No verão de 1995, arranjei meu primeiro emprego em tempo integral. Era um trabalho temporâneo em Lake Arrowhead, um campo de golfe a cerca de 20 minutos da casa dos meus pais. Eu ainda não podia dirigir — tinha apenas 15 anos — mas um amigo que também se inscreveu para a vaga se ofereceu para me dar carona se fôssemos contratados, e fomos.
Naquele verão, trabalhei 40 horas por semana cortando grama, arrumando as trilhas dos carrinhos e trocando as bandeirinhas dos buracos antes do nascer do Sol. Eu recebia US$5 por hora, 75 centavos a mais do que o salário mínimo federal da época, e podia jogar golfe de graça.
Eu me sinto tentado a escrever que me senti a pessoa mais sortuda do mundo por ter conseguido aquele emprego, mas a verdade é que acho que não me senti com sorte na época. Acordar às 5h da manhã não é bom, sobretudo para um menino de 15 anos, e jornadas de nove horas parecem longas demais em algumas semanas. Para piorar as coisas, na minha segunda semana de emprego eu bati um cortador de grama de US$40 mil contra uma árvore. Tinha certeza de que seria demitido, mas acho que pareci arrependido o bastante, porque não me mandaram embora. Quando a poder jogar golfe de graça, eu mal pude aproveitar, em parte porque eu geralmente estava cansado demais para caminhar por nove buracos depois do trabalho e em parte porque eu era um péssimo jogador de golfe na época.
Pensando naquela época hoje, contudo, vejo tudo o que aprendi com aquele emprego. Aprendi a acordar cedo, bater ponto (na hora certa) e dirigir carro com câmbio manual. Eu operava um maquinário leve, fiz um curso-relâmpago e jardinagem e horticultura e aprendi a cumprir ordens e fazer as coisas como me mandavam. Ao mesmo tempo, levei para casa uns dois mil dólares (descontados os impostos), melhorei minha tacada e recolhi centenas de bolas de golfe perdidas. (Confissão: às vezes procurávamos bolas de golfe nas matas entre um trabalho de jardinagem e outro).
Estou falando do meu primeiro emprego por um motivo. Dados governamentais mostram que cada vez menos norte-americanos estão obtendo algo importante: experiência no ambiente de trabalho.
A tendência de menos jovens na força de trabalho
O Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) divulgou um levantamento projetando uma queda na participação de jovens (entre 16 e 24 anos) na próxima década: de 55,2% para 51,7%. Há dez anos, a taxa de participação — basicamente a soma dos empregados dividida pela população em idade produtiva — desta faixa etária era de 58,8% e, há 20 anos, era de 66%.
Para pôr isso em perspectiva, daqui a uma década a participação dos jovens na força de trabalho será pouco maior do que o período que se sucedeu à Grande Depressão, quando a taxa de participação deles foi ligeiramente inferior a 50% (48,8%).
Há vários fatores por trás dessa tendência, e nem todos são necessariamente ruins. Um relatório recente publicado pelo Brookings Institute diz que a tendência é “motivada principalmente por um aumento na escolaridade e no tempo gasto em atividades relacionadas à educação”.
Isso sugere que, ao contrário do estereótipo dos jovens preguiçosos que preferem jogar vídeo game, muitos jovens estão simplesmente optando por investir mais em seu próprio capital humano. Mas este não é o único fator a diminuir a participação dos jovens no mercado de trabalho.
O relatório do BLS cita como outro fator as “oportunidades deslocadas”, quando “trabalhadores mais velhos ocupam postos tradicionalmente ocupados por jovens”. Na verdade, os dados do BLS mostram que a taxa de participação das três faixas etárias mais velhas dos Estados Unidos — de 55 a 64 anos, de 65 a 74 anos e a partir dos 75 anos — aumentando na próxima década.
Falei com o economista Antony Davies e ele disse que duas medidas específicas contribuem para essa mudança geracional. Primeiro, as baixas taxas de juros do Federal Reserve que, apesar de serem boas para quem toma dinheiro emprestado, reduziu tanto a renda dos aposentados a ponto de muitos deles terem sido obrigados a voltar para o mercado de trabalho. Depois, o salário mínimo maior fez com que fosse mais caro para os empresários correrem o risco de contratar funcionários jovens e sem experiência.
“Se alguém quisesse criar medidas com o objetivo claro de tirar postos de trabalho dos jovens e dá-los a alguns ex-aposentados, essas duas medidas seriam as primeiras da lista”, diz Davies, professor de economia na Universidade Duquesne University.
Mais do que um salário
Numa era que põe a educação num pedestal, é fácil se esquecer do valor do trabalho. Mas é importante lembrar que os empregos — sobretudo o primeiro — são muito mais do que um salário.
“[Um primeiro emprego] pode significar uma ligação com um mentor para a vida toda, a capacidade de sonhar com uma carreira, um aumento na autoconfiança, uma admiração pelo valor da educação, uma saída da vida nas ruas, a crença de que você pode ser qualquer coisa”, escreveu Danielle Gray e Bethany Henderson, duas autoridades do governo Obama que trabalharam em iniciativas voltadas para os jovens.
Este é mais um motivo para evitar políticas que dificultem a contratação de jovens para um primeiro emprego.
Tenho certeza de que o Lake Arrowhead não teria me contratado há 25 anos se tivessem de me pagar US$15 por hora para cortar grama, trocar as bandeiras dos buracos e andar de carrinho elétrico o dia todo, pegando sol. E quem poderia culpá-los?
A ironia aqui é que eu é que sairia perdendo. O campo de golfe Lake Arrowhead Golfcourse sobreviveria perfeitamente sem mim.
Jonathan Miltimore é editor do FEE.org.
Deixe sua opinião