O site IMDB, maior banco de dados sobre cinema no mundo, deixou de exibir nesta segunda-feira (18) a nota de avaliação do filme Marighella, dirigido por Wagner Moura. Antes da retirada da informação, o filme brasileiro estava classificado com média de críticas de 2,8. A escala vai de 0 a 10.
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Na memória temporária do Google, que mantém salvo informações recentes dos sites, o filme já havia amealhado mais de 30 mil votos (ver imagem acima). Marighella ainda não tem data de lançamento prevista para o circuito brasileiro de cinema. Mas o longa ganhou popularidade na última semana após ter ter participado de uma mostra paralela do festival de Berlin, um dos mais conceituados da indústria.
A história do terrorista
Carlos Marighella, nascido em Salvador em 1911 e morto por agentes do regime militar em São Paulo, em 1969, é um dos personagens mais controversos da história brasileira do século passado. O jornalista Mário Magalhães, autor da biografia Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo (lançado em 2012 pela Companhia das Letras), livro que serviu como base para o roteiro do filme, costuma resumir a trajetória de Marighella como alguém que pode ser legitimamente amado ou odiado – mas não ignorado. Mesmo dentro de setores da esquerda a figura do guerrilheiro era vista com reservas. Moura afirmou que teve dificuldade para captar recursos “por causa do tema”
Críticos do posicionamento político do diretor entendem que a obra corre o risco de cair em um tom hagiográfico, dando uma interpretação enviesada sobre aspectos ainda disputados que rodeiam a biografia de Marighella, como sua defesa do terrorismo e o caráter não necessariamente democrático de sua ideologia.
Marighella chegou a ser considerado o “inimigo número um” da ditadura militar. Em 2018, Moura já havia dado o tom que a película teria: “meu filme não será imparcial”, disso ao jornal O Globo, e assegurou que a obra abordaria tanto o passado quanto o presente. “A gente (a esquerda) tem que sair das cordas e partir para o ataque”, disse o diretor.
A violência como caminho
Filho de um imigrante italiano e de uma filha de escravos africanos, Marighella militou originalmente no Partido Comunista Brasileiro (PCB), e chegou a ser preso por subversão ainda durante a ditadura do Estado Novo, sob Getúlio Vargas.
Sua participação na vida política brasileira, clandestino ou como homem público, ocupou desde a década de 30 até os anos 60, período que incluiu um mandato como deputado federal pelo PCB na metade dos anos 1940.
Mas foi principalmente sua atuação após o golpe de 1964, quando foi expulso do Partido, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e passou a defender abertamente a luta armada, que o colocou em uma posição de destaque na oposição ao regime militar – o período entre 1964 e sua morte, cinco anos mais tarde, é justamente o principal foco de interesse do longa de Wagner Moura.
São também desse período os livros mais conhecidos de Marighella, nos quais descrevia sua leitura da situação do país ou dava instruções, didaticamente, para quem quisesse pegar em armas contra o governo. A Crise Brasileira, de 1966, é um exemplo do primeiro caso. Nele, o guerrilheiro comenta que “os marxistas” poderiam propor um caminho pacífico para o Brasil se transformar em um país “social-democrático”, mas entendia que o contexto exigia a radicalização. Estavam assentadas as bases teóricas para justificar, mais tarde, a necessidade de ações que ele próprio descreveria como “terroristas”. Leia mais detalhes da vida do terrorista clicando no link.
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