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Liberdade de expressão traz riscos, mas vale a pena

LIberdade de expressão, C. S. Lewis
Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, dão uma metáfora interessante para se pensar na liberdade de expressão na descrição do personagem Aslan. (Foto: Eli Vieira com Midjourney)

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Em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", uma história clássica infantil de C.S. Lewis, um grupo de crianças descobre sem querer um reino mágico chamado "Nárnia" escondido dentro de um guarda-roupa na misteriosa mansão onde estão hospedados durante a Segunda Guerra Mundial.

Ao entrarem em Nárnia, as crianças se encontram no meio de um conflito antigo entre a malevolente Feiticeira Branca, que mergulhou a terra em um inverno eterno, e o nobre leão Aslan, que incorpora a bondade e a virtude.

No início da história, as crianças têm uma conversa com uma das criaturas de Nárnia, o Sr. Castor, que tenta descrever a bondade de Aslan.

— Ele é um homem? — perguntou Lúcia.

— Um homem, Aslan? — disse o Sr. Castor, severamente. — De maneira alguma. Eu lhe digo, ele é o Rei da floresta e o filho do grande Imperador-de-Além-Mar… Aslan é um leão, o Leão, o grande Leão.

— Ah... — disse Susana. — Eu achei que ele fosse um homem. Ele não é... perigoso? Vou me sentir um pouco nervosa ao encontrar um leão.

— Vai sim, querida, sem dúvida — disse a Sra. Castor. — Se tem alguém que pode aparecer diante de Aslan sem as pernas tremerem, ou é mais corajoso que a maioria ou é apenas tolo.

— Então ele não é perigoso? — disse Lúcia.

— Não é perigoso? — disse o Sr. Castor. — Você não ouve o que a Sra. Castor lhe diz? Quem falou alguma coisa sobre não ser perigoso? Claro que ele é perigoso. Mas ele é bom.

Este diálogo captura belamente a tensão inerente à nossa relação moderna com o poder das palavras: queremos bondade, mas anseamos por segurança.

Desejamos uma sociedade que fomente boas ideias e percepções criativas, enquanto simultaneamente buscamos refúgio das palavras e conversas perturbadoras que surgem quando a liberdade de expressão é mantida.

Debates sobre cultura do cancelamento, espaços seguros e discurso de ódio servem como meros vislumbres de um dilema mais amplo que perdura desde a criação dos Estados Unidos: devemos avançar o que é melhor restringindo o que é pior, ou devemos defender uma sociedade onde todos os pontos de vista são livres para serem expressados, mesmo com o risco de causar dano?

A liberdade de expressão, como Aslan, é assustadora e indomada, mas também necessária e boa. Além disso, a liberdade não é apenas boa, mas é o bem do qual todos os outros bens dependem.

Sem a liberdade de expressão, o mundo talvez estivesse livre de piadas ofensivas e insultos nocivos, mas também estaria “livre” do espaço para lutar sempre que quiséssemos questionar ou confrontar quem está encarregado de nos dizer quais palavras devemos usar.

Mais importante ainda, a liberdade de expressão e a liberdade cognitiva andam de mãos dadas.

Quando não somos livres para expressar publicamente pensamentos privados, perdemos o incentivo social e econômico para sermos intelectualmente honestos, filosoficamente rigorosos e esteticamente aventureiros.

A liberdade de expressão não trata apenas do direito de alguém ser mal-educado. Trata-se do que nos dá o poder de nos educarmos, fazermos novas descobertas e expressarmos nossas energias criativas das formas que nos tornam distintamente humanos.

T. K. Coleman é Diretor de Educação da Fundação pela Educação Econômica (FEE) e coapresentador do podcast Minimalists.

©2023 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês.

Conteúdo editado por: Eli Vieira

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