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Comunismo

Massacres, mutilações e estupros: os crimes de guerra cometidos pelo Exército Vermelho

Cena do filme Katyn (2006)
Cena do filme Katyn (2006), mostra os soviéticos enterrando suas vítimas polonesas em uma vala comum (Foto: Divulgação)

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Foram 406 soldados alemães, 58 membros do grupo paramilitar Organização Todt, 89 soldados italianos, nove romenos, quatro húngaros, 22 civis alemães e oito ucranianos. Ao todo, 596 corpos, espalhados em diferentes locais das cidades de Krasnoarmeyskoye, Postyschewo e Grischino, na Ucrânia.

O Exército Vermelho havia conquistado a região na noite de 10 para 11 de fevereiro de 1943. Os alemães a recapturaram no dia 18. Foi quando encontraram centenas de corpos. Havia mulheres com os seios arrancados e sinal de estupro — uma delas havia sido abusada com um cabo de vassoura. Homens com os pênis retirados e colocados nas bocas. Civis com os rostos mutilados. No porão da principal estação de trem local, 120 militares haviam sido amontoados e depois mortos com tiros de metralhadora.

O episódio ficaria conhecido como Massacre de Grischino. “Os corpos ficaram espalhados pelas ruas. A intenção era apavorar o exército alemão”, diz Isaias Lobão Pereira Júnior, professor de história no Instituto Federal do Tocantins.

Não foi o único caso de violência excessiva praticada pelos soldados da União Soviética. “Os exércitos aliados também cometeram abusos, mas nada parecido com o volume de atrocidades cometidas pelos soviéticos”, afirma o professor. “A máquina de propaganda soviética costumava atribuir os crimes de guerra aos alemães, mas o ditador Josef Stalin sabia e estimulava os atos violentos”.

Conheça outros crimes de guerra cometidos pelo Exército Vermelho ao longo da Segunda Guerra:

Invasão da Polônia

17/09/1939: Dias depois de assinar um pacto de não-agressão com a Alemanha, a União Soviética invadiu a Polônia pelo leste, enquanto os germânicos ocupavam o país a partir do oeste. O país foi dividido entre Adolf Hitler e Josef Stalin. De imediato, os russos mandaram deportar mais de 300 mil pessoas para a Sibéria. Seria também na Polônia que, em 1941, a Alemanha romperia o acordo de paz com os russos, invadindo o lado soviético da nação ocupada e seguindo dali em direção a Moscou. “Muitos historiadores e intelectuais tendem a esquecer que Stalin e Hitler foram aliados no início do conflito”, lembra o professor.

Massacre de Katyn

Abril e maio de 1940: Foram tantos tiros em sequência contra militares, professores universitários, padres, empresários e advogados que os soldados soviéticos preferiam usar pistolas de origem alemã aos revólveres russos, que provocavam um recuo mais violento e faziam os braços doer. E eram muitos disparos seguidos a realizar: foram executadas mais de 22 mil pessoas. Muitas estavam presas desde a ocupação da Polônia, meses antes. Havia corpos nas cidades de Kalinin e Kharkiv, mas o caso ficou conhecido como Massacre de Katyn, em referência à floresta na fronteira entre a Rússia e a Bielorrússia onde muitas das covas coletivas foram encontradas. Apesar de os soviéticos negarem envolvimento com o incidente até 1990, hoje são conhecidos documentos em que Lavrentiy Beria, ministro do Interior soviético, solicita e consegue autorização por escrito de Stalin para eliminar milhares de poloneses, que foram transportados de diferentes pontos da Polônia ocupada — uma operação logística complexa, que utilizou trens para transportar grupos de 300 prisioneiros por vez. “A Rússia só admitiu em 1990, já no fim da União Soviética, que os assassinatos foram comandados pelo líder soviético”, relata Isaias Lobão Pereira Júnior. “No mesmo ano, o país iniciou uma longa investigação para apurar o que aconteceu nos campos de prisioneiros. Em 2004, o governo russo encerrou a apuração, mas os familiares das vítimas nunca souberam do resultado”.

Ocupação da Estônia

06/08/1940: Assim como na Polônia, os cidadãos da Estônia sofreram nas mãos das forças soviéticas assim que o país foi ocupado, também com a conivência dos alemães. O exército local foi desmontado, com os oficiais executados ou deportados e os militares de baixa patente incorporados ao Exército Vermelho — menos de 30% sobreviveram à guerra. Em um país com um milhão de habitantes, mais de 300 mil foram afetados por deportações, prisões e execuções.

Massacre alemão

01/07/1941: Prisioneiros de guerra do Exército Vermelho, 156 homens das forças alemãs foram enfileirados, obrigados a tirar as roupas e entregar os pertences, e então baleados ou perfurados com baionetas. Muitos estavam seriamente feridos. Um dos grupos de vítimas foi atingido por granadas de mão.

Reação sufocada

29/07/1941: Em reação ao domínio soviético, grupos de cidadãos da Estônia se organizaram para reagir. Contra eles, os russos utilizaram seus “batalhões de destruição”, que também foram ativos em outras regiões controladas, como na Lituânia e na Letônia. Eram forças armadas que agiam contra manifestantes civis, matando e destruindo suas propriedades. Durante uma batalha contra um grupo de resistência em Kautla, por exemplo, crianças e idosos foram torturados e mortos junto com pais e filhos.

Massacre na Crimeia

29/12/1941 a 01/02/1942: Entre 150 e 160 soldados alemães estavam hospitalizados na cidade de Teodósia, na Crimeia, quando os soviéticos tomaram a região. Da mesma forma que em Grischino, a ocupação foi temporária. Quando voltaram ao local, depois de três semanas, os alemães encontraram todos os militares mortos. Parte deles estava sobre os leitos, já em decomposição avançada. Outros haviam sido encharcados e jogados das janelas do hospital, largados para morrer da queda ou congelados. Em uma praia próxima, havia pilhas de cadáveres mutilados e com sinais de espancamentos.

Estupros e saques em massa

Fevereiro de 1945: Ao fim do cerco de Budapeste, na Hungria, que deixou 38 mil civis mortos, forças aliadas soviéticas e romenas superaram os alemães e seus aliados búlgaros. Ao entrar na cidade, devastada pela fome depois de ficar 50 dias isolada, centenas de soldados da União Soviética resolveram saquear o que havia sobrado. Os casos de estupros em massa também se tornaram frequentes, uma acusação que se repetiria em cada um dos territórios retomados pelo Exército Vermelho ao fim da Segunda Guerra.

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