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Epaminondas defende Pelópidas, pintura de William Rainey, 1910
Epaminondas defende Pelópidas, pintura de William Rainey, 1910| Foto: Domínio público

O antigo orador e estadista romano Cícero o rotulou como "o principal homem da Grécia". Cornélio Nepos, um biógrafo e contemporâneo de Cícero, o considerava "incorruptível". Montaigne, filósofo francês da Renascença, o julgou "um dos três homens mais dignos e excelentes" de toda a história.

Esse homem foi um guerreiro-filósofo, um revolucionário, um asceta, um estadista e diplomata, um libertador e um gênio militar. No entanto, os feitos pelos quais ele é mais lembrado se estenderam por menos de duas décadas (379–362 a.C.), há 2.400 anos.

De quem estou falando?

Seu nome era Epaminondas. Se esse nome não soa familiar, você não está sozinho. Fora da Grécia, poucas pessoas hoje em dia o conhecem. Eu nunca tinha ouvido seu nome até abril passado, quando um amigo economista, Dr. Luke Jasinski da Universidade Maria Sklodowska em Lublin, Polônia, sugeriu que eu escrevesse sobre ele. Luke diz que ele:

"...era um homem de mente aberta com uma tendência libertária, um visionário que mostrou ao mundo grego uma alternativa viável às guerras intermináveis da época. Para os libertários modernos, sua história vale a pena ser lembrada. Impressionado por ela, dediquei um dos meus livros de economia a ele."

O que sabemos sobre Epaminondas vem inteiramente de fontes secundárias. Ele não deixou escritos que tenham sobrevivido, mas a partir de contemporâneos e historiadores posteriores, sabemos pelo menos isso sobre ele:

  • Ele nasceu na cidade-estado grega de Tebas, na região central da Grécia, Beócia, em algum momento entre 419 e 411 a.C., quando Tebas era um pequeno rincão. Seria em grande parte devido a Epaminondas e seu leal amigo e colega general Pelópidas que Tebas se tornaria uma potência algumas décadas depois.
  • Esparta, a brutal cidade-estado que governava a região grega do Peloponeso, orquestrou um golpe contra o governo de Tebas em 382 a.C. e instalou uma guarnição armada lá. Três anos depois, Epaminondas desempenhou um papel crucial em uma revolução que pôs fim à ditadura espartana, restaurando o governo local e democrático.
  • Na esteira da revolução tebana, Esparta entrou em guerra com Tebas e seus aliados beócios durante a década seguinte. Quando as negociações de paz fracassaram em 371 a.C., o cenário estava montado para a batalha decisiva de Leuctra. Através de táticas magistralmente inovadoras no campo de batalha, Epaminondas levou os exércitos tebanos, em menor número, a uma vitória decisiva sobre os espartanos.
  • Para acabar de vez com a ameaça espartana, Epaminondas invadiu o Peloponeso um ano depois. Ele libertou a região da Messênia que os espartanos haviam ocupado e devastado dois séculos antes. Epaminondas não subjugou os messênios; em vez disso, introduziu o governo democrático e então se retirou. Gratos por sua libertação, os messênios tornaram-se aliados de Tebas e um tampão contra os espartanos. Pouco tempo depois, Epaminondas fundou uma nova cidade no norte do Peloponeso e a nomeou Megalópolis. Com Esparta reduzida e contida, seus dias como ameaça estavam contados.

Meu amigo polonês, Dr. Jasinski, acredita que a vitória de Epaminondas sobre Esparta preparou o terreno para o progresso econômico:

"Graças aos seus talentos diplomáticos, foi formada uma coalizão de cidades-estado beócias para se defenderem contra uma ameaça comum. A vitória de Tebas marcou o fim da dominação espartana e elevou Tebas à posição de líder regional. Vale a pena mencionar que os tebanos não pretendiam substituir Esparta na posição de valentão regional. Eles visavam se libertar da ocupação espartana. Como resultado, Tebas e outras cidades beócias puderam contar com o desenvolvimento econômico, devido, entre outras coisas, ao fato de que essas terras abundavam em solo fértil. A agricultura, então a base das economias antigas, pôde se desenvolver mais livremente, o que influenciou positivamente a prosperidade e o desenvolvimento de contatos comerciais."

O falecido Donald Kagan (1932–2021) foi um dos maiores estudiosos da Grécia antiga, lecionando em Cornell e Yale. Ele observou que, na década de 370 a.C., Tebas (e Beócia como um todo) passou de "um baluarte da oligarquia para um sistema notavelmente democrático". Ele afirmou que Epaminondas foi o maior responsável por isso.

O historiador de Oxford G. L. Cawkwell também oferece elogios a Epaminondas:

"Na política, ao contrário da moral, os homens estão sempre escolhendo entre males, e todas as políticas têm algumas consequências ruins. Suas ações devem ser julgadas em relação ao que elas impediram. Estabelecer o poder da Beócia e acabar com a dominação espartana do Peloponeso foi o máximo e o melhor que um beócio poderia ter feito."

Infelizmente, as conquistas de Epaminondas foram de curta duração. Tebas foi forçada mais uma vez a enfrentar uma Esparta ressurgente. Epaminondas venceu a Batalha de Mantineia contra os espartanos em 4 de julho de 362 a.C., mas morreu devido aos ferimentos. Tebas nunca produziu outro homem tão grande quanto ele.

Menos de três décadas depois, os macedônios conquistaram Tebas e absorveram a cidade e o resto da Grécia em um império crescente que Alexandre, o Grande, estenderia dos Bálcãs à Índia.

Após a morte de Epaminondas, os tebanos ergueram uma estátua em sua homenagem. Embora essa estátua tenha desaparecido, sabemos que sua inscrição dizia o seguinte:

"Por meus planos, Esparta foi despojada de sua glória e a sagrada Messênia finalmente recebeu de volta seus filhos. Pelas armas de Tebas, Messênia foi fortificada, e toda a Grécia tornou-se independente e livre."

Nada mal para um legado, ainda que fugaz.

Copyright 2024 FEE - Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês: The Man Who Ended the Tyranny of Sparta

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