O confronto entre manifestantes a favor da supremacia branca e antirracistas na pequena cidade americana de Charlottesville, no final de semana, deixou um saldo de três mortos e 19 feridos, chamando atenção para o avanço de grupos de extrema-direita no país. Segundo o um relatório do Southern Poverty Law Center, há 917 grupos de ódio ativos nos Estados Unidos. Isso inclui facções de neonazistas e grupos antimuçulmanos, anti-LGBT, anti-imigrantes, nacionalistas brancos, separatistas e skinheads, entre outros extremistas.
A organização estima que mais de 50% dessas facções tenham surgido de 2000 para cá, quando houve reforço na segurança das fronteiras após o ataque de 11 de setembro, a vitória do primeiro presidente negro nos Estados Unidos, Barack Obama, a recessão econômica, e, mais recentemente, a exaltação de preceitos supremacistas brancos e intolerância com imigrantes no discurso do presidente eleito Donald Trump. A Califórnia é o estado americano com mais grupos ativos, 79. Em seguida, aparecem os estados da Flórida (69) e Texas (55). Desde 2001, pessoas foram mais vítimas de extremistas de direita do que de radicais islâmicos nos EUA.
O governo americano classificou o incidente de Charlottesville como um “terrorismo doméstico”. "Você pode ter certeza de que vamos avançar a investigação para as acusações mais graves que possam ser feitas, porque este é um ataque sem dúvida inaceitável e maligno que não tem lugar na América", disse nesta segunda-feira (14) o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, durante um programa de TV da rede ABC.
Conheça os três principais grupos extremistas envolvidos no confronto de Charlottesville:
Alt-right
Também chamados de direita alternativa, os membros da facção Alt-right idolatram o presidente Trump e adoram provocar e deplorar o politicamente correto. Críticos os descrevem como nacionalistas ressentidos com os avanços dos direitos civis de negros, mulheres e o público LGBT. A ideologia tem como pilares a identidade branca e a civilização ocidental tradicional.
O ativismo do grupo acontece basicamente pela internet, através de jovens dispostos a provocar pessoas nas redes sociais, com bandeiras que para conter a imigração no país e manter a cultura branca preservada. No entanto, uma vez nas ruas, consideram que a violência física é inevitável.
O movimento tem raízes na Alemanha de 1930, mas foi contido na Segunda Guerra Mundial, até se espalhar pela Europa a partir dos anos 1980. Nos Estados Unidos, o grupo teve o crescimento alavancado pela campanha de Trump.
Ku Klux Klan (KKK)
Considerado o movimento supremacista branco mais temido nos Estados Unidos, o KKK foi formado por ex-confederados após a Guerra da Secessão (1864-1865), quando estados escravistas do Sul do país saíram derrotados do conflito. As duas primeiras palavras do nome do grupo “Ku Klux” vêm do grego “kyklos”, que quer dizer círculo. O termo “Klan”, por sua vez, faz referências aos velhos clãs e grupos familiares tradicionais.
A facção defende a supremacia branca no país e, após a Guerra Civil, passou a promover atos de violência e intimidação contra negros libertados. Já promoveram assassinatos, enforcamentos e linchamentos de negros. Do sul americano, o grupo conseguiu se projetar nacionalmente e hoje tem entre 5 e 8 mil membros em 130 facções pelo país. Hoje, a KKK também discrimina judeus, imigrantes e a população gay.
Neonazistas
O grupo se assume como extrema-direita e compartilha ideias contra judeus, como os nazistas da Alemanha de Adolf Hitler. Entre os grupos mais conhecidos nos Estados Unidos estão o Partido Nazista Americano, o Movimento Socialista Nacional, a Aliança Nacional e a Vanguard America, que participou do episódio ocorrido em Charlottesville.
Conforme o Southern Poverty Law Center, há pelo menos 99 grupos neonazistas espalhados pelos estados americanos.
Além dos judeus, os neonazistas, depois dos anos 1970, adotaram outros inimigos. É o caso dos imigrantes árabes e asiáticos perseguidos por skinheads.
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