Submetidos à doutrinação em cursos sem perspectivas de futuro, os jovens norte-americanos são presa fácil para socialistas como Bernie Sanders.| Foto: Josh Edelson/AFP

“Socialista” já deixou de ser um xingamento macarthista.

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Ao contrário, o novo “esquadrão” de congressistas recém-eleitas atreladas às políticas identitárias – Ilhan Omar, Alexandria Ocasio-Cortez, Ayanna Pressley, e Rashida Tlaib — costumam ou dizer que são socialistas ou expressar ideias socialistas. Uma pesquisa recente mostrou que cerca de metade dos chamados millennials gostariam de viver num país socialista.

Há cinco anos, o septuagenário senador Bernie Sanders era considerado um socialista irrelevante e solitário no Senado dos Estados Unidos – a contribuição de Vermont à esquisitice política. Mas, em 2016, o improvável sucesso de Sander nas primárias norte-americanas quase derrubou Hillary Clinton, mesmo com os governos socialistas implodindo ou estagnados ao redor do mundo.

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Depois que Clinton perdeu para Donald Trump na eleição geral de 2016, Sanders voltou, agora concorrendo como um socialista, prometendo quantidades ilimitadas de coisas gratuitas e tendo essas promessas repentinamente levadas a sério.

Sanders, assim como os membros do esquadrão, têm poder político limitado. Mas a influência entre as celebridades e redes sociais desses novos socialistas tem aumentado – sobretudo no clima atual de transformações radicais na vida econômica e política do século XXI.

Note a surpresa com que a derrota de Clinton em 2016 foi recebida, a fúria dirigida contra Trump e a repentina crítica progressista à administração de Obama, considerada contemporizadora, fraca e ineficiente. Há outros fatores menores que explicam por que nas pesquisas atuais o socialista é tão bem visto entre os jovens norte-americanos.

Os norte-americanos universitários devem juntos cerca de US$1,5 trilhões em débitos estudantis. Muitos desses devedores se desesperam por terem de pagar somas enormes.

A anistia da dívida é uma causa socialista antiga. A ideia de começar do zero atai aqueles que se sentem “oprimidos” pelos empréstimos estudantis.

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Uma força multiplicadora da dívida é o fato de muitos estudantes fazerem empréstimos para estudarem cursos irrelevantes. Esses diplomas geralmente oferecem poucas oportunidades de empregos com salários altos o suficiente para que o aluno pague sua dívida.

A globalização assimétrica nos últimos trinta anos criou níveis de riqueza entre a elite jamais vistos na história da civilização. Além dessas disparidades, o comércio “livre”, mas injusto, sobretudo com a China, mas também com a União Europeia, Japão e Coreia do Sul, prejudicaram o interior dos Estados Unidos, empobrecendo e diluindo uma classe média antes sólida.

O livre comércio distorcido e a pirataria chinesa, e não o capitalismo de livre mercado per se, empobreceram milhões de norte-americanos.

Muitos jovens que se dizem socialistas só estão com raiva porque não podem comprar uma casa, um carro novo ou coisas boas em seus bairros urbanos “socialmente conscientes”.

Em geral, os norte-americanos se tornam mais autossuficientes e desconfiados do Estado à medida que envelhecem. Entre as razões para esse conservadorismo estão o casamento, os filhos, a casa, a vida num subúrbio, numa cidadezinha ou numa região agrícola.

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A juventude de hoje está se casando mais tarde. A maioria tem poucos filhos – quando tem. Adultos com vinte e poucos anos não compram casas com a mesma rapidez e facilidade do passado. Eles se concentram em centros urbanos de cidades costeiras de grande ou médio porte como Boston, Nova York, Portland, San Francisco e Seattle — mas geralmente em empregos sem futuro que lhes pagam apenas o bastante para sobreviver e aproveitar os confortos do estilo de vida da moda na cidade grande.

Esses são os ingredientes de uma cultura que dá ênfase ao “eu”, que culpa os outros por uma sensação de fracasso pessoal e que quer justiça social instantânea.

Por fim, as escolas e universidades substituíram os estudos econômicos, históricos e políticos empíricos pela doutrinação de raça, classe e gênero.

Poucos dos jovens ativistas do antigo movimento Occupy Wall Street e poucos dentre os atuais guerreiros urbanos do movimento Antifa conhecem os “socialistas do século que eram, na verdade, comunistas durões. O ditador cambojano Pol Pot, o tirano soviético Josef Stalin e o líder revolucionário chinês Mao Tsé-tung mataram milhões de pessoas entre seu próprio povo.

Os estudantes de hoje romantizam Che Guevara e Fidel Castro porque desconhecem a carreira sangrenta deles. O governo Castro, por exemplo, por mais de meio século foi responsável pelo assassinato de cubanos e latino-americanos, num esforço para consolidar o “socialismo” cubano em toda a América Latina.

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Como nossas escolas e universidades não lecionam economia e história sem viés ideológico, milhões de jovens não têm ideia do porquê de os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão terem se tornado países ricos e estáveis ao aceitavam o capitalismo de livre mercado e o governo constitucional.

Poucos aprendem por que nações ricas em recursos naturais, como a Argentina, Brasil, México e Venezuela – ou regiões como a América Central, o Leste Europeu e o Sudeste Asiático – são atrasadas por conta de anos de destrutivo planejamento centralizado, economia socialista e governos comunistas coercivos.

A ignorância do passado e do presente sempre esteve a serviço dos regimentos socialistas fracassados. E isso serve também para os jovens norte-americanos universitários e recém-formados (mas também econômica e historicamente analfabetos).

Victor Davis Hanson é classicista e historiador na Hoover Institution da Universidade de Stanford.

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