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O que um consumidor busca quando quer comprar um carro novo? Certamente não é o pacote de “virtudes corporativas” da montadora – se a empresa contrata minorias, oferece treinamentos sobre inclusão social ou garante a diversidade em seu quadro de colaboradores.
A gigante Toyota acaba de aprender essa lição a duras penas, após ser o alvo de mais uma campanha massiva promovida neste ano pelo cineasta e ativista conservador americano Robby Starbuck, de 35 anos.
Repetindo a estratégia usada para reverter as políticas woke de marcas tradicionais como Harley-Davidson, John Deere e Jack Daniel’s, entre outras, Starbuck estimulou o público a procurar as centrais de atendimento da companhia para exigir o óbvio: que se dediquem mais aos negócios e menos à militância.
A ação começou no dia 26 de setembro, quando o influencer de direita expôs em suas redes as principais iniciativas implantadas pela fabricante japonesa para se adequar às obrigações politicamente corretas.
A lista inclui desde cursos “conscientes” até cotas de contratação, passando pelo financiamento de ONGs progressistas, a participação em uma câmara de comércio para comunidades minoritárias e a formação de grupos internos divididos por raça e orientação sexual.
Ainda segundo Starbuck, a corporação “patrocinou um programa de drag queens em um acampamento de verão para crianças que se identificam como LGBT”, “subsidia grupos que trabalham para legalizar a mudança de sexo entre menores de idade” e “apoia que homens entrem em banheiros e vestiários femininos”.
A Toyota estava tão enredada pela cultura woke que, durante 16 anos consecutivos, atingiu a pontuação máxima no índice de “igualdade corporativa” mensurado pela fundação de esquerda Human Rights Campain (HRC).
A colaboração com a HRC chegou ao ponto de a empresa bancar um projeto da organização chamado Time to Thirve Summit (algo como “Cúpula ‘Hora de Prosperar’”), em que membros do maior sindicato de professores dos EUA vão às escolas ensinar fundamentos da ideologia de gênero para crianças e adolescentes.
“Para dizer o mínimo, a Toyota parece ter esquecido quem são seus principais clientes”, afirmou Starbuck, destacando, como em suas outras ações, o perfil historicamente mais conservador dos consumidores da marca.
“Eles [os executivos] dependem de famílias americanas e japonesas para comprar seus carros. Não acho que os valores corporativos reflitam os valores que muitos donos de Toyota e Lexus [a linha de carros de luxo do grupo] têm. Com exceção talvez dos donos de Prius, que provavelmente gostam de coisas woke”, disse, referindo-se, na última frase, ao veículo híbrido produzido pela companhia.
E a ofensiva deu certo outra vez. Inicialmente, a corporação tentou mudar o foco da discussão, alegando que muitas das atividades militantes denunciadas por Starbuck são promovidas pelos próprios funcionários, e não por seus diretores. Uma semana depois, no entanto, veio a resposta definitiva.
No último dia 3, a Toyota divulgou um memorando sobre o encerramento de seus programas de DEI (diversidade, equidade e inclusão). De acordo com o documento, distribuído para 50 mil funcionários nos EUA e 1,5 mil concessionárias espalhadas pelo país, o grupo patrocinará, a partir de agora, apenas eventos relacionados à ciência e tecnologia ou voltados para a formação profissional.
“Tenho de dar crédito aos executivos por tomarem essa atitude unificadora”, afirmou Robby Starbuck após a divulgação do comunicado.
“Não é algo fácil de se fazer, mas eles estão preparando seus negócios para o futuro adotando a neutralidade corporativa. As empresas que adotam a neutralidade vencerão no futuro porque não violam as crenças fundamentais dos consumidores em quem confiam.”
Programas de DEI dividem funcionários e prejudicam resultados financeiros
Quando, há cerca de 20 anos, as grandes corporações implantaram as iniciativas de DEI, acreditava-se que criar um ambiente profissional inclusivo poderia resultar em mais produtividade e inovação. Mas não foi isso o que aconteceu.
Ao contrário, os treinamentos obrigatórios e as políticas afirmativas passaram a dividir os funcionários e, principalmente, incomodar quem apenas queria fazer o seu trabalho sem ter de repensar seus supostos “preconceitos enraizados”.
Pela via econômica, as políticas corporativas “conscientes” também se mostraram desastrosas. Promover projetos, cursos e eventos de diversidade custa caro – especialmente para grupos como a Toyota, que disputam cada centavo de seus mercados em nível global.
Comentarista de diversos veículos de comunicação conservadores e diretor do grupo ativista cristão Family Research Council, David Clossom explica por que só agora, depois de quase duas décadas, campanhas como a de Robby Starbuck finalmente conseguiram decolar.
“Uma maioria silenciosa de americanos ficou farta dessa doutrinação. Além disso, a adoção radical das ideologias progressistas passou a prejudicar os resultados financeiros das empresas”, disse, recentemente, ao site The Washington Stand.
Entusiasta do trabalho de Starbuck, Clossom defende a ideia de que não basta votar, nas eleições, em candidatos que compartilhem de valores antiwoke. É preciso ir além e aderir ao chamado “ativismo de consumo” – uma espécie decisão de compra politizada.
“Embora haja um debate sobre a eficácia dos boicotes, eu encorajaria os consumidores, particularmente os cristãos, a não apenas votarem em seus valores, mas também a comprarem seus valores”, afirmou.
E enquanto não anuncia seu próximo alvo, Robby Starbuck se dedica a outra campanha em suas redes sociais: arrecadar suprimentos para as pessoas que perderam tudo após as tempestades ocorridas nos últimos dias no Sul dos EUA.
O que não o impediu de comemorar a decisão da Toyota. “O cenário corporativo está rumando rapidamente para a sanidade. Somos a tendência agora, não a anomalia”, disse.
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