Envolvida em um escândalo de assédio sexual, a Academia Sueca não concederá o prêmio Nobel de Literatura em 2018, segundo anunciou em um comunicado em seu site nesta sexta-feira (4). A instituição já se recusou a conceder o prêmio sete vezes, em anos de guerra e quando a determinou que nenhum dos indicados o merecia. A última vez que isso ocorreu foi há mais de seis décadas.
“A Academia Sueca pretende decidir e anunciar o Prêmio Nobel de Literatura de 2018 paralelamente à nomeação do laureado de 2019”, afirma o comunicado. “A crise na Academia Sueca afetou negativamente o Prêmio Nobel. Sua decisão ressalta a gravidade da situação e ajudará a salvaguardar a reputação de longo prazo do Prêmio Nobel”. A instituição ainda acrescentou que a concessão dos outros prêmios não será interrompida.
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O anúncio veio dias depois que a mídia sueca noticiou que o fotógrafo francês Jean-Claude Arnault, casado com uma das integrantes da academia, teria apalpado a princesa sueca Victoria em um evento da instituição em 2006. Arnault já havia sido acusado de assédio e abuso sexual por 18 mulheres em novembro. Ele também teria vazado os nomes de pelo menos sete ganhadores do Nobel, mas negou todas as acusações.
Em conexão com o escândalo, a chefe da academia, Sara Danius, renunciou, junto com vários membros.
Em uma declaração que concedeu na semana passada, a instituição reconheceu que estava “em estado de crise após um período de forte desacordo entre os membros sobre questões importantes”. A declaração foi uma avaliação surpreendentemente franca das falhas da organização em relação às denúncias de assédio sexual e à manutenção de acordos de sigilo antes do anúncio do vencedor, que é feito no início de outubro.
Mas no último sábado (28) os problemas da academia pioraram ainda mais, conforme surgiram detalhes sobre um suposto escândalo de assédio sexual. O jornal sueco Svenska Dagbladet citou três pessoas descrevendo o incidente de 2006 em que Arnault supostamente apalpou a herdeira do trono do país, Victoria.
Em resposta às revelações, a família real sueca expressou seu apoio ao movimento #MeToo, mas não comentou o incidente específico de 2006.
Em uma declaração anterior, na semana passada, a instituição que concede o Prêmio Nobel confirmou que obteve uma autorização jurídica para investigar se os membros seniores estavam cientes das acusações de assédio sexual e abuso antes de as denúncias se tornarem públicas.