Dois dias depois de um atirador matar 26 pessoas em uma pequena igreja batista em Sutherland Springs, Texas, um pastor em uma igreja em Tampa Bay se manifestou no Instagram. O pastor sênior Rodney Howard-Browne da igreja River at Tampa Bay Church postou uma foto de uma das placas nas portas da sua igreja:
“Nós temos armamento pesado – qualquer tentativa será respondida com força mortal – sim, nós somos uma igreja e iremos proteger o nosso povo”.
As placas na igreja não-confessional de 21 anos têm cerca de um ano de idade, mas ganharam atenção nacional nas redes sociais após a postagem de Howard-Browne ter sido disseminada pela mídia nas semanas após o tiroteio em Sutherland Springs. A postagem recebeu tanto elogios quanto críticas.
“É muito triste que seja necessário portar armas e ficar alerta para assassinos enquanto manifestamos a nossa fé. É nosso direito e nosso dever nos proteger e proteger os outros – mesmo na igreja”, comentou o usuário no Instagram dorothea6111.
“Ótimo! Eu tive a mesma ideia na minha igreja”, comentou outro usuário no Instagram, gerswhin75.
“Para aqueles que estão chocados com isso – Deus irá proteger o seu povo, mas Ele espera que façamos a nossa parte. É por isso que usamos cintos de segurança, ou capacetes... assim como as outras pessoas. Nós fazemos a nossa parte, deixe Deus fazer a parte dele.”
Alguns funcionários estaduais e federais pediram medidas de segurança maiores em templos religiosos nas semanas após o massacre em Sutherland Springs, onde um civil armado reagiu com tiros ao atirador, Devin Patrick Kelley. Houve mais de uma dezena de tiroteios fatais desde 2012 em templos religiosos nos Estados Unidos, de acordo com a Associated Press. Líderes religiosos dizem que as igrejas são locais particularmente vulneráveis.
Muitos dos 1,2 a 1,3 mil membros da River at Tampa Bay Church têm armas e estão preparados para usá-las, se necessário, segundo o pastor associado, Allen Hawes, afirmou ao jornal Tampa Bay Times. Hawes, que faz parte da igreja há 15 anos, tem uma licença de porte de arma oculta, segundo disse ao jornal. A igreja também oferece aulas para a obtenção de licença para armas ocultas, segundo ele.
“É uma forma de intimidação”, disse ele ao Tampa Bay Times. “Veja o que está acontecendo. Nos últimos dois meses, veja o que aconteceu no Texas. Veja o que aconteceu em Las Vegas. Como somos uma igreja que aparece na televisão, nós somos muito envolvidos com a comunidade. Queremos que as pessoas saibam que essa é uma área segura.”
Leia também: O massacre em Las Vegas e o direito ao porte de armas
Hawes disse que a igreja segue de perto os crimes locais, incluindo os homicídios não solucionados de quatro pessoas em um bairro de Tampa.
“Eu acredito que coletivamente nós prestamos muita atenção”, disse Hawes ao Tampa Bay Times.
“Veja o caso de Seminole Heights. Alguém está matando pessoas. Isso acontece o tempo todo. Esperamos outro massacre acontecer para tomar precauções?”
Outros pastores, como o pastor batista Jack Graham, dizem que é mais importante que todas as igrejas – grandes ou pequenas – tenham um procedimento de segurança em caso de tiroteios.
“Nós vivemos uma época muito perigosa”, disse Graham, conselheiro evangélico do presidente Donald Trump, no Twitter. A sua megaigreja em Plano, Texas, está se preparando para receber líderes religiosos para um treinamento de segurança, segundo ele, no começo deste mês.
O promotor geral do Texas, Ken Paxton, do Partido Republicano, disse à Fox News, logo após o massacre, que as autoridades não são capazes de deixar as armas longe de quem tem a intenção de desobedecer à lei. Leis de porte de armas ocultas, porém, podem permitir que cidadãos armados impeçam um atirador antes que as autoridades cheguem à cena do crime.
“Nós temos tiroteios em igrejas há muito tempo”, disse à Fox News o promotor geral, que já foi defensor de leis de porte de armas ocultas.
“Isso acontecerá novamente, então precisamos que as pessoas nas igrejas, seja segurança profissional ou pelo menos alguns párocos ou a congregação, estejam armados para que possam responder quando algo assim acontecer novamente.”
Mas Manny Garcia, vice-diretor executivo do Partido Democrata no Texas, criticou os comentários de Paxton.
“Algo está muito errado quando membros eleitos do governo sugerem que ficaremos a salvo somente se tiver um arsenal nas igrejas”, disse ao jornal Dallas Morning News. “O Texas merece mais do seu chefe oficial da lei do que inação e ignorância. A resposta para uma violência armada horrível não é mais do mesmo. Deus sabe que nós já tivemos muito disso.”
Na River at Tampa Bay Church, o pároco Julian Sutton disse à ABC Action News que apoia as medidas de segurança de Howard-Browne e de outros líderes.
“As pessoas estão em um momento em que deveriam se sentir seguras”, disse Sutton. “Saber que temos pessoas que portam armas, na ocasião de algo acontecer, que isso poderia ser impedido.”
Howard-Browne, que foi para a Flórida Road, na África do Sul, há quase trinta anos como missionário, estava entre um grupo de líderes evangélicos que se reuniram com Trump no Salão Oval em julho deste ano e colocou as mãos sobre ele enquanto ele curvou-se em oração. Trump levou os líderes em um tour pelas suas alas privadas da Casa Branca antes de anunciar uma ordem executiva de liberdade religiosa.
Howard-Browne postou fotos do encontro no Instagram e escreveu em uma postagem no Facebook que foi pedido que ele orasse por Trump. O pastor pediu a Deus por “sabedoria, orientação e proteção sobrenatural”, segundo ele.
“Uau – nós iremos ver outro grande despertar espiritual”, escreveu.
Howard-Browne não respondeu ao pedido de comentários.
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