Imagem da cidade Habbariyah, no Sul do Líbano, atingida por mísseis israelenses por ter servido de base para ataques vindos do Hezbollah: grupo terrorista iraniano que atua no Líbano está prejudicando a economia local| Foto: EFE
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O Ministro da Economia e Comércio do Líbano, Amin Salam, informou algo preocupante em sua visita a Abu Dhabi: “Vai levar anos e vai ser preciso muito dinheiro para nos recuperarmos”, disse ele, ao comentar os conflitos fronteiriços iniciados pelo Hezbollah.

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O país tem uma imensa dependência do ingresso de turistas e das visitas de libaneses que vivem no exterior e que afluem ao Líbano durante o verão. No entanto, os longos quase sete meses de ataques do Hezbollah a Israel e da retaliação deste geraram sérias dúvidas sobre a entrada de turistas no verão que se aproxima.

A contínua presença dos conflitos nas manchetes e as advertências de diversos governos para que seus cidadãos evitem viajar ao Líbano colocam em risco a necessária recuperação econômica do país dos cedros. O índice de cancelamentos é muito grande e as provocações do Hezbollah só pioram a situação. O turismo de verão costuma trazer cerca de US$ 7 bilhões ao país (equivalente a R$ 36 bilhões na cotação atual), sendo esta a mais importante fonte de moeda estrangeira.

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Mas não é só a receita de turismo que está em risco. Os ataques do Hezbollah e a retaliação de Israel afastaram inúmeros agricultores do campo, o que gerou a perda de US$ 2,5 bilhões de dólares (R$ 13 bilhões) para economia do país. Algumas dezenas de milhares de pessoas abandonaram o Sul do Líbano desde o dia 7 de outubro de 2023, quando o Hezbollah passou a aterrorizar o Norte de Israel, em apoio ao Hamas. Isto levou o exército israelense a retaliar o Hezbollah — cabe lembrar que o Hezbollah ocupa grande parte do Sul do Líbano. A população começou a se revoltar.

Um exemplo da revolta da população local ocorreu na cidade fronteiriça de Rmeish, onde a tensão entre os residentes e membros do Hezbollah se ampliou quando estes tentaram lançar foguetes contra Israel a partir de áreas próximas a residências, provocando apreensão entre os habitantes locais sobre as potenciais repercussões. Jovens locais tocaram o sino da igreja, num sinal para que o grupo Hezbollah recuasse.

O sacerdote local enfatizou “a total inadequação de colocarem mísseis entre as casas” enfatizando “a determinação dos moradores em permanecer na cidade, e não abandonar nem suas terras nem seus pertences”.

Um outro grave problema é a animosidade da população com a imensa massa de refugiados provenientes da Síria, que gera desestabilização e confrontos nas grandes cidades. Cerca de 800 mil sírios fugiram da guerra civil para o Líbano, competindo com os locais por trabalho — o que gerou queda de renda — e por moradia, que levou ao aumento significativo dos aluguéis. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou neste sábado (13) que tão logo áreas na Síria sejam consideradas seguras, os refugiados serão deportados.

A crise econômica levou à desvalorização abismal da lira libanesa. Hoje, para comprar meros US$ 100 são necessárias 8.955.450,00 liras libanesas. Enquanto isso, o novo salário mínimo a partir deste mês, passa a ser 18.000.000,00 de libras libanesas, ou R$ 1.000,00.

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Marcos L. Susskind é é ativista comunitário, palestrante e guia de turismo em Israel.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]