E se o modelo vocacional, especializado, comercial da pedagogia moderna, for o exato modelo que está afundando a sociedade contemporânea num vazio existencial e numa mesquinharia civilizacional/intelectual sem limites? Essa era a tese central do maior educador americano do século XX, Mortimer Jerome Adler (1902-2001). Homem amado pelos conservadores e tratado com milhares de ressalvas pelos progressistas. Indivíduo que parou centenas de personalidades para ouvi-lo e, com o mesmo louvor, foi rigorosamente ignorado pelo mainstream como uma espécie de eremita louco.
O filósofo novaiorquino argumentava que a educação era o meio pelo qual adquirimos o senso de pertença social e civilizacional, mas não somente o “senso de pertença”, mas toda a riqueza histórica e racional construída através de duras penas nos séculos passados. Mas ele não defendia qualquer modelo de educação, era a educação através da literatura e das artes clássicas.
Foi defensor assíduo da educação pública democrática, foi também o filósofo que fundou um sistema educacional totalmente novo e, ao mesmo tempo, tradicional, que visava transformar os EUA no acervo humano das fortunas do Ocidente. Com certeza ele encabeçou um dos projetos pedagógicos mais ousados, louvados, odiados, amados e criticados do século XX; projeto esse que reunia elementos que não tinham nada de realmente novo, a não ser o ineditismo do programa e a ousadia filosófica da mente brilhante de Adler.
A descoberta da filosofia
Mortimer J. Adler ‒ como é popularmente conhecido ‒ era filho de Ignatz Adler, um joalheiro da Bavária que, por ser judeu e por ver o crescente antissemitismo naqueles cantos, resolveu ir morar nos Estados Unidos na virada do século XIX para o XX; sua mãe era Clarissa Manhein Adler, professora do primário e também judia de nascença.
A família não seguia os preceitos da religião que professava, adotando no campo religioso uma espécie de agnosticismo silencioso, isto é, a religião não participava corriqueiramente do debate familiar e nem parecia importar muito. Mortimer teve uma irmã, Caroline Adler; ambos nasceram e cresceram no distrito de Manhattan, Nova York.
Desde cedo, por ocasião da profissão da mãe, a leitura sempre foi algo cultivado e incentivado. E não se sabe bem ao certo se planejado ou não, o pequeno Mortimer foi estudar na DeWitt Clinton High School, no Bronx, uma das poucas escolas que ainda aplicava o método educacional das Artes Liberais, isto é, o ensino preferencial de lógica, gramática, retórica, geometria, astronomia, música e aritmética, competências que estimulam e suportam todas as demais competências racionais específicas que posteriormente um indivíduo pode almejar. Essa escola foi de suma importância para suas ideias posteriores, como veremos mais adiante.
Nessa mesma escola, após publicar, no jornal estudantil, críticas ao diretor, Adler sofreu boicotes e, por isso, resolveu abandonar os estudos formais aos 14 anos e se dedicar integralmente ao jornal The New York Sun onde trabalhava como secretário editorial. Essa mudança radical e ousada do estudante desencadearia um montante de acontecimentos que mudaria todo a sua visão educacional.
Seu sonho, naquele momento, era se tornar jornalista no referido jornal e, por isso, procurou a Universidade de Columbia a fim de estudar algumas matérias de literatura no programa de extensão curricular, já que não tinha idade e nem a formação completa para cursar o bacharelado. Sua intenção era melhorar a escrita para trabalhar como editor, ou até mesmo redator dos editoriais do jornal, objetivo esse que alcançou com muita rapidez, aos 17 anos.
Enquanto cursava a extensão na referida universidade, em uma das aulas ministradas pelo professor de literatura vitoriana Frank Allen Petterson, estabeleceu-se que a leitura da Autobiografia de John Stuart Mill (1873) seria obrigatória aos cursistas, e foi justamente aí, na leitura dessa obra, que o polo do seu gosto pelo jornalismo se transferiu para a filosofia, fazendo com que começasse a ler intensivamente as biografias e obras de grandes filósofos ocidentais.
O ponto crucial para essa mudança, o que causou a imersão profunda de Adler na filosofia platônica e tomista, foi saber que, aos cinco anos, Stuart Mill já tinha lido grande parte da obra do filósofo Platão e dominava instrumentalmente a língua grega. Isso causou enorme comoção intelectual no americano, fazendo-o repensar toda a sua vida e carreira intelectual até aquele momento.
A percepção da sua própria ignorância nos assuntos filosóficos fez com que estabelecesse em sua vida metas de leituras ousadíssimas que incluíam, basicamente, todas as grandes obras ocidentais consagradas como fundamentais pelo senso comum dos estudiosos.
Amigos próximos relatavam que ele lia e relia Platão pelo menos 2 vezes ao mês. Ali, podemos afirmar, foi determinado qual seria a carreira acadêmica e social de Mortimer J. Adler: ser um filósofo da autoeducação através da literatura ‒ ou, como ficaria conhecido posteriormente: “o filósofo da leitura”.
"Correta educação"
Com 19 anos, Adler se tornou aluno da graduação da Universidade de Columbia no curso de filosofia, não demorando mais que dois anos para obter pontuação suficiente para se graduar. No entanto, por não ter participado das aulas de educação física, não conseguiu obter os louros acadêmicos da universidade.
Durante as aulas de John Erskine, que defendia que a cultura e as ideias ocidentais eram sustentadas pelas grandes obras literárias, Mortimer teve o insight para escrever o livro Como falar, como ouvir. E ali teve início, especificamente, a sua cruzada em prol daquilo que ele chamou de “correta educação”, isto é, através dos clássicos e das artes.
Em 1928, mesmo após alguns entreveiros com professores do departamento de filosofia, o seu amigo, professor Alfred Puffenberg, do departamento de psicologia, decidiu que era a hora de incentivar vividamente que o novaiorquino tentasse o título de PhD pela mesma Universidade de Columbia. Muitos cogitam que essa ideia de Puffenberg visava abrir caminho para que Adler subisse na carreira acadêmica, passando de mero assistente nos Departamentos de Direito e de Psicologia, para se tornar efetivamente docente da universidade.
Percebendo a grande genialidade multidisciplinar de Adler, a universidade concedeu ao filósofo o título de PhD, após a apresentação do trabalho de conclusão de curso. Adler se tornou, assim, o primeiro aluno americano a conseguir o título de PhD sem ter formalmente finalizado os estudos primários e universitários; o primeiro por abandono deliberado aos 14 anos, e o segundo por não ter os requisitos necessários de uma matéria específica, educação física.
Grandes obras
Após o recebimento do título, Adler começou a estabelecer um programa de educação através da leitura de grandes obras. A primeira escola a receber o programa foi a St. John’s College, cujo fundador era o filósofo e a amigo de Mortimer, Scott Buchanan. O programa consistia, basicamente, na leitura e na análise filosófica das grandes obras clássicas e modernas.
Tudo se dava através do sistema que Adler denominara de “conversação”, que consistia em um processo de estabelecimento de diálogo com a obra, suscitando e cotejando as grandes temáticas dos livros com a realidade, com as críticas consagradas e com as novas tendências interpretativas. As críticas literárias e análises filosóficas recorrentes desse método, segundo Adler, poderiam construir novos grandes tratados e novas grandes releituras dos clássicos para a contemporaneidade.
Após o sucesso do programa na St. John’s e a repercussão em alguns meios especializados dos EUA, o filósofo novaiorquino foi convidado a ser professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade de Chicago, em 1929. A universidade rapidamente começou a implementar sua pedagogia, e não demorou para que mais de 50 mil alunos em toda a Chicago, das séries fundamentais às graduações, participassem de grupos de leitura, seminários e workshops baseados no programa de Adler. Atualmente são mais de um milhão de participantes ativos naquela cidade.
É bem verdade que, apesar da amizade com o reitor da referida universidade, Robert Hitckens, Adler foi largamente boicotado pelos docentes da casa, por acharem-no demasiadamente revolucionário, ou demasiadamente tradicionalista. Fato é que não aceitaram a proposta educacional de Maortimer Adler. Ele não demorou para ver o seu modelo educacional ser literalmente sabotado, inclusive com a sua demissão sendo exigida, caso contrário ‒ prometiam os docentes descontentes ‒ haveria um êxodo universitário histórico naquela universidade.
Paideia
Obviamente este não foi o fim do programa educacional de Adler. Ele continuou firmemente a ser desenvolvido pelo filósofo até chegar a ser considerado “proposta Paideia”. Em sua vida pública, escreveu mais de 80 livros e foi o editor da coleção Great Books, da famosa Encyclopaedia Britannica. A intenção da Encyclopaedia Britannica era justamente viabilizar estruturalmente, num plano nacional, aqueles livros que ele propunha a seus adeptos no programa Paideia de formação humana e intelectual.
Foi na década de 1980 que Adler foi mais requisitado e pode plenamente ver seus princípios serem praticados. Em meio ao clima bélico da Guerra Fria e da constatação do problema educacional americano, o governo federal requisitou sua consultoria pedagógica.
Foi aí, encabeçando o plano educacional Paideia, que Adler se transformou em modelo filosófico e pedagógico americano; os EUA adotaram no ensino público o modelo de leitura através dos clássicos, tal como propunha Mortimer em seu modelo pedagógico desde quando esteve na Universidade de Chicago. Ficou nas mãos de Adler definir os livros-modelo para o sistema educacional público dos EUA. Hoje o programa de Adler encontra-se traduzido para o português, lançado este ano pela editora Kírion, sob o título: A Proposta Paidéia.
Repercutindo a revolução educacional que estava ocorrendo nos EUA através de Mortimer Adler, Antonio Paim (1927-2021) ‒ talvez o maior filósofo político brasileiro dos séculos XX e XXI ‒ comentou a proposta Paideia no jornal O Estado de S. Paulo, de 16 de junho de 1985, com as seguintes palavras: “O que a proposta Paideia contém sobre o ensino fundamental seria o suficiente para recomendá-la à meditação da elite brasileira porquanto reina em nosso país a mais absurda incompreensão do papel e do significado desse nível de ensino”.
Conversão
Mortimer viveu uma vida longeva e produtiva, além dos 80 livros e mais a coleção Great Books já citados, participou ativamente de projetos educacionais, entrevistas, seminários e aulas magnas quase até o final de sua vida. No ano 2000, para o espanto de muitos ‒ mas de nem todos ‒, converteu-se ao catolicismo romano, abandonando seu berço espiritual judaico.
Muitos atribuem essa guinada religiosa à sua pública amizade com sua ex-aluna, a irmã Miriam Joseph, que resgataria o Trivium como possibilidade pedagógica nos EUA na década de 1970. Adler foi casado duas vezes, primeiro, em 1927, com Helen Boynton, com quem teve dois filhos, Michel e Mark; em 1960 se divorciou de Helen, se casando com Caroline Pring, com quem teve mais dois filhos: Philip e Douglas.
Mortimer Jerome Adler morreu tranquilamente, em sua casa em San Mateo, Califórnia, em 28 de junho de 2001. Ainda hoje é considerado o mais influente filósofo da educação dos Estados Unidos.
Os pressupostos filosóficos
Obviamente Mortimer Adler era filho filosófico do modelo aristotélico-tomista. Tanto entre detratores quanto entre admiradores, parece ser unanimidade a percepção de que sua visão era uma mistura entre a estrutura educacional moderna aliada às pautas da filosofia clássica e escolástica.
O pressuposto básico de Adler é justamente o ponto de inflexão da pedagogia adotada pelo progressismo moderno, e isso explica o ódio desses contra o novaiorquino. Para o filósofo existe uma igualdade de cognição básica entre os indivíduos, excetuando aqueles que podem sofrer de algum mal psíquico ou físico.
Isso, para Adler, não é jogar panos quentes em questões psicológicas que podem afetar ou até mesmo limitar gradualmente, por situações mil, a capacidade cognitiva dos entes; muito menos afirmar que existe uma tábula rasa mental nos indivíduos. Mortimer com certeza entende que há diferenças inesgotáveis entre os indivíduos, apenas vislumbra que as igualdades cognitivas básicas são o ponto de partida da inteligência e do avanço cultural coletivo.
Em suma, apesar das diferenças óbvias, sejam elas econômicas, psíquicas ou geográficas, é possível desenvolver o indivíduo intelectual e artisticamente, apesar das desigualdades que forçam em direção contrária. Os seres humanos, apesar de suas especificidades e limitações, são igualmente dotados de capacidades cognitivas e interpretativas, e é daí que devemos partir, diz Adler.
A proposta de Adler
Vamos resumir aqui o que seria a proposta educacional de Adler. Estamos cientes de que, enquanto resumo, informações podem faltar, e linhas mais especializadas das ideias de Adler podem ser suprimidas em troca da inescapável compactação dos princípios, aspectos esses intrínsecos a quaisquer resumos. Por isso que apoiamos fortemente a imersão do nosso leitor nas obras do próprio autor aqui biografado, a fim de uma compreensão mais completa.
Ao longo de todos os anos de trabalho educacional, e pressupostos evidenciados nos livros de Mortimer Adler, sobressai a percepção de que a educação tem três fins latentes para o filósofo americano:
- 1. o autogoverno e os desenvolvimentos das virtudes;
- 2. a autoinclusão intelectual dos indivíduos no contexto histórico da civilização ocidental;
- 3. a preparação básica do caráter para cidadania.
E, para isso, o filósofo destacou três caminhos para a busca de tais fins, todos eles gerenciados e estimulados, e não impostos ou deflagrados por quaisquer instituições ou pessoas. Os caminhos:
- a) aquisição organizada dos conhecimentos básicos de ciências sociais, literatura, história, línguas, artes e matemática;
- b) uma acurada percepção e interpretação estética, baseadas principalmente nos modelos clássicos;
- c) a gradual especialização das competências intelectuais para fins determinados, como a leitura, escrita, crítica artística, cálculo etc., geralmente Adler se referia à especialização como “alargamento intelectual” ou “cognitivo”.
Ainda pautado no modelo clássico, Adler propõe de forma revolucionária um resgate das parábolas e da mitologia. Partindo do pressuposto que as parábolas e mitos antigos traziam um conhecimento que extrapolava os enredos das fábulas, Adler identificava nos contos e estórias uma forma adequada e basilar de transmissão de instrução, principalmente para as.
Além dos mitos, um outro modelo de transmissão de conhecimento apoiado pelo filósofo era a prática efetiva de exercícios e experiências. Afirmava Adler que há áreas do conhecimento que dependem efetivamente da prática e dos exercícios dessa prática, sendo dependente também de uma orientação especializada e uma condução experiente para o pleno desenvolvimento das faculdades.
E, por fim, a última estrada proposta na transmissão do conhecimento é a boa e velha maiêutica, ou diálogos, baseada no modelo socrático de diálogos e questionamentos. Proposta que, para o filósofo, é o modelo pleno de desenvolvimento intelectual de um indivíduo, na qual o estudante recebe o conhecimento ainda em construção e, ao mesmo tempo, é convidado a desenvolver paralelamente uma solução lógica e efetiva para uma problemática.
Adler entendia que o conhecimento reúne conhecimentos dados e conhecimento em desenvolvimento, no qual um atualiza ou revoga o outro, sempre em busca de uma completude em termos. Para o pedagogo nova-iorquino, esse foi o modelo que fincou as estacas que hoje servem de arrimo a todo aparato intelectual do Ocidente, que sustenta inclusive a liberdade política e científica que hoje tanto idolatramos socialmente.
As artes e os estudos estéticos sempre tiveram proeminência das ideias de Adler, mas foi mais ao final da sua vida que ele destacou a estética e as artes como o Olimpo da pedagogia. O filósofo afirmava que as artes é o fim das mentes elevadas e capazes. Para rememorarmos as ideias gregas em relação à estética, para Platão, a beleza, assim como a bondade, era uma das vias para a verdade. Assim sendo, a percepção e o estudo da beleza seriam o asfalto para a Verdade, o que para São Tomás de Aquino é o fim último da razão humana.
Adler preconizou, deliberadamente, um sistema educacional amplo e nada especializado. Para Mortimer, não faria sentido ostentarmos uma multidão de especialistas em engenharia química que não possuíssem competências mínimas de interpretação de textos literários. Que serventia civilizacional tem um economista que não tem noção alguma de filosofia? Que engrandecimento social traz um sociólogo que não tem em conta a necessidade metafísica dos homens em relação à beleza?
Esse era o fio condutor da proposta Paideia de Adler, uma formação integral do caráter e da intelectualidade para a civilização, não para as necessidades mercadológicas ou governamentais. Seria muito mesquinho gastar vidas humanas na arte da construção de quinas, janelas, ou nas análises microbiológicas e químicas, sem dar a tais vidas a capacidade de olhar o todo. Não há glória, propósito real ou finalidade digna em viver olhando as moléculas de uma cadeira sem saber efetivamente, todavia, o que seja uma cadeira.
E, se tivermos que olhar as moléculas, ok, parecia dizer Adler. Mas isso não pode impedir que tenhamos a capacidade de olhar a completude daquilo que as moléculas formam. O especialismo nos transforma em máquinas, e máquinas não têm ética, não têm epifanias ante uma poesia ou um pôr do sol. As máquinas não têm estima ante a história, não cultivam a cidadania e nem apreciam a Divina Comédia.
Conclusão
Quem já esteve em alguma cidade histórica, talvez tenha tido aquela impressão de ter encontrado uma beleza rara. Podem ter até se questionado o porquê de não vivermos com certas características daquelas épocas, características essas que parecem ter sido suficientemente boas para chegarmos até aquele instante.
É fato que tais sentimentos românticos são as vias mais curtas para o reacionarismo, e definitivamente Adler não era um reacionário. Mas tal sentimento traz à tona aquela percepção incômoda de que abandonamos excelentes costumes, tradições e princípios que eram melhores do que temos e cultivamos hoje em dia. E tais percepções não são completamente ignoráveis.
Mas, como eu dizia antes, Adler renegou o reacionarismo pelo simples fato de ter renegado, ainda cedo, na juventude, as ideologias e a ilusão romântica do nazismo e do fascismo. Ele defendeu antes, ardorosamente, a educação pública gratuita nos EUA, e não raro aplicou suas ideias aos paradigmas contemporâneos, não para renegá-los e combatê-los, mas para adaptá-los ou até mesmo para usá-los como meio para o crescimento intelectual de seus alunos.
Podemos afirmar assim que as ideias defendidas por Adler não eram antigas, eram antes perenes, isto é: eram constantes, elas atingiram aquele pico filosófico que permite aos homens praticá-las e refiná-las sem necessariamente precisarem se trancar em uma cápsula do tempo.
Para praticar os princípios aristotélico-tomistas ‒ parecia afirmar Mortimer a cada palestra ‒, não é necessário usar um lençol branco nas costas como um grego antigo ou trancar-se num monastério católico sob luz de velas e cantos gregorianos. Os princípios destacados pelo filósofo são atemporais e, justamente por lidarem especialmente com aquela parte do ser imutável nos entes, não precisam ser relegados a uma espécie de asilo pedagógico de ideias antigas e antiquadas.
Adler reaqueceu os motores da história humana, acendeu as luzes do porão da civilização e evidenciou as riquezas que foram deixadas para trás nos EUA em nome de ideologias modernas e tendências mercadológicas demasiadamente pragmáticas. O filósofo resolveu, praticamente sozinho, revitalizar aquelas ideias que fundamentaram a sociedade moderna e lembrou-nos de que podemos ficar com as benesses de nossa era sem precisar abandonar aquelas ideias e princípios que nos trouxeram até aqui.
Como dizia Chesterton: "chutar a escada pela qual estamos subindo não é lá uma coisa de povo inteligente". Adler foi, ao mesmo tempo, então, o homem que sustentou a escada, evitou a queda de milhões enquanto propiciava a subida de outros milhões.
Como anteriormente disse Antonio Paim, isso deveria nos inspirar a algo aqui, no Brasil; eu acrescentaria apenas o “urgentemente”: isso deveria urgentemente nos inspirar a mudar algo em nossa pedagogia destroçada. Ou alguém aqui acha que o modelo progressista de Paulo Freire, ou o antigo positivismo dos militares, deu certo?
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