A proporção de não casados é maior entre homens: enquanto 28% daqueles com 40 anos nunca tinha se casado em 201, entre as mulheres eram 22%| Foto: Pixabay
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O número de americanos com mais de 40 anos que nunca se casaram chegou ao nível mais alto desde que o censo dos Estados Unidos começou a analisar esses dados, há mais de cem anos. Uma análise do Pew Research divulgada no último mês aponta que, em 2021, a cada quatro pessoas residentes nos EUA com essa faixa etária, uma nunca tinha se casado. A taxa quebra o recorde de 2010, quando um quinto dos americanos de mais de 40 anos eram solteiros. O patamar mais baixo da série histórica foi em 1980, com apenas 6% de não casados nesta idade.

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Segundo o levantamento recente, apenas 22% dos não casados entre 40 e 44 anos de idade moravam com algum parceiro romântico no país. A pesquisa mostra também que a proporção de não casados é maior entre homens (28% contra 22% das mulheres), negros (46%; enquanto é de 20% entre brancos, 27% entre hispânicos e 17% entre asiáticos) e pessoas de baixa escolaridade. Enquanto um terço dos cidadãos de 40 anos com ensino médio ou menos nunca se casou, o índice é de 26% entre aqueles com alguma educação universitária e de 18% entre quem tem pelo menos bacharelado.

“A diminuição geral na proporção de pessoas de 40 anos que se casaram é especialmente notável porque a proporção de pessoas de 40 anos que concluíram pelo menos um diploma de bacharel foi muito maior em 2021 do que em 1980 (39% contra 18%). Pessoas de 40 anos com escolaridade mais alta têm maior probabilidade de se casar, mas o crescimento desse grupo não reverteu a tendência geral de adiar ou desistir do casamento”, acentua Richard Fry, pesquisador de economia e educação do Pew Research, responsável pela análise.

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A partir dos dados, ele aponta que as pessoas nascidas na década de 1960 têm abandonado o casamento ou adiado cada vez mais essa decisão. Fry recorda que, em 2001, 20% dos não casados aos 40 anos acabaram se casando aos 60. “Se esse padrão se mantiver, uma parcela semelhante de pessoas de 40 anos que nunca se casaram se casarão nas próximas décadas”, prevê.

Além de razões sociais e mudanças culturais, o fator econômico é apontado entre as principais razões para o boom de não casados nos EUA. Especialistas em família, como a terapeuta de casamento Bridgette Reed, apontam que os homens não se sentem preparados para uma união se não estiverem prosperando financeiramente. “A maioria dos homens negros sente que precisa de um certo nível de estabilidade financeira para se casar. Quando sentem o peso da pressão financeira, casar é o último da lista”, afirma ela, com base em atendimentos que realiza em Dallas.

Por outro lado, pesquisas mostram robustas vantagens econômicas do casamento, como a redução de 80% da probabilidade de pobreza infantil. Nesse sentido, a promotora de políticas da Heritage Foundation (um think tank conservador norte-americano com sede em Washington DC), Genevieve Wood, afirma que “o declínio da taxa de casamento nos EUA é um problema real. “Isso tem um impacto significativo em todos e cada um de nós – desde a quantidade de impostos que pagamos até o nível de criminalidade em nossos bairros. Décadas de estatísticas mostraram que, em média, os casais casados ​​têm melhor saúde física, mais estabilidade financeira e maior mobilidade social do que os solteiros”, explica.

Para Wood, algumas políticas públicas podem ajudar a reverter a tendência negativa nos EUA, como a eliminação da penalização dos casamentos. “Essa é a parte do código tributário em que duas pessoas são mais tributadas se forem casadas do que se forem solteiras”, detalha. Também é preciso rever, na opinião dela, programas assistenciais que incentivam famílias monoparentais.

“A sociedade civil – incluindo organizações comunitárias, escolas e locais de culto religioso – deve fazer sua parte para garantir que a próxima geração entenda os fatos concretos sobre os benefícios do casamento e os custos de famílias desfeitas. Com esse conhecimento, as pessoas podem fazer escolhas melhores”, afirma.

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Brasileiro se casa e se divorcia mais

No Brasil, embora o número de casamentos tenha registrado um aumento em 2021, o índice de divórcios também cresceu no período. De acordo com a pesquisa “Estatísticas do Registro Civil 2021”, divulgada no início deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados de cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, houve 932,5 mil casamentos no país em 2021, 175,3 mil a mais do que em 2020. Apesar disso, o número anual de casamentos não retornou ao patamar pré-pandemia: entre 2015 e 2019, a média anual era de mais de 1 milhão de uniões legais.

Em 2021, o país registrou 386,8 mil divórcios (judiciais ou extrajudiciais), o que representa uma alta de 16,8% em relação ao ano anterior, a maior variação da última década (em 2011, o aumento havia sido de 45,4%). Com isso, a taxa geral de divórcios subiu de 2,15 (a cada mil pessoas com 20 anos ou mais na população) em 2020 para 2,49 em 2021. O tempo médio atual entre o casamento e o divórcio é de 13,6 anos. Os homens se separam mais tarde (com 43,6 anos em média) que as mulheres (40,6 anos).

Especialista em Políticas Públicas para a Família pela Universidade Internacional da Catalunha, além de fundador e diretor-executivo da Ong Family Talks – que apoia políticas públicas de fortalecimento das famílias em favor do desenvolvimento social –, Rodolfo Canônico explica que o Brasil segue uma tendência mais observável na América Latina. “Ainda não há um desinteresse generalizado no casamento, mas há cada vez mais rupturas, uma diminuição no tempo médio de casamentos e um aumento de famílias monoparentais”, observa.

Embora seja difícil prever o futuro, em um momento de mudanças culturais, Canônico destaca que, também por aqui, as pessoas estão mais sozinhas, em lares cada vez menores e mais fragmentados. “Com um apoio cada vez menor para ter filhos, as taxas de natalidade têm apresentado queda. A associação entre esses fenômenos relacionados ao casamento e às taxas de natalidade vão levar a um envelhecimento populacional. Essa é a grande consequência que já vemos acontecendo na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, que começa a acontecer aqui”, ressalta.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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