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“O Anjo do Mossad” relembra batalha de Israel pela sobrevivência

Cena do filme "O Anjo do Mossad", disponível na Netflix
Cena do filme "O Anjo do Mossad", disponível na Netflix (Foto: Nick Briggs/Netflix/Divulgação)

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Ao lado da CIA e da KGB, o Mossad israelense compõe a tríade das agências de inteligência preferidas do cinema – sempre envoltas em uma aura de mistério, e capazes das ações mais espetaculares para fazer prevalecer os interesses de suas nações. “O Anjo do Mossad”, produção do Netflix lançada em 2018 e atualmente disponível para o público brasileiro, é mais um filme a jogar luz sobre a agência de espionagem de Israel. Desta vez, entretanto, a história é verdadeira – pelo menos a maior parte dela, já que o diretor israelense Ariel Vromen se permite alguma dose de criatividade.

O filme, que se passa nos anos 1970, conta a história de como Ashraf Marwan, genro do presidente egípico Gamal Nasser, se transformou em um espião a serviço de Israel. Além do dinheiro, que era bem-vindo, ele queria evitar uma nova guerra entre os dois países. A derrota humilhante do Egito na Guerra dos Seis Dias, em 1968, ainda estava fresca na memória, e a hostilidade entre os dois países estava em ascensão quando Gamal Nasser morre de ataque cardíaco e é substituído por Anwar Sadat, mais moderado. Com isso, Marwan ganha tempo em sua tentativa de impedir o conflito.

A aproximação entre Marwan e os agentes israelenses se desenvolve gradualmente, repleta de desconfiança mútua. Mas a desconfiança é superada pelo interesse das duas partes de evitar uma guerra imprevisível – embora tivesse superioridade militar sobre o Egito, Israel estava cercado de inimigos árabes que poderiam se aliar aos egípcios. A luta do jovem estado judaico pela sua afirmação em território hostil, aliás, é o pano de fundo do filme, e também merece atenção.

Além de oferecer duas horas de entretenimento de qualidade, “O Anjo do Mossad” provoca um debate interessante sobre a moralidade da espionagem e da mentira como estratégias de defesa nacional. O filme tem o mérito de não ser simplista em meio a uma situação complexa como a da geopolítica do Oriente Médio. Pelo mesmo motivo, pode parecer confuso para o espectador pouco familiarizado com detalhes geográficos e figuras históricas mencionadas na obra, dirigida pelo israelense Ariel Vromen.

O elenco foge do comum para produções de Holywood: o protagonista é interpretado por um ator holandês de origem tunisiana. Afora Toby Kebell, que interpreta o agente do Mossad encarregado do contato com, Marwan, não há rostos conhecido do público ocidental.

Por fim, a história contada em “O Anjo do Mossad” é interessante devido a fatores que o filme não mostra exceto nas explicações pós-créditos: depois de ter colaborado em segredo com o Mossad, Ashraf Marwan construiu uma carreira como diplomata e empresário em Londres. Apenas em 2002 é que seu papel como espião foi revelado. Cinco anos depois, aos 61 anos, foi encontrado morto em circunstâncias até hoje não explicadas, mas que apontavam para um assassinato. Até hoje não há consenso se ele era apenas um espião a favor de Israel ou se na verdade atuava como agente duplo.

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