Milhares de velas acesas durante a iluminação memorial no Antietam National Battlefield em Sharpsburg, Maryland, EUA, 03 de dezembro de 2011. Cerca de 23.000 velas foram acesas para homenagear as vítimas da Batalha de Antietam, a mais sangrenta da história americana. Dos quase 100.000 soldados envolvidos na batalha, cerca de 23.000 foram mortos, feridos ou desaparecidos.| Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS
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O demógrafo, historiador e autor Neil Howe não apenas cunhou o termo "millennial", mas também previu o futuro de uma maneira assustadora — e ele acredita que os Estados Unidos enfrentarão mares muito agitados pela frente. Ele afirma que uma guerra civil nos EUA é muito mais plausível do que a maioria das pessoas pensa e descarta as razões pelas quais os americanos costumam desconsiderar essa possibilidade.

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Em 1997, ele publicou com Bill Strauss o livro "The Fourth Turning: An American Prophecy—What the Cycles of History Tell Us About America’s Next Rendezvous with Destiny" (A Quarta Virada: Uma Profecia Americana - O Que os Ciclos da História Nos Dizem Sobre o Próximo Encontro da América com o Destino, em tradução livre, sem edição no Brasil). Nesse livro, ele sugeriu cinco catalisadores para uma grande crise — e quatro dos cinco já aconteceram.

"Um dos nossos eventos foi uma crise sobre a dívida, que resultaria em um novo movimento 'tea party'", diz Howe ao "The Daily Signal Podcast". Ele chama de "completamente aleatório o fato de termos usado essa frase", que o movimento Tea Party adotou em 2010. [Nota da tradução: o Tea Party é um movimento político conservador que surgiu nos Estados Unidos em 2009, durante a presidência de Barack Obama, e faz referência ao Boston Tea Party de 1773, protesto contra os impostos britânicos sobre o chá que entrou para a história e é considerado um dos eventos catalisadores da Revolução Americana.]

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"O outro foi um ataque com armas de destruição em massa (ADM) na cidade de Nova York", diz Howe, observando o paralelo assustador com o 11 de setembro de 2001. "Outro foi a pandemia [de COVID-19], e o quarto foi a Rússia invadindo uma ex-república soviética", como a Ucrânia.

O último potencial catalisador? "Uma crise de anulação, onde um ou mais estados realmente anulariam a regulamentação federal, o que levaria a um novo movimento de secessão", diz Howe.

De acordo com sua teoria geracional, os EUA devem esperar uma grande crise a cada 80-100 anos, e estamos prestes a outro "encontro com o destino", como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Ele chama esses períodos de "quartos turnos", e eles forçam a sociedade a criar uma nova ordem no "mundo externo" cívico cerca de 40 ou 50 anos após "despertares" que levam as pessoas a buscar ordem em seus "mundos internos" espirituais.

Por que uma guerra civil é provável

Howe observa que "a política americana assumiu esse estilo maniqueísta, onde a zona vermelha e a zona azul são tão mutuamente exclusivas em seu senso de si mesmas, em sua agenda para o futuro da nação, que mal importa quem está liderando o partido". ("Maniqueísta" refere-se à tendência de ver um lado como perfeitamente bom e o outro lado como perfeitamente mau, e remonta a uma religião mundial que surgiu com o profeta Mani nos anos 200 d.C., que ensinava que o mundo físico é mau e o mundo espiritual é bom.)

Ele cita Carl Becker, que escreveu um ensaio em 1941, “The Dilemma of Modern Democracy” [O Dilema da Democracia Moderna].

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"Quando a maior parte do que você está discutindo são coisas como a largura das calçadas e o diâmetro dos tubos de esgoto, apenas questões de coordenação, a democracia funciona muito bem", diz Howe. "Mas quando você está falando sobre questões que definem quem você é, não funciona. Ele disse que ninguém vai aceitar uma contagem de votos que vá 51% contra você."

"Você não vai desistir de tudo em que acredita só porque ficou três votos abaixo", ele explica.

Howe diz que a polarização nos EUA atingiu níveis semelhantes na década de 1770, na década de 1850 e na década de 1930.

Quando o The Daily Signal observou que a polarização americana não se alinha perfeitamente com linhas em um mapa, como na Guerra Civil dos EUA, Howe diz que a presença de cidades azuis em estados vermelhos na verdade torna o conflito mais provável.

"Um equívoco que as pessoas têm é que as guerras civis requerem lugares geograficamente separados", ele observa. "Isso não é verdade, e dê uma olhada na Guerra Civil Espanhola. Foi uma guerra brutal e horrível, e havia muito pouca contiguidade geográfica nela. ... Era como um favo de mel. A guerra civil na China foi da mesma maneira."

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Mesmo na Guerra Civil dos EUA, houve "guerras civis dentro dos estados", especialmente nos "estados fronteiriços".

"E, na verdade, seu ponto sobre cidades da zona azul dentro de estados da zona vermelha ou vice-versa é uma razão clássica pela qual as guerras civis são desencadeadas e por que nunca são resolvidas amigavelmente", diz Howe.

Problemas para o Mundo de uma guerra civil nos EUA

"Existem duas maneiras pelas quais entramos nesse quarto turno muito diferentes dos anteriores, que são preocupantes", diz Howe.

Primeiro, ele observa, "o governo está enorme ao entrar neste quarto turno", enquanto a maioria dos quartos turnos exige que o governo aumente para enfrentar ameaças existenciais.

Em segundo lugar, ele observa que "o tamanho e o poder global de nosso exército" tornam os EUA um ator central nos assuntos mundiais, então uma guerra civil nos EUA terá enormes ramificações em todo o globo.

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"Se isso exigir que nossas forças ao redor do mundo recuem por seis meses, o mundo inteiro se reformulará", ele diz. "O mundo inteiro, para melhor ou para pior, depende da nossa presença para ser o que é."

Howe também observa que durante uma guerra civil, um lado frequentemente pede ajuda externa: "Esta é uma regra em todas as guerras civis."

Então, quando a guerra civil começaria?

O The Daily Signal perguntou a Howe por que as "mini crises iniciais" de 11 de setembro, o movimento Tea Party, a COVID-19 e a guerra na Ucrânia não "pegaram fogo" e incendiaram a enorme crise existencial que define um quarto turno.

"A sobrevivência do país tem que estar em jogo", diz o autor.

"Com relação à Segunda Guerra Mundial, acho que FDR convenceu o país — foi muito persuasivo — de que não queríamos ser a única democracia restante na Terra", ele explica.

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"É assim que os incentivos funcionam", diz Howe. "Você tem que sentir que tudo está em jogo para te pressionar a fazer algo."

As coisas precisam chegar ao extremo para forçar as pessoas a se unirem e criarem uma nova ordem na sociedade. Como exatamente isso vai acontecer ainda não foi determinado.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

©2024 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Man Who Coined the Term Millennial Predicts a Civil War or World War III