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Na Suécia, jovens líderes consideram soluções conservadoras para as mudanças climáticas

Usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro: energia limpa e segura (Foto: EFE/ Fabio Motta)

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Os jovens entendem a hipocrisia. Eles sabem que celebridades que voam em jatos particulares, mas defendem pequenos veículos elétricos para as massas, não estão realmente comprometidas em reduzir as emissões de CO2. Eles desconfiam daqueles que defendem a energia eólica e solar, mas são contra a energia nuclear, que tem sido responsável pela maior parte da eletricidade da França há décadas sem acidentes. Eles também estão céticos em relação àqueles que desejam transferir a manufatura da Europa para a China e depois se declarar bem-sucedidos com a abordagem de "Net Zero" [Net Zero significa alcançar um equilíbrio entre as emissões de gases de efeito estufa produzidas e retiradas da atmosfera, com o objetivo de minimizar o impacto das mudanças climáticas].

Não é de surpreender, então, que mais de 100 estudantes e jovens profissionais de toda a Europa, especialmente do Leste europeu e dos países nórdicos, tenham vindo recentemente a este resort idílico à beira de um lago para o Encontro de Jovens Líderes [Young Leaders Summit] em busca de soluções "conservadoras" para as mudanças climáticas.

Desde tenra idade, os estudantes de hoje são ensinados que existe uma crise climática e que a forma moral de resolvê-la é eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, quase independentemente do custo (nem todos os professores incluiriam esse "quase"). Eles são ensinados que estão em uma "corrida" em direção às emissões líquidas zero de carbono. No entanto, nem sempre é explicado de maneira clara como alcançar as emissões líquidas zero, já que os defensores tendem a ignorar as dificuldades políticas, econômicas ou tecnológicas e recorrem a algo que se assemelha estranhamente a um pensamento mágico.

Realizado pelo think tank New Direction, fundado por Margaret Thatcher em 2009, o encontro de jovens líderes apresentou uma oportunidade para explorar visões mais honestas e realistas no tratamento das questões climáticas.

Em primeiro lugar, o mundo continuará a depender dos combustíveis fósseis indefinidamente, a menos que sejam construídas muitas mais usinas nucleares. Mesmo que toda a Europa Ocidental fosse coberta por turbinas eólicas e painéis solares, e todos os carros fossem elétricos, ainda seriam necessários combustíveis fósseis para produzir as turbinas, os painéis e as baterias dos carros elétricos. A produção dessas fontes gera emissões. Somente a energia nuclear pode substituir o petróleo, o carvão e o gás natural, mas muitos defensores da meta de emissões líquidas zero até 2050 também se opõem à energia nuclear.

Em segundo lugar, todos desejam ar mais limpo, mas as emissões globais não diminuirão se a indústria intensiva em energia se transferir da Europa para a China. Pelo contrário, como a China depende de usinas movidas a carvão para a maior parte de sua produção de eletricidade — e essas usinas têm regulamentação muito menos rígida do que as usinas a carvão da Europa Ocidental — as emissões globais podem aumentar.

Em terceiro lugar, substituir combustíveis fósseis por energia solar e eólica e carros a gasolina por veículos elétricos é moralmente questionável. Isso aumenta o preço da eletricidade e do transporte e prejudica desproporcionalmente pessoas pobres, pequenos negócios e agricultores, pois esses custos representam uma parcela maior de suas rendas. Se pessoas pobres não puderem arcar com carros elétricos caros, suas opções de emprego serão limitadas. Se houver blecautes devido à energia pouco confiável, proprietários de pequenos negócios perderão a refrigeração de suas lojas e serão forçados a vender seu estoque com prejuízo antes que estrague.

Em quarto lugar, as iniciativas verdes frequentemente são descritas como justiça ambiental, mas é injusto aumentar os custos de eletricidade e transporte das pessoas pobres e impedir que elas tenham empregos e alimentem suas famílias em nome de um objetivo fictício. É igualmente injusto que pessoas com alto padrão de vida no Ocidente impeçam que pessoas na África e na América Latina usem usinas movidas a combustíveis fósseis e energia nuclear para melhorar suas vidas. Nenhum país deve ser impedido de usar tecnologia moderna para alcançar objetivos econômicos básicos, como água encanada e eletricidade confiável.

Em quinto lugar, o aumento da renda traz demanda por diversos bens, incluindo ar e água mais limpos. É por isso que países mais ricos têm ar e água mais limpos. Medidas que aumentam o crescimento econômico — como impostos mais baixos e regulamentações eficientes — resultam em mais inovação e um ambiente mais limpo.

As políticas verdes da Europa são altamente benéficas para a China, cujas emissões de carbono aumentaram em 5.000 milhões de toneladas métricas nos últimos 15 anos, ao passo que as emissões dos EUA diminuíram em 1.000 milhões de toneladas métricas. A China não concordou em começar a reduzir as emissões até 2027 e ainda está aumentando a construção de usinas movidas a carvão.

Os jovens, especialmente aqueles que participaram do Young Leaders Summit em Sundbyholm, sabem que a abordagem "de celebridade" para as mudanças climáticas é economicamente prejudicial e moralmente vazia. Eles desejam formas mais sensatas e práticas de ajudar o meio ambiente.

Uma maneira de fazer isso é plantar árvores, que duram décadas e, às vezes, séculos, e atuam como sumidouros de carbono. As árvores não aumentam os custos de eletricidade nem prejudicam as pessoas pobres, e são essenciais para nossa apreciação da natureza, como qualquer pessoa que tenha viajado pelo campo florestado para visitar Sundbyholm pode testemunhar.

O Young Leaders Summit despertou esperança por um futuro mais honesto e justo para toda a humanidade. Margaret Thatcher ficaria orgulhosa.

Diana Furchtgott-Roth é diretora do Center for Energy, Climate, and Environment da Heritage Foundation e professora adjunta de economia na George Washington University.

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