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A empresa-mãe da icônica marca de uísque americana Jack Daniel’s está eliminando seus programas progressistas no local de trabalho após um ativista conservador se preparar para lançar um boicote contra a empresa.
O conglomerado americano de bebidas destiladas Brown-Forman, proprietário da Jack Daniel’s e de outras marcas conhecidas, recentemente enviou um memorando interno anunciando seu plano de interromper iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) e encerrar sua relação com um ranking corporativo de empregadores amigáveis à comunidade LGBT.
A Brown-Forman é a quarta empresa com uma clientela conservadora a abandonar suas iniciativas de esquerda no local de trabalho nas últimas semanas, juntando-se à Harley-Davidson, John Deere e Tractor Supply. As três empresas agiram após pressão online iniciada pelo ativista de direita Robby Starbuck, que disse na rede X que estava planejando direcionar suas ações para a Jack Daniel’s em seguida.
"Agora estamos forçando organizações multibilionárias a mudar suas políticas sem sequer postar, apenas pelo medo que têm de ser a próxima empresa que expomos," disse Starbuck em uma publicação compartilhando o memorando interno.
O memorando da Brown-Forman explica por que a empresa não mais vinculará a compensação aos objetivos de DEI, participará do índice de igualdade corporativa da Human Rights Campaign, ou tentará fazer parcerias com fornecedores diversos.
"Desde então, o mundo evoluiu, nosso negócio mudou e o cenário legal e externo mudou dramaticamente, particularmente nos Estados Unidos," lê-se no memorando interno.
"Com essas novas dinâmicas em jogo, devemos ajustar nosso trabalho para garantir que continue a gerar resultados comerciais, ao mesmo tempo em que reconhecemos adequadamente o ambiente atual em que nos encontramos."
A Brown-Forman foi uma das muitas corporações a adotar iniciativas progressistas no local de trabalho nos últimos anos, com muitas empresas buscando provar suas credenciais progressistas durante os protestos do Black Lives Matter há quatro anos. As ações da Brown-Forman mal se moveram após a postagem de Starbuck, um sinal de quanto o ativismo corporativo diminuiu depois que o momento progressista de 2020 finalmente desapareceu.
Uma pesquisa Gallup realizada no início deste ano revelou que apenas 38% dos americanos acreditam que as empresas devem tomar posições sobre eventos atuais, uma queda de dez pontos percentuais em relação a 2022, quando o número estava próximo da maioria. O apoio ao ativismo corporativo caiu 22 pontos percentuais entre os democratas e 27 pontos entre os asiático-americanos, as mudanças mais dramáticas nos últimos dois anos.
Organizações conservadoras — especialmente a America First Legal [Nota da tradução: America First Legal (AFL) é uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos, fundada em 2021 por Stephen Miller, ex-assessor sênior do presidente Donald Trump] — têm se tornado mais agressivas em ajuizar processos contra empresas que se envolvem em ativismo corporativo e alegada discriminação contra vários grupos demográficos.
Em 2023, os conservadores realizaram um boicote que durou meses contra a Bud Light depois que a marca de cerveja fez uma parceria com a influenciadora transgênero Dylan Mulvaney em um anúncio nas redes sociais. Mulvaney é uma influenciadora online bem conhecida que anteriormente entrevistou o presidente Joe Biden.
O boicote à Bud Light prejudicou significativamente as vendas da marca e as vendas de outros rótulos sob o guarda-chuva da Anheuser-Busch. Para reconquistar os clientes conservadores, a Bud Light fechou inúmeras parcerias publicitárias com marcas e celebridades conhecidas na América conservadora, como o Ultimate Fighting Championship e o astro do NFL Travis Kelce.
©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Jack Daniel’s Parent Company Ends DEI Programs to Prevent Potential Boycott