Os cineastas Josias Teófilo e Newton Cannito divulgaram nesta segunda-feira (14) uma declaração contra o identitarismo na cultura brasileira e a censura aos intelectuais que não compactuam com os ideais woke.
Segundo o texto, intitulado “Manifesto pela Liberdade de Criação Artística”, o país enfrenta uma escalada do autoritarismo, que se expressa nos “cancelamentos” e ataques à liberdade de expressão.
Os alvos dessa perseguição, eles afirmam, são artistas cujos trabalhos não bebem de conceitos importados como a apropriação cultural e a linguagem neutra. Estes criadores se veem impedidos de viabilizar projetos por meio de editais, pois os mecanismos de incentivo “usam abertamente critérios da ideologia woke”.
O documento ainda destaca o preconceito contra os cristãos e a vigilância rigorosa com relação aos humoristas. E chama a atenção para o abismo, cada vez maior, entre a classe artística e o público.
“Nunca o cinema, a televisão e o teatro brasileiro estiveram tão afastados do gosto popular. Por um motivo simples: as obras seguem fielmente uma estética importada.”
Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, Josias Teófilo – de perfil conservador e conhecido pelo documentário ‘O Jardim das Aflições’, sobre o pensamento de Olavo de Carvalho (1947-2022) – faz questão de ressaltar que não se trata de um manifesto “direitista”.
“O Newton Cannito, inclusive, é de esquerda, foi secretário do Audiovisual no [segundo] governo Lula. Não foi ele que mudou. O que aconteceu é que o identitarismo recrudesceu a tal ponto que hoje em dia só se pode usar esse recorte de raça, sexualidade”, diz.
Para ele, o documento é antiwoke e pró-liberdade de expressão. “Não existe arte, debate de ideias ou diálogo com a sociedade sob censura e autocensura.”
O próximo passo, de acordo com Teófilo, é recolher assinaturas de nomes importantes do cenário nacional que apoiem o manifesto. Em seguida, a dupla pretende formar um grupo e iniciar um percurso por prefeituras e outros órgãos que fomentam a cultura para apresentar e discutir as ideias contidas no texto.
“A ideia de inclusão, em si, é boa. Deve haver espaço para todo tipo de gente. Mas, na prática, a diversidade se transformou em um ambiente em que todos pensam igual e censuram quem pensa diferente. Viramos vítimas, como diz o [antropólogo e escritor] Antônio Risério, do ‘marxismo caricatural’”, afirma o cineasta.
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