carbono
Todas as atividades humanas emitem gases que intensificam o efeito estufa, o que por sua vez pode danificar ecossistemas.
A queima de combustíveis fósseis, a criação de pastagens para gados e as queimadas são exemplos das atividades que mais geram esse tipo de emissões.
A chamada Equivalência em Dióxido de Carbono é uma medida internacionalmente aceita que mede o potencial de aquecimento global de todos os gases de efeito estufa.
Isso significa que é possível contabilizar a quantidade de emissões diretas e indiretas de gases que intensificam o efeito estufa a partir da produção de bens, da realização de processos e de serviços.
A pegada de carbono faz a análise a partir dos hábitos de um indivíduo, de uma empresa ou de um evento específico. A partir da análise de impacto, é possível definir estratégias para buscar a redução da emissão de gases e também estratégias de compensação.
O objetivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática é reduzir as emissões de gases que produzem o efeito estufa. Atualmente a convenção conta com 195 países signatários, isto é, que se comprometeram a apresentar periodicamente um inventário da quantidade de gases do efeito estufa que jogam na atmosfera. Além disso, esses países precisam divulgar as medidas que põem em prática para diminuir as emissões.
Mas cada país têm objetivos diferentes, de acordo com a sua responsabilidade histórica na emissão de gases estufa. Dessa forma, as nações desenvolvidas têm metas obrigatórias de redução de emissões, enquanto as regras para os países em desenvolvimento são mais amenas.
Brasil tem matriz energética limpa
Apesar de ser denunciado por Greta, e ao contrário dos grandes poluidores globais que agravam o efeito estufa com a queima de combustíveis fósseis, o Brasil tem matriz energética relativamente limpa. Ela é baseada em fontes renováveis como a água e os biocombustíveis. Os combustíveis fósseis são responsáveis por apenas 15% do total das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
As queimadas respondem por 61% das emissões do Brasil. Mas, ao contrário do que se possa imaginar, isso não é tão ruim quanto parece, porque é mais fácil para o país controlar os gases em comparação com outros países que precisam mudar sua matriz energética.
A resposta de outros países a Greta
A própria petição realizada pelos 16 jovens admite, em sua página 59, que os cinco países denunciados não são os maiores emissores de gases poluentes.
"A capacidade de influir na cooperação internacional faz com que o impacto dos demandados sobre as mudanças climáticas seja maior que sua participação real nas emissões", diz o documento.
Em resposta, o chanceler argentino Jorge Faurie afirmou que "A Argentina contamina muito pouco em termos comparativos com os demais países".
A Chanceler da Alemanha Angela Merkel defendeu na mesma conferência o “uso da inovação, da tecnologia e do dinheiro para construir um caminho para deter o aquecimento global". Ela anunciou pacote de medidas para reduzir as emissões de gases poluentes, incluindo taxas pelo "direito de poluir" de proprietários de automóveis e o incentivo de viagens de trem.
Já o presidente francês Emmanuel Macron questionou as "posições muito radicais" dos 16 jovens, afirmando que, embora útil, "o radicalismo pode antagonizar as sociedades". Além disso, ele criticou a inclusão de países como a Alemanha, que ao seu ver estão tomando medidas efetivas no combate à poluição.
Em entrevista ao jornal Le Parisien, Macron disse ainda que os jovens deveriam pressionar o governo polonês, que bloqueou negociações sobre as mudanças climáticas na União Europeia.
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