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A controvérsia contínua em torno da imigração, legal e ilegal, sufoca as descrições elogiosas feitas dos Estados Unidos por muito tempo como sendo uma “nação de imigrantes”, um “caldo cultural”. Ou e pluribus unum (“de muitos, um”, ou a ideia de que muitos se juntam para formar um). Gosto de perguntar às pessoas que são contra a imigração quando foi que imigrantes começaram a enfraquecer a economia americana. São comuns as respostas arrogantes que mencionam imigrantes “que roubam nossos empregos” ou incluem preconceito racial ou étnico. Achei engraçado o comentário de um parente meu: segundo ele, os imigrantes “viraram ruins depois que nosso povo chegou”.

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Vale recordar que até 1882 a política imigratória dos EUA era “que venham todos”. Ou seja, a imigração era irrestrita, mas os imigrantes tinham que trabalhar para sobreviver. As restrições começaram em 1882, quando foi promulgada a primeira de três leis de exclusão de chineses. A partir da década de 1890, o Congresso começou a debater mais restrições gerais, que se misturaram com vetos presidenciais e finalmente foram convertidas em lei na década de 1920. 

Qual é o problema da imigração, então? A que se devem todos os protestos? Por que uma nação de imigrantes reage com tanta veemência contra quem for o grupo imigrante alvo do dia/mês/ano? Imigrantes que trabalham, sejam eles legais ou ilegais, põem em jogo duas forças opostas que influem sobre o padrão de vida dos americanos. 

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"Os imigrantes roubam nossos empregos" 

Para começar, os trabalhadores imigrantes concorrem aos salários dos trabalhadores americanos. Esses americanos obviamente saem perdendo. Em segundo lugar, aqueles que compram os serviços desses imigrantes saem ganhando – tanto os empregadores dos imigrantes quanto os consumidores do que os imigrantes produzem. 

Um exemplo numérico simples mostra que a segunda força pesa mais que a primeira, ou seja, quando imigrantes supostamente “roubam nossos empregos”, eles aumentam o tamanho do bolo econômico dos americanos! É quando imigrantes não trabalham (ou seja, quando não cometem nenhum suposto roubo de emprego de americanos) que eles abaixam o padrão de vida geral dos americanos. Não é bem isso que ouvimos saindo da boca dos adversários da imigração. 

Suponhamos que, antes da imigração, os trabalhadores americanos no setor das batatas chips recebessem US$12 por hora. A chegada de um fluxo de imigrantes reduz os salários dos trabalhadores para US$8 por hora. Os trabalhadores americanos na produção de batatas chips vão se dividir em duas categorias. A primeira será a dos trabalhadores cuja capacidade de ganho é inferior a US$8 por hora. Esses americanos continuarão a ter emprego, perdendo a diferença total entre o salário por hora pré e pós-imigração (US$12 – US$8 = US$4). Seus empregos não terão sido roubados, apenas terão ficado menos lucrativos. 

O segundo grupo será formado pelos trabalhadores americanos com capacidade de ganho alternativo superior ao salário agora mais baixo (US$8) pago no setor das batatas chip, mas inferior ao que eles ganhavam antes da imigração (US$12). Também eles sairão prejudicados. Mas serão menos prejudicados que os do primeiro grupo, porque vão passar para a segunda melhor opção alternativa de emprego. 

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A imigração não coloca em risco os empregos de nenhum dos dois grupos de trabalhadores americanos. Os integrantes do primeiro grupo perderão US$4 por hora; os do segundo grupo, menos de US$4 por hora. Os empregos não são roubados, apenas se tornam menos lucrativos. A imigração não gera menos empregos. 

Imigrantes que trabalham trazem benefícios líquidos ao país 

O dinheiro que os trabalhadores americanos na produção de batata chips perdem é repassado aos imigrantes? Para muitas pessoas, a resposta é um enfático “sim”. Afinal, os imigrantes ganham e seus concorrentes americanos perdem. O que poderia ser mais óbvio, dizem essas pessoas? “Simples e óbvio”, mas não poderia estar mais distante da verdade. Os imigrantes recebem US$8 por hora, não a diferença entre o que seus concorrentes americanos ganhavam antes e depois da chegada dos imigrantes. 

O que acontece na realidade é que trabalhadores imigrantes mudam a divisão do bolo entre os americanos, desde os trabalhadores na produção de batatas chip até os empregadores e consumidores. Igualmente importante, esses imigrantes aumentam o tamanho do bolo para todos os americanos. Lembre que os americanos capazes de ganhar mais de US$8 por hora em outros setores deixaram de trabalhar na produção de batatas chips. Vamos supor que sua capacidade de ganho seja de US$10 por hora, em média. Isso significa que, enquanto esses trabalhadores americanos estavam produzindo as batatas chips, os americanos abriam mão de US$10 por hora de outras coisas que poderiam ter sido produzidas. Quando trabalhadores americanos que ganham US$10 por hora são substituídos por imigrantes que recebem US$8, isso significa que os americanos têm as batatas chips e ainda lhes sobram US$2 para comprar outras coisas. 

É como contratar um telhador profissional para consertar o telhado de sua casa, porque ele vai lhe custar menos do que lhe sairia consertar o telhado você mesmo, incluindo o valor de seu tempo. O telhador é como um imigrante que vem fazer um serviço em sua casa. De um jeito ou de outro o telhado é consertado, mas o fato de contratar o telhador, que custa menos do que lhe custaria consertar o telhado você mesmo, significa que lhe sobra mais dinheiro para outras coisas. Pagar menos também significa ter mais. 

O preço mais baixo das batatas chips também quer dizer que o consumo de chips que não era econômico ao preço mais alto das batatas chips passa a ser econômico. Isso eleva mais o padrão de vida americano. 

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Os empregadores e consumidores americanos de batatas chips ficam com uma fatia maior de um bolo maior. Os americanos que continuam a trabalhar na produção de batatas chips e os que passam para a segunda melhor oportunidade de emprego recebem uma fatia menor de um bolo maior. Uma maré econômica que está subindo não precisa elevar todos os navios econômicos. 

Tudo muda quando os imigrantes não trabalham. Os imigrantes podem ter um padrão de vida mais alto se dependerem dos benefícios sociais, sem trabalhar, mas seu almoço americano não sairá de graça para seus “anfitriões” americanos. Os americanos pagam a conta desse almoço. Nesse caso, o consumo de outras coisas por americanos não aumenta. Não há utilização de batatas chips para outras finalidades antes menos valorizadas. Há apenas impostos mais altos. Portanto, a lição a tirar de tudo isso para a imigração é “que venham todos, mas quem não trabalha não come”. Fim de papo. 

T. Norman Van Cott, professor of economia, recebeu seu Ph.D. da University of Washington em 1969. Antes de entrar para a Ball State University, ele lecionou na University of New Mexico (1968-1972) e no West Georgia College (1972-1977). Foi diretor de seu departamento entre 1985 e 1999. Suas áreas de interesse incluem teoria microeconômica, finanças públicas e economia internacional. Sua pesquisa atual é sobre o aspecto econômico das constituições.

Artigo publicado originalmente no site da Foundation for Economic Education. Republicado em português com autorização.

Tradução de Clara Allain 
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