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Nova rede social

Meta promete livre discurso, mas já exerce censura no Threads

Cancel Culture society concept or cultural cancellation and social media censorship as canceling or restricting opinions that are offensive or controversial to the public with 3D illustration elements. (Foto: Bigstock )

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Apenas dois dias se passaram desde o lançamento do Threads, a nova rede social da Meta, controladora do Facebook, Instagram e Whatsapp, e os usuários da nova plataforma já começaram a reclamar de censura.

Dentre as principais queixas figuram alertas para certos perfis que não podem ser seguidos por seu histórico de publicar “informações falsas”, a supressão de postagens por uso de palavras ou conteúdos inadequados, entre outros.

Em entrevista à FoxNews, o escritor e jornalista Michael Shellenberger, que ajudou a revelar a censura das redes sociais na série Twitter Files, afirmou que o cofundador da Meta, Mark Zuckerberg, garantiu que a plataforma seria livre e aberta, “mas já há usuários que dizem ter sido censurados”.

Segundo Shellenberger, outro aspecto que deixa dúvidas sobre a liberdade no Threads é a impossibilidade de recorrer dos bloqueios de conteúdo e de perfis.

“Eu enviei uma mensagem para o Zuckerberg no Threads e ele não me respondeu. Nós temos tentado entrar em contato com o Facebook há anos e eles não nos respondem. Então, isso é manter segredo sobre a censura, e não há direito de apelação, não há como as pessoas que têm sido censuradas nessas plataformas se defenderem e tentarem sair das listas negras”, comentou.

Em resposta a usuário do Twitter que desinstalou o Threads por não mostrar a aba com os perfis que ele está seguindo [following], Elon Musk, disse que “um sistema de código fechado e que utiliza somente um algoritmo significa que a manipulação das informações que as pessoas veem é essencialmente indetectável”.

Amigável para quem? 

No vídeo em que anunciou o Threads, Adam Mooseri, chefe do Instagram, ao qual o novo aplicativo é vinculado, repetiu o discurso de liberdade de expressão. Segundo o executivo, a plataforma tem o objetivo de criar um espaço onde a comunidade de usuários possa se “engajar em conversas que sejam amigáveis e abertas”.

Ele apenas não deixou claro quais perfis e conteúdos são considerados amigáveis pela plataforma e o que acontece com aqueles que fogem a essa regra.

Em resposta à “seletividade de temas” que o Thread apresenta, Shellenberger ainda destaca que “o ponto principal da liberdade de expressão é que ela é para todos, não apenas para as pessoas com quem concordamos”.

A CEO do Twitter, Linda Yaccarino, também foi defendeu a liberdade de expressão na plataforma. "No Twitter, a voz de todos é importante. Esteja você aqui para assistir ao desenrolar da história, descobrir informações em tempo real em todo o mundo, compartilhar suas opiniões ou aprender sobre outras pessoas - no Twitter você pode ser real. Você construiu a comunidade do Twitter e isso é insubstituível. Esta é a sua praça pública", afirmou.

Mas censura não é novidade nas redes da Meta. Em junho deste ano, durante entrevista ao Podcast de Lex Fridman, Zuckerberg admitiu publicamente que censurou publicações que questionavam as origens da Covid19, bem como a eficácia das vacinas em suas redes.

O empresário também já admitiu ter censurado postagens que mencionavam o laptop de Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden, bem como aquelas que levantassem suspeitas sobre a integridade do processo eleitoral nos EUA.

Não por acaso, o perfil de Donald Trump Jr., filho do ex-presidente Donald Trump, assim como o de outras vozes conservadoras, exibiram o alerta de desinformação para quem tentasse segui-los no Threads.

Mas usuários também afirmam ter sido censurados ao tentarem postar mensagens questionando o envolvimento de Hunter Biden, o filho do presidente Joe Biden, com drogas.

Nessa semana, a imprensa norte-americana noticiou que um pó branco, que viria a ser identificado como cocaína, tinha sido encontrado nas dependências da Casa Branca – o caso já está sendo investigado pelo FBI.

Monopólio e cópia 

O usuário do Twitter Alex Valaitis ainda alerta para um outro perigo: o monopólio da Meta nas redes sociais. Utilizando a hashtag #NoMetaMonopoly, ele afirma que Zuckerberg já controla os maiores aplicativos de mensagens (WhatsApp, Messenger), de compartilhamento de fotos (Instagram) e de amigos/familiares (Facebook) no planeta.

Musk respondeu ao usuário dizendo que qualquer monopólio das redes sociais seria desesperador. O dono do Twitter tem sido alvo de campanhas difamatórias por parte da esquerda em razão de mudanças para garantir a liberdade de expressão em seu aplicativo – que, quase por regra, abriga discussões nada amigáveis e tem dado voz a pessoas de todos os espectros.

Conforme noticiado pelo jornal britânico The Guardian, o aplicativo “está ameaçando processar a Meta por "apropriação indébita sistemática, intencional e ilegal" dos segredos comerciais e IP do Twitter, bem como pela coleta de dados do Twitter, em uma carta de cessar-e-desistir enviada ontem a Zuckerberg pelo advogado de Elon Musk, Alex Spiro”.

E essa é outra das controvérsias que viralizaram após o lançamento do Threads: a acusação de plágio. O próprio Mark Zuckerberg, após ficar 11 anos sem publicar no Twitter, postou uma imagem em que há dois homens-aranha um apontando para o outro, como se perguntassem qual dos deles é a cópia ou o impostor.

Linda Yaccarino deixou uma mensagem clara contra a tentativa de cópia de Zuckerberg, ao dizer que "muitas vezes somos imitados - mas a comunidade do Twitter nunca pode ser duplicada".

Zuckerberg é famoso por copiar ferramentas e utilidades das outras redes. O Stories, um dos recursos mais utilizados do Instagram, é uma adaptação do SnapChat implementada em 2016. Já os Reels são a versão da Meta para o Tik Tok.

Ambas as soluções alcançaram grande sucesso e estão entre os principais recursos de publicidade do Instagram, e o objetivo é que o Threads siga pelo mesmo caminho. Até o momento, segundo divulgado por Zuckerberg, o aplicativo conta com 30 milhões de inscritos.

Em mensagem que menciona diretamente o Twitter, o dono da Meta ainda afirmou que "vai levar algum tempo, mas acho que deve haver um aplicativo de conversas públicas com mais de 1 bilhão de pessoas. O Twitter teve a oportunidade de fazer isso, mas não acertou".

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