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Nosso momento totalitário

A mudança proposta pela esquerda atual inclui uma presença maior do Estado nas relações individuais, o que só aprofunda a divisão da sociedade. (Foto: AFP)

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Os Estados Unidos parecem estar se desfazendo.

E estão mesmo.

A duas formas de se alcançar a união de um grupo. A primeira é criar padrões de conduta, aplicá-los com um mínimo de imposição e depois permitir a liberdade em todos os assuntos. Essa foi a visão fundadora do nosso governo federal.

De acordo com essa visão, concordamos em não nos intrometermos na vida uns dos outros e em não infringirmos a liberdade e a propriedade privada, e criamos um governo capaz de evitar que isso aconteça, punindo os infratores.

Assim, desde que cumpramos essas regras simples, somos livres para seguir com nossas próprias vidas. Estilos de vida diversos são capazes de coexistir dentro deste grupo amplo. A governança se torna, em grande medida, uma questão de localismo – lugares com valores homogêneos estabelecem outras regras para que as pessoas façam parte do grupo. Mas participar e continuar neste grupo mais amplo é fácil.

A visão fundadora de unidade pressupunha o caráter humano falho. As pessoas eram capazes de pecar individualmente e capazes de cometer pecados maiores quando contavam com o apoio do governo federal. A visão fundadora de unidade também pressupunha um acordo quanto aos direitos e à liberdade: nenhum homem tinha o direito de exigir nada de seu semelhante.

Além disso, a visão fundadora de unidade pressupunha que nossos laços mais fortes existiriam fora da esfera governamental — em nossas famílias, comunidades, igrejas.

A visão fundadora foi hoje abandonada e substituída pela busca de algo mais “satisfatório”: uma visão comunitária da realidade, na qual o desejo da multidão é visto como algo virtuoso, todos os homens têm o direito a se protegerem dos problemas da vida e das crueldades da história exigindo reparação do próximo; na qual nossos laços são forjados por uma força centralizadora.

Essa segunda forma de se alcançar união exige purificação. Esse caminho busca a homogeneidade no lugar da diversidade, padrões impostos de cima para baixo em vez do localismo. As regras para a inclusão não são amplas nem fracas — não se ganha acesso ao grupo apenas evitando se intrometer na vida, na liberdade e na propriedade alheia.

Você só passa a fazer parte do grupo por meio da obediência a um conjunto de regras cada vez mais rígidas. Politicamente, isso significa exigir um regime jurídico de extrema coerção. Culturalmente, isso significa guiar a multidão por meio de ideólogos, excluindo os infiéis.

Esse segundo modelo de governança é o proposto pela esquerda hoje. De acordo com essa visão de mundo, a diversidade de opinião não pode existir; a opinião única é um predicado para todas as transformações relevantes. Uma vez que o grupo esteja purificado, a transformação se dará com um estalar de dedos.

Nada de confrontos ou debates. O coletivo pode ser acionado rápida e eficientemente.

Esse segundo modelo de governança é totalitário por natureza e é rumo a esse modelo que hoje rumamos enquanto sociedade. Politicamente, os que negam que o coletivo deve ter o poder de se sobrepor aos direitos individuais devem ser punidos. Culturalmente, eles devem ser exilados. Eles devem ser considerados indignos.

Defender os direitos individuais neste clima significa ser visto como um defensor de privilégios. Negar o mal sistêmico dos Estados Unidos significa trair sua indignidade moral.

A grande ironia é que esse segundo modelo de união — os rituais totalitários de purificação que vemos diante de nós — jamais alcançará a unidade. Ele só conseguirá mais divisão porque as fracassarão em obter a pureza ideológica ou se recusarão a se curvarem diante das exigências ideológicas de eternos revolucionários.

Podemos concordar em conviver como indivíduos sob a tutela de direitos difusos. Do contrário, não conviveremos.

Ben Shapiro é apresentador do " Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.

© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês

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