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Aplicativos de entrega, iFood, Uber Eats
Trabalhador faz entrega do aplicativo Uber Eats em Santiago, no Chile, fevereiro de 2023.| Foto: EFE/ Elvis González

Durante anos, Gary Lardizabal sustentou-se entregando comida na região metropolitana de Seattle, no noroeste dos EUA. Mas ele diz que uma nova lei que entrou em vigor em janeiro está colocando seu meio de vida em risco. A lei, que foi projetada para aumentar o pagamento dos motoristas de entrega de comida, resultou em um colapso dos pedidos.

"Não consigo pagar o aluguel. [Os pedidos] caíram de 30 a 40%", disse Lardizabal a uma estação de rádio local. "Isso não é um salário digno; é um salário de fome."

A legislação à qual Lardizabal se referia é a PayUp, uma lei de 2022 aprovada por unanimidade pelo Conselho Municipal de Seattle que tinha como objetivo garantir aos motoristas de aplicativos um "salário digno" ao mandar que os motoristas ganhassem 74 centavos por milha percorrida e 44 centavos por minuto, ou um mínimo de cinco dólares (R$ 26) por pedido.

Infelizmente, mas talvez sem surpresa, a lei foi acompanhada por graves consequências não intencionais.

Embora a lei tenha aumentado o salário mínimo dos trabalhadores de entrega para cerca de 26 dólares por hora (R$ 134, sem contar as gorjetas), serviços de entrega como DoorDash e Uber Eats responderam aumentando os preços; uma taxa de cinco dólares foi adicionada a todos os pedidos feitos através dos aplicativos.

O resultado foram estimados 300.000 pedidos a menos, de acordo com o DoorDash, o que levou a uma perda de receita de sete milhões de dólares (R$ 36 milhões) para os negócios da área, sem mencionar a perda de renda para os motoristas.

"Está dolorosamente claro, ouvindo os entregadores, comerciantes e consumidores, que essa nova lei simplesmente não está funcionando", disse o DoorDash em um comunicado reproduzido pela emissora Fox 13.

Alguns legisladores municipais céticos estão exigindo ver os dados do DoorDash. Mas as métricas da empresa não são a única evidência que existe.

A revista Fortune recentemente perfilou Tony Illes, um motorista de entrega de comida de 30 anos que aparentemente estava se dando muito bem — 10.000 entregas nos últimos quatro anos, por sua contagem — até que a lei entrou em vigor. Foi quando os negócios secaram, e Illes se viu esperando cinco ou seis horas por apenas um pedido do Uber Eats.

"A demanda estava morta", disse Illes, que contou à Fortune que abandonou completamente os aplicativos de entrega de comida e tornou-se independente.

Temos também os negócios de Seattle. Muitos restaurantes relataram quedas massivas nas vendas para entrega.

"Já vimos uma queda de quase 50% nas vendas por aplicativos de entrega de terceiros", disse Tonin Gjekmarkaj, dono de uma padaria albanesa local chamada Byrek & Baguette.

Enquanto alguns membros do Conselho Municipal de Seattle continuam exigindo mais provas de que a lei está tendo um efeito contrário, outros parecem ter admitido que a lei é um fracasso.

O periódico Puget Sound Business Journal relatou que a presidente do Conselho Municipal de Seattle, Sara Nelson, já ordenou que a equipe elabore uma proposta para alterar a lei.

"Acredito que criamos um problema e é nossa responsabilidade corrigi-lo", disse Nelson.

É ótimo ver Nelson reconhecer o erro do conselho e reconhecer o dano que sua nova lei está causando. No entanto, todo esse episódio infeliz poderia ter sido evitado se os membros do Conselho Municipal de Seattle tivessem um entendimento mais sólido de economia básica.

Controles de preço e salário têm falhado há milhares de anos, mas isso não impediu reis, imperadores e governantes democraticamente eleitos de impô-los. (Embora os Estados Unidos tenham imposto controles de preço em várias épocas, controles de salário são muito mais comuns no país.)

Enquanto alguns trabalhadores podem se beneficiar de uma lei de salário mínimo, outros serão prejudicados por ela porque o valor que eles trazem está abaixo do custo artificialmente alto de seu trabalho. Empregadores muitas vezes respondem a pisos salariais contratando menos trabalhadores, reduzindo horas de trabalho e eliminando outras formas de remuneração dos trabalhadores.

"Tornar ilegal pagar menos do que uma certa quantia não faz com que a produtividade de um trabalhador valha essa quantia", explicou o economista Thomas Sowell em seu livro best-seller "Economia Básica" (Alta Books, 2018), "e, se não vale, é improvável que esse trabalhador seja contratado."

Controles de salário não afetam apenas os trabalhadores, no entanto. Eles também afetam os consumidores.

Uma abundância de pesquisas mostra que leis de salário mínimo mais alto levam a preços mais altos para os consumidores. Um estudo de 2020 da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriu que, em média, um aumento de 10% no salário mínimo resultou em um aumento de 0,36% nos preços de varejo. (Os preços de fast food tendem a aumentar ainda mais.) De fato, um estudo de 2018 da Universidade Cornell descobriu que em alguns casos "quase todos" os custos das leis de salário mínimo são absorvidos pelos consumidores.

Certamente foi o caso em Seattle, onde os serviços de aplicativo de entrega simplesmente repassaram os custos de trabalho obrigatórios para os consumidores, muitos dos quais decidiram que o preço da entrega de comida agora estava muito caro.

Infelizmente, trabalhadores, empresas e consumidores estão todos pagando o preço porque os políticos de Seattle escolheram abandonar políticas de livre mercado saudáveis em favor de controles de salário coercitivos.

©2024 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês: Seattle’s Law Mandating Higher Pay for Food Delivery Workers Is a Case Study in Backfire Economics

Conteúdo editado por:Eli Vieira
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