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Oprah Winfrey durante a Convenção Nacional Democrata, realizada em Chicago no último mês de agosto.
Oprah Winfrey durante a Convenção Nacional Democrata, realizada em Chicago no último mês de agosto.| Foto: EFE/EPA/Caroline Brehman

“Os nomes vão chocar vocês”, disse, nesta semana, o advogado americano Tony Buzbee, referindo-se às pessoas que acobertaram, ao longo dos anos, os crimes cometidos pelo rapper e magnata da mídia Sean “Diddy” Combs

Diddy é acusado, entre outras ilegalidades, de liderar uma rede de tráfico humano que fornecia homens e mulheres (incluindo menores de idade) para orgias frequentadas por celebridades. E, segundo Buzbee, representante de 120 vítimas do artista, uma longa relação de cúmplices será revelada em breve. 

Desde a explosão do escândalo, há três semanas, o público e a imprensa especulam sobre quem são os famosos envolvidos no caso (ou que, no mínimo, sabiam dos podres de Combs e nunca o denunciaram). Afinal, suas famosas e animadas festas eram prestigiadas por boa parte da elite artística e empresarial americana.

Uma das figuras citadas nessas listas costuma ser criticada justamente por se manter em silêncio quando seus amigos estão na berlinda: Oprah Winfrey

Atualmente em franca campanha para eleger a democrata Kamala Harris à presidência dos EUA, a apresentadora bilionária também é conhecida por ignorar o que prega para proteger os aliados.

Divulgadora ferrenha das pautas identitárias, especialmente as de cunho feminista, Oprah tem vários “camaradas” que já foram acusados, ou até mesmo condenados, por má conduta sexual. No entanto, ela incrivelmente sempre dá um jeito de driblar esse tipo de crise e permanecer como personificação da agenda woke.

Seu círculo de amizades inclui, por exemplo, o ex-presidente de Bill Clinton, de quem nunca se afastou – nem no auge da exposição de seu caso extraconjugal com a estagiária Monica Lewinsky, no final da década de 1990. 

Mas a história de Clinton é fichinha perto dos abusos monstruosos cometidos por outros homens próximos da apresentadora. Como o produtor de cinema Harvey Weinstein, preso em 2018 sob a acusação de estuprar duas mulheres e assediar outras 80. 

Na ocasião, artistas como o cantor Seal e a atriz Rose McGowan postaram mensagens em suas redes sociais insinuando que Oprah, muito ligada a Weinstein, sabia de seu comportamento perverso.

“Estou feliz por mais pessoas estarem vendo a horrível verdade sobre Oprah. Ela se preocupa em apoiar uma estrutura de poder doentia para ganho pessoal. É tão falsa quanto parece”, disse McGowan. A mobilização de parte da classe, no entanto, não passou muito disso.

Ainda em 2018, o “curandeiro” brasileiro João de Deus, promovido em seu programa quase como um enviado de Deus à Terra, igualmente caiu em desgraça. Visitado por Oprah no interior de Goiás, em 2012, o charlatão foi condenado por violência sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. Suas penas chegam a quase 500 anos de reclusão.

Russel Simmons, criador da pioneira gravadora de rap Def Jam, é outro “brother” de Winfrey apontado como estuprador por pelo menos três vítimas. Em 2017, ele fugiu para Bali, onde abriu um hotel e vive até hoje. 

Simmons é o personagem central do documentário ‘On The Record: A Verdade Vem À Tona’ (2020), produzido pela Apple TV+ e que teria a apresentadora como uma das produtoras (ela havia acabado de assinar um contrato de parceria com o serviço de streaming). 

Oprah, no entanto, anunciou seu afastamento do projeto um mês após o início dos trabalhos, alegando “diferenças criativas” com a dupla de diretores. Mais tarde, a própria Apple acabou vendendo os direitos do filme para a HBO. 

Aliás, a colaboração de Winfrey com a companhia terminou no final no setembro. Antes disso, porém, ela comprou os direitos de outro documentário da plataforma, sobre sua vida, que seria apresentado em breve. 

O objetivo? Engavetar para sempre a exibição do filme, cujo resultado não a deixou satisfeita.

Ícone da cultura woke, Oprah costuma ignorar o que prega para proteger seus aliados.
Ícone da cultura woke, Oprah costuma ignorar o que prega para proteger seus aliados. (crédito: EFE/EPA/Allison Dinner)

Oprah foi incluída na lista de personalidades relacionadas ao “Caso Epstein” 

O inventário de amigos controversos de Oprah Winfrey continua com o palestrante motivacional Tony Robbins, convidado de quase uma dezena de edições de seu programa. 

Em maio de 2019, o site BuzzFeed publicou uma reportagem com acusações de assédio contra ele feitas por fãs e ex-membros de sua equipe. Meses depois, o veículo voltou a noticiar mais uma carga de denúncias, que incluíam o abuso de um adolescente na década de 1980. 

Robbins entrou com uma ação judicial contra a empresa de mídia e exigiu a retirada das matérias do ar – o que o veículo se recusou a fazer. Em 2022, as duas partes chegaram a um acordo cujos detalhes não foram divulgados, e o coach retirou o processo.

No início deste ano, o nome de Oprah apareceu na lista de personalidades públicas citadas em documentos judiciais referentes ao financista Jeffrey Epstein. Cabeça de um esquema de tráfico sexual e exploração de menores, ele foi preso em julho de 2019 e encontrado morto em sua cela, enforcado, no mês seguinte.

Segundo a imprensa americana, Winfrey não era necessariamente uma “cliente” dos serviços oferecidos por Epstein. No entanto, tinha alguma amizade com ele e pode ter viajado em um de seus aviões.

Voltamos então a Diddy, com quem a apresentadora já foi vista se divertindo em vários eventos e premiações de Hollywood.

Ela ainda não se pronunciou publicamente sobre ocaso, mas certamente manterá a postura adotada em situações anteriores semelhantes: vai se mostrar horrorizada e jurar de pé junto que não sabia das atitudes do amigo. 

Também oferecerá apoio às vítimas, para assegurar seu papel de promotora da justiça e ícone woke – uma cultura que, mais uma vez, se revela embutida de hipocrisia e moral seletiva.

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