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A visão de milhares de jovens em Londres celebrando os massacres cometidos pelo Hamas em Israel, compreensivelmente, fez o sangue de muitas pessoas gelar. Os manifestantes se regozijaram não apesar da brutalidade do que foi feito, mas por causa dela.
O que os celebrantes devem ter acreditado para celebrar dessa forma? Era impossível que estivessem desinformados sobre alguns detalhes do que o Hamas havia feito; tampouco negaram a realidade dessas atrocidades. Se o Hamas tivesse apenas enviado foguetes para Israel que destruíssem alguns, ou mesmo muitos, prédios, não haveria a mesma comemoração. Foi a brutalidade e sadismo — os bebês decapitados ou queimados — que fizeram a diferença e foram a causa de tanto prazer e alegria.
Um amigo que passou muitos anos conversando com apoiadores de língua árabe da causa palestina no Reino Unidos (ele é tradutor profissional) me disse que não ficou nem um pouco surpreso com as celebrações. Os apoiadores há muito tempo tinham o que poderia ser chamado de uma imaginação genocida. A aniquilação de uma população, e não a vitória sobre um estado, era a solução que sonhavam.
Há muito tempo existe uma tendência em alguns círculos intelectuais de acreditar que a justiça de uma causa deve ser proporcional até onde as pessoas estão dispostas a ir para promovê-la. Apenas pessoas muito desesperadas, argumenta-se, fariam essas coisas; portanto, uma vez que fazem essas coisas, devem estar desesperadas.
A verdade é outra. Como um dos genocídios mais eficientes da história — o dos tutsis em Ruanda em 1994 — provou, o genocídio pode ser divertido. As pessoas em Ruanda caçavam e matavam seus vizinhos e depois passavam as noites celebrando, fazendo festas, cantando e dançando. Estavam felizes com o trabalho do dia e mal podiam esperar para recomeçar. Na verdade, foi a melhor época de suas vidas.
O apoio intelectual no Ocidente à União Soviética estava no auge quando o regime estava no seu pior. Suas atrocidades eram conhecidas e óbvias. Foi apenas quando a União Soviética moderou sua repressão e parecia ter perdido a coragem de sua brutalidade que o apoio a ela no Ocidente diminuiu. Moscou já não era um modelo para intelectuais que consideravam digno de imitação uma vez que alcançaram o poder. Tornara-se cinza e banal em vez de vívido, excitante e utopicamente experimental.
Alguns anos após a queda da junta argentina, que não era estranha à brutalidade sadista, um livro foi publicado com o título 'Nunca Más', uma investigação sobre o número de pessoas "desaparecidas" pela junta. Um título melhor, talvez, poderia ter sido 'Siempre Más', ou 'Sempre de Novo', pois a ideia de que a crueldade em massa foi banida para sempre do repertório humano é tão ilusória quanto a esperança de que tenhamos acabado com bolhas no mercado de ações.
O exemplo mais recente da atração da crueldade genocida em massa, não apenas para os perpetradores, mas também para os corações e mentes de um grande número de pessoas, é mais arrepiante do que o normal. Como sempre, os bárbaros estão dentro dos portões. A França acabou de proibir manifestações pró-palestinas em seu solo, e o Reino Unido provavelmente seguirá o mesmo caminho. No entanto, por mais justificada que seja essa medida, ela não é exatamente um voto de confiança na decência fundamental do que se tornou uma parte significativa da população.
Theodore Dalrymple é editor contribuinte do City Journal, membro sênior do Manhattan Institute e autor de vários livros.