A Argentina resolveu fazer uma aposta de risco nas últimas eleições: trocou Mauricio Macri, que tentava o segundo mandato, pelo kirchnerista Alberto Fernández. A lua de mel com o novo presidente não durou muito tempo. Depois de ter sido elogiado no começo da pandemia, quando adotou duras medidas de confinamento, Fernández hoje vê sua popularidade cair drasticamente.
Os motivos para a perda de apoio entre a população são vários: mesmo após obrigar o povo argentino a ficar meses trancado em casa, o país registrou uma aceleração no número de casos, e agora é o quinto com maior número de infectados, atrás apenas de Rússia, Brasil, Índia e Estados Unidos.
O confinamento, além de se mostrar inútil, abalou ainda mais a já alquebrada economia argentina. O país está em recessão desde 2018, e a taxa de pobreza chegou a 40,9% da população no primeiro semestre de 2020, com taxa de indigência de 10,5%. A título de comparação, no fim de 2019 os índices eram de 35,5% e 8%, respectivamente.
Se tudo isso não bastasse, incêndios florestais já atingiram 15 províncias do país este ano. A pior situação é a da província de Córdoba, onde a destruição é a pior dos últimos dez anos.
E, ainda mais preocupante, é a proposta de reformar o judiciário que está sendo impulsionada pela vice-presidente Cristina Kirchner. Uma das propostas é aumentar o número de juízes na Suprema Corte dos atuais cinco para nove, dando ao atual governo a chance de indicar quatro juízes.
Estaria a Argentina passando por um processo de venezuelização, com a instrumentalização do judiciário e empobrecimento de seu povo? Os colunistas da Gazeta do Povo Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza recebem João Alfredo Lopes Nyegray, advogado formado em Relações Internacionais e coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo, para debater o tema.
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