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Educação

Guerra contra o método fônico de alfabetização está prejudicando a próxima geração

Alfabetização
Elisângela Dell-Armelina Suruí, professora, alfabetiza alunos em língua indígena no município de Cacoal, Rondônia. Foto de 2017. (Foto: EFE/Beethoven Delano)

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Quando se trata do mundo da alfabetização, o método fônico tem sido considerado há muito tempo um empreendimento “político” idealizado por republicanos. Como resultado, um número crescente de programas de educação americanos agora o rejeita abertamente – em detrimento da alfabetização e dos estudantes de ensino primário e secundário em todo lugar.

Por meio do método fônico de instrução de leitura, os alunos aprendem a decodificar palavras reconhecendo os sons de letras individuais e combinações de letras em vez de se concentrarem na memorização de palavras individuais. Esse método fornece um sistema para que os estudantes usem regras para decodificar palavras que nunca viram antes. Isto aumenta a compreensão e a fluência da leitura.

A instrução do método fônico capacita os jovens a se tornarem aprendizes independentes. Isso, por sua vez, os ajuda a explorar o mundo da literatura com maior facilidade e prazer. Em última análise, o método ajuda os estudantes a desenvolverem as habilidades de leitura fundamentais que podem usar para ler textos cada vez mais complicados com maior compreensão.

Pesquisas mostram que a instrução com o método fônico melhora significativamente os resultados da alfabetização, independentemente da idade dos alunos que participam. Um estudo realizado em 2018 no Journal of Research in Reading (Revista Acadêmica de Pesquisa em Leitura) descobriu que a instrução usando este método melhorou as habilidades de leitura entre os leitores da primeira e terceira séries que anteriormente tinham dificuldades com a alfabetização. Da mesma forma, um estudo de 2019 no Journal of Educational Psychology (Revista Acadêmica de Psicologia Educacional) descobriu que o ensino básico de consciência fonológica e conhecimento de letras na pré-escola estabelece as bases para uma compreensão de leitura bem-sucedida no início do ensino fundamental. Isto é essencial, pois sabemos que alcançar a compreensão da leitura até o final da terceira série afeta significativamente o sucesso acadêmico posterior: aqueles que não são proficientes em leitura até a terceira série têm quatro vezes mais chances de não se formarem no ensino médio do que os colegas que alcançaram proficiência.

Hoje, no entanto, muitos têm absorvido a crença de que o método fônico é restritivo, “desumanizante” e até mesmo “colonizador”. É cada vez mais visto como uma ferramenta de direita em oposição aos métodos progressistas de ensino. De fato, como Nicholas Kristof escreveu recentemente no New York Times, após passar a maior parte dos anos 1980 e 1990 no exterior como correspondente estrangeiro, ele voltou aos Estados Unidos para descobrir que até mesmo a leitura tinha se tornado política: "Os republicanos endossaram o método fônico, então esperava-se que eu, como um bom esquerdista, fosse virar os olhos".

Em 2020, após várias décadas de partidarismo tribal sobre o método fônico, 72% dos professores pesquisados pela Semana da Educação disseram que suas escolas utilizam uma abordagem de “alfabetização equilibrada” ou “método global”, que não tem uma definição clara e varia muito dependendo do programa escolar. Em geral, esta “alfabetização equilibrada” se afasta do ensino sistemático do método fônico; professores de crianças do jardim de infância até a segunda série e de alunos do ensino especial do ensino fundamental relatam que gastam apenas 39% de seu tempo de instrução de alfabetização com o método fônico.

No lugar da consciência dos fonemas que este método traz, os currículos de “método global” operam em uma abordagem “de cima para baixo”, fazendo as crianças adivinharem palavras completas e confiarem em sugestões visuais. Em última instância, ensina a memorização em vez de conectar sons às letras, na expectativa de que as crianças apenas adquiram uma consciência fonêmica. Mas está provado que elas não o fazem.

Dois terços dos alunos da quarta série nos Estados Unidos não são proficientes em leitura — e já não o são há três décadas. Apesar desta dura realidade, o estigma político em cima do método fônico tem ramificações no mundo real. Por exemplo, em 2015, um grupo de professores em Oakland, Califórnia, fez campanha para descartar sua instrução de leitura baseada no método fônico em prol de uma forma mais “progressista de ensinar a leitura”. Agora, alguns desses mesmos professores querem restabelecer explicitamente os currículos baseados na leitura fônica porque a instrução experimental tem sido “um desastre completo”. O recente documentário “O Direito à Leitura” (“The Right to Read”, trad. livre) apresenta uma professora da primeira série, Sabrina Causey, que viu melhorias drásticas nas notas de leitura de seus alunos depois que ela descartou o currículo de “alfabetização equilibrada” aprovado pelo distrito escolar e implementou um programa de leitura sistemático e sequencial. Antes de ela trocar o currículo, apenas um de seus alunos podia ler no nível esperado para a idade.

O método fônico básico é, por sua própria natureza, simples e não partidário. Qualquer professor (ou pai) que tenha usado a fonética para ajudar seus filhos a aprender a ler pode atestar o quanto ela é entorpecente de seca. Mas temos deixado que o tribalismo ideológico e o medo partidário nos ceguem para uma solução de um dos mais terríveis problemas educacionais que nossa nação enfrenta. Sim, adotar o método exige que os americanos de vários pontos do espectro político engulam um pouco de orgulho para reconhecer que deixamos que nossos preconceitos políticos nos impeçam de fazer o que é objetivamente melhor para nossos filhos. Afinal, são essas crianças que estão pagando o preço por nossa teimosia.

©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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