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A impressionante taxa de mortalidade infantil em Cuba não passa de propaganda e tem uma explicação muito simples: a manipulação de dados.
A impressionante taxa de mortalidade infantil em Cuba não passa de propaganda e tem uma explicação muito simples: a manipulação de dados.| Foto: Marc Pascual/ Pixabay

Fidel Castro, o ditador que governou Cuba com mão de ferro por quase seis décadas, morreu há mais de três anos. Mas infelizmente o regime que ele comandou não morreu também. A maior ilha do Caribe ainda está sob o jugo do comunismo.

Desde que Castro assumiu o poder, em 1959, o castrismo se caracterizou pela repressão brutal dos direitos civis e políticos e também pelo baixo crescimento econômico. Em média, o crescimento do PIB foi de apenas um por cento de 1959 a 2015.

A “baixa” taxa de mortalidade infantil de Cuba

Apesar da falta de liberdade e do péssimo histórico econômico, Cuba é geralmente elogiada por suas realizações sociais no que diz respeito à saúde e educação públicas, que em alguns casos rivalizam com os serviços de países desenvolvidos. Um bom exemplo disso é a taxa de mortalidade infantil (TMI), definida como a portagem de crianças que morrem antes do primeiro ano de vida.

Surpreendentemente, a TMI de Cuba em 2017 foi menor do que nos Estados Unidos e Canadá: 4,1 mortes para cada 1.000 partos, em comparação com 5,7 nos Estados Unidos e 4,5 no Canadá.

Isso parece algo contraintuitivo. Como um país pobre como Cuba, cuja renda per capita é uma fração da dos países desenvolvidos, pode se sair melhor nisso do que dois dos países mais ricos do mundo?

Há algumas possibilidades envolvendo gastos com saúde pública. Seriam os números ótimos resultado de um gasto em Cuba maior do que nos Estados Unidos?

Não de acordo com os dados. O gasto per capita com saúde em Cuba é significativamente menor do que nos Estados Unidos.

E gastos maiores não garantem resultados melhores. De acordo com o Índice Bloomberg de Saúde, que mede a relação custo/eficiência no setor, os Estados Unidos gastam quatro vezes mais do que Singapura em termos per capita, mas a expectativa de vida no país asiático é quatro anos maior. Portanto, talvez mesmo gastando menos Cuba consiga mesmo resultados melhores.

Mas infelizmente a economia planificada de Cuba está longe de poder ser considerada eficiente. Isso significa que deve haver outra explicação.

Manipulação de dados

De fato, a impressionante TMI de Cuba tem uma explicação bem simples: manipulação de dados.

Num estudo de 2015, o economista Roberto M. Gonzalez concluiu que a TMI de Cuba é bem maior do que a divulgada pelas autoridades. A fim de entender como as autoridades cubanas distorcem os dados, precisamos antes compreender dois conceitos: as mortes neonatais e as mortes fetais.

As mortes neonatais se referem às crianças que morrem na primeira semana depois do nascimento, enquanto as mortes fetais são calculadas como a quantidades de fetos mortos entre a 22ª semana de gestação e o parto. Como resultado, as mortes neonatais são incluídas na TMI, mas as mortes fetais não.

Na amostra de países analisados por Gonzalez, a proporção entre mortes fetais e mortes neonatais ia de 1:1 a 3:1. Mas essa mesma proporção é surpreendentemente alta em Cuba: as mortes fetais são seis vezes maiores do que as mortes neonatais.

Esse número sugere que muitas mortes neonatais são sistematicamente registradas como mortes fetais a fim de reduzir artificialmente a TMI. Gonzalez estima que a TMI real de Cuba em 2004, ano analisado no estudo, tenha sido algo entre 7,45 e 11,46, bem mais do que os 5,8 divulgados pelas autoridades cubanas e bem pior do que as taxas dos países desenvolvidos.

O fato de ditadura de Cuba manipular estatísticas não surpreende ninguém. Afinal, os Castro tentam há anos provar que, apesar da falta de liberdade no país, o regime deles criou um Estado de bem-estar social no qual os serviços públicos de alta qualidade são garantidos a todos os cidadãos.

Nada pode estar mais distante da verdade. A única realização da Revolução de 1959 foi transformar Cuba numa enorme prisão onde a miséria e a repressão dominam a vida de milhões de cubanos que não tiveram a oportunidade de fugir do país em busca de uma vida melhor.

As ditaduras sempre manipulam dados para fins políticos. Isso não é novidade. O que incomoda é o fato de os intelectuais ocidentais continuarem a comprarem a propaganda política da tirania mais antiga das Américas.

Luis Pablo De La Horra é mestre em finanças e escrever para a FEE, o Institute of Economic Affairs e para o site Speakfreely.today.

© 2020 Veículo. Publicado com permissão. Original em inglês
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