Nesta semana, Don Lemon, da CNN, que passou as últimas semanas atacando o suposto racismo sistêmico dos Estados Unidos, recebeu o ator negro Terry Crews. Em seguida, ele começou a atacar Crews, que havia cometido o grande pecado de twittar: "#ALLBLACKLIVESMATTER Nove CRIANÇAS negras mortas pela violência em Chicago desde 20 de junho de 2020". Lemon criticou a hashtag de Crews.
Depois de Lemon humildemente informar Crews que ele tem a pele "tão dura quanto um tatu", ele então resolveu dar uma palestrinha: "O movimento Black Lives Matter foi iniciado porque tratava de brutalidade policial. … Mas não é disso que trata o Black Lives Matter. Não é… abrangente… O movimento Black Lives Matter trata da brutalidade policial e da injustiça nesse assunto, não do que está acontecendo em bairros negros. ”
Isso, é claro, é amplamente falso. O movimento Black Lives Matter realmente começou com protestos sobre a brutalidade policial, mas rapidamente abraçou debates mais amplos sobre a validade de saques e tumultos, derrubada de estátuas históricas, reparações pela escravidão e desfinanciamento da polícia.
E o Black Lives Matter, como Terry Crews corretamente apontou, nunca se restringiu à questão da violência policial: anunciou que também inclui direitos dos transgêneros, direitos dos gays, fim da família nuclear e libertação da Palestina, entre outros outros temas diversos.
Então, por que Lemon quis evitar com tanta veemência conversas sobre vidas negras? Por que, de fato, apenas algumas vidas negras são importantes, e não todas?
Essa não é apenas uma pergunta feita por conservadores. Está sendo feita em todo os Estados Unidos por negros americanos deixados à mercê dos criminosos, em grande parte graças à sinalização de virtude de muitos líderes e aliados na mídia do Black Lives Matter.
Em Washington, DC, a prefeita Muriel Bowser mandou pintar enormes letras amarelas formando a palavra "BLACK LIVES MATTER" na 16th Street. Os manifestantes rapidamente adicionaram "DESFINANCIE A POLÍCIA".
Um mês depois, Davon McNeal, de 11 anos, foi baleado na cabeça enquanto rumava para um churrasco em família neste 4 de julho. Seu avô, John Ayala, lamentou: “Estamos protestando por meses, durante semanas, dizendo: 'Black Lives Matter. Black Lives Matter. 'A vida negra importa apenas quando um policial mata uma pessoa negra. E o crime de negros contra negros que está acontecendo na comunidade?"
McNeal foi apenas uma das mais recentes vítimas de uma onda de violência que atingiu as principais cidades da América.
No fim de semana passado, pelo menos 89 pessoas foram baleadas em Chicago, deixando pelo menos 17 mortos. Os tiroteios na Filadélfia aumentaram 67%. Na primeira semana de junho, Los Angeles viu um aumento chocante de 250% nos assassinatos da semana anterior. Os tiroteios na cidade de Nova York dispararam 44% em relação aos números do ano passado; toda pessoa alvejada lá na semana de 29 de junho era de uma comunidade minoritária.
Acontece que a agenda do Black Lives Matter, que inclui a luta contra a polícia -- uma ideia adotada por prefeitos democratas e prefeituras dos Estados Unidos -- põe em risco a vida negra muito mais do que a presença da polícia.
Ainda assim, essas vidas não são particularmente importantes para os defensores do Black Lives Matter. Vidas negras são importantes somente quando se fala de brutalidade policial. Mas Lemon não dá espaço àqueles que procuram falar sobre outras ameaças às vidas negras -- que são igualmente importantes.
De fato, as estatísticas mostram que o assassinato diário de jovens de minorias nas principais cidades americanas é muito mais digno de nota do que a última discussão na TV sobre "fragilidade branca".
Mas o momento atual do Black Lives Matter não trata da vida de Davon McNeal, mesmo que a consequência das propostas recomendadas pelo Black Lives Matter seja a morte daqueles que não são protegidos pela polícia. Tudo o que importa é a narrativa de que os EUA são sistematicamente e estruturalmente o maior obstáculo para os americanos negros. E nem todas as vidas perdidas são igualmente valiosas na promoção dessa narrativa perversa.
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