“Estou impressionada com o tamanho do movimento liberal no Brasil. Há 40 anos, a liberdade econômica não era bem compreendida nem bem vista”. Defensora ferrenha da liberdade econômica e de expressão, a jornalista Mary Anastasia O’Grady acompanha o cenário brasileiro de perto. Responsável pela cobertura de América Latina e Canadá no The Wall Street Journal, onde também é editora e membro do conselho editorial, O’Grady foi a vencedora do Prêmio Liberdade de Imprensa da 34ª edição do Fórum da Liberdade.
A premiação, oferecida pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), é dedicada a profissionais comprometidos com o pensamento crítico e de defesa da informação transparente e correta.
“Sei que o governo reuniu muitos liberais talentosos, mas gerou desapontamento ao não cumprir o que prometeu”, disse a jornalista em seu discurso de abertura, no qual expressou suas condolências pelo grave momento pelo qual o país passa com a pandemia do coronavírus, e deu atenção especial à cidade de Porto Alegre. “Tivemos essa experiência em Nova York e sei bem como é receber notícias ruins o tempo todo sobre hospitais cheios e pessoas que perdem entes queridos”.
Para O’Grady, entretanto, ainda há espaço para otimismo no Brasil. “Milton Friedman dizia que a defesa da liberdade econômica e individual deve ser refeita a cada geração, porque ninguém ganha essa batalha permanentemente”.
Nesse sentido, o maior obstáculo a ser vencido, para a premiada, é a crença geral de que o sistema não é justo. “Se as pessoas não acreditam que a liberdade é desejável e justa, ainda que o país seja próspero, não vai funcionar. Temos que concentrar esforços em explicar e justificar a moralidade do mercado”.
A primeira narrativa a ser derrotada nessa trajetória é a de que somente um país perfeitamente igualitário é bom. “Nós não nascemos iguais, não somos iguais, e essa é uma ideia utópica prevalente usada para justificar a perda de liberdade”. O outro pilar do argumento liberal, diz O’Grady, é a tolerância. “É muito importante tomar o papel de defender a liberdade de consciência e de discurso”, ressalta. “No curto prazo as pessoas abrem mão disso por segurança, mas no longo prazo elas querem ser livres”.
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