Durante quatro anos, ouvimos falar que o presidente Donald Trump era uma ameaça à liberdade de imprensa.
O Washington Post expressou toda a sua coragem falsa ao adotar o slogan “A Democracia Morre no Escuro” no alto de sua página. A CNN começou a veicular comerciais sobre fatos serem fatos e maçãs serem maçãs, e não bananas (a não ser se as maçãs se identificarem como bananas). O New York Times promoveu sua suposta ousadia jornalística ao cobrir a administração de Trump.
Esses quatro anos se seguiram a oito anos durante os quais o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tratava a imprensa como seu cachorrinho de estimação. Ele dava aos jornalistas biscoitinhos; os jornalistas lambiam as mãos dele. Ele às vezes os disciplinava; os jornalistas aprenderam a ficar em silêncio. Obama mandava que eles latissem sob suas ordens; eles obedeciam.
Na Era Obama, os escândalos eram contados com discrição; o abuso de poder era retratado como um subproduto inevitável da intransigência dos republicanos; e os oponentes políticos de Obama eram tratados como rescaldos deploráveis do preconceito histórico.
Com a consagração de Joe Biden como presidente eleito prepara-se para sentir um déjà vu.
Sendo justo, a submissão da imprensa em relação a Biden ficou clara já na eleição. Trump era mostrado como o único fator no aumento dos casos de Covid-19 no país todo. Foram gastos barris e barris de tinta falando do suposto apoio dele a supremacistas brancos. Resmas e mais resmas foram gastas para dizendo que Trump era uma ameaça à legitimidade eleitoral.
Biden, enquanto isso, respondeu a poucas perguntas difíceis durante a campanha. Na verdade, quando o New York Post publicou uma matéria sobre um laptop supostamente de propriedade de Hunter Biden — e-mails e textos que deixam clara a possibilidade de que Joe Biden soubesse das atividades nefastas de Hunter Biden em seu nome — a imprensa imediatamente correu para abafar a história.
A NPR anunciou que não cobriria o caso, sendo que o editor-executivo Terence Samuel disse: “Não queremos desperdiçar nosso tempo com histórias que não são histórias de verdade, e não queremos desperdiçar o tempo dos nossos ouvintes e leitores com histórias que são apenas distração”.
As redes sociais saíram rapidamente em defesa de Biden. O Twitter baniu a conta do Post durante semanas e o Facebook anunciou que limitaria a distribuição da história.
Poucas semanas depois da eleição, surgiu a notícia de que Hunter Biden está sob investigação federal desde 2018. Agora a imprensa acha certo cobrir as atividades de Hunter Biden — mas somente no sentido de que as atividades dele podem ser um problema para a administração do pai.
Enquanto isso, a imprensa corre para defender Jill Biden das acusações supostamente cruéis de um articulista do Wall Street Journal que disse, corretamente, que ela deveria deixar de usar o título de “doutora”, já que tem apenas um doutorado em educação pela Universidade de Delaware.
Essa ideia simples foi vista como um paroxismo pelos suspeitos de sempre, muitos dos quais a consideraram machista.
Por isso não é de se surpreender que, depois do discurso de Joe Biden após a vitória no Colégio Eleitoral, ele se irritou com o repórter Peter Doocy, da Fox News, por lhe perguntar sobre Hunter Biden. “Obrigado pelos parabéns”, disse o supostamente fraterno Joe Biden com sarcasmo. “Admiro isso”.
Não era função de Doocy parabenizar Biden. O trabalho dele era fazer a Biden perguntas difíceis. Mas é possível perdoar Biden por ter se enganado. Afinal, a imprensa passou anos demonstrando que é o departamento de relações públicas do Partido Democrata e que os jornalistas não agem como guardiões da verdade, como dizem ser.
Ben Shapiro é apresentador do "Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.