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O lockdown, os evangélicos e a vida após a morte

Ao menosprezar os evangélicos, o psicólogo Steven Pinker prega o ateísmo e ignora a luta deste grupo pela liberdade. (Foto: PIxabay)

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Na semana passada, o professor de psicologia em Harvard Steven Pinker tuitou:

A crença numa vida após a morte é uma ilusão maligna, já que ela desvaloriza as vidas reais e desestimula a ação que as prolongaria e as tornaria mais seguras e felizes. Prova A: o que está por trás do desejo dos republicanos de reabrir a economia? Os evangélicos.

Antes de responder ao tuíte incrivelmente ignorante de Pinker, tenho de elogiá-lo. Ele é um dos poucos professores norte-americanos a apontarem a destruição que a esquerda está causando em nossas universidades.

À maioria dos seres humanos falta coragem, mas nenhum grupo é mais covarde do que o dos acadêmicos. É assim há 100 anos.

Desde as universidades alemãs até os dias de hoje, os professores quase nunca assumem uma posição que requeira coragem. Na verdade, pode-se dizer que, quando você manda seu filho para a faculdade, ele aprende com um covarde a ser covarde.

Há dois anos, Pinker escreveu:

As universidades estão se transformando em covis de intolerância, com palestrantes não-esquerdistas silenciados por multidões enfurecidas, professores submetidos a investigações stanilistas por opiniões dissonantes, manuais ridículos sobre “microagressões” (como dizer “acredito que a pessoa mais qualificada deve ficar com o emprego"), alunos assediando um professor que os convidou a discutirem as fantasias de Halloween, e assim por diante. Esses incidentes têm atraído a zombaria do mundo e arruinado a credibilidade de cientistas e estudiosos quando eles se debruçam sobre assuntos importantes, como as mudanças climáticas.

É preciso coragem para que um professor escreva que nossas universidades são “covis de intolerância”, que elas promovem “investigações stalinistas” e que atraem a “zombaria do mundo”.

Depois de elogiar Pinker, agora vou responder ao tuíte dele.

Antes de mais nada, “A crença numa vida após a morte é uma ilusão maligna...”

Não sou cristão nem evangélico. Sou um judeu religioso que escreve e dá aulas sobre a vida após a morte. Minha crença na vida após a morte se baseia num argumento lógico: se há um Deus justo, é axiomático pressupor que exista uma vida após a morte. Não há muita justiça nesta vida, então, se Deus é justo, tem de haver uma vida após a morte.

Há apenas uma resposta honesta de um ateu a isso: “Deus não existe, então não existe vida após a morte. Mas, se Deus existe, você tem razão e deve haver vida após a morte”.

A crença na vida após a morte, então, não é “ilusão” maior do que a crença em Deus. Mas é necessária uma arrogância pouco sofisticada para desprezar a fé de que o mundo é planejado e que a inteligência tem de ser criada por uma inteligência.

Fiquei decepcionado com Pinker, que respeito por suas análises corajosas e com quem já conversei em meu programa de rádio. O tuíte dele revela quão raso é o ateísmo.

Na verdade, eu diria que o ateísmo é que é uma “ilusão maligna”.

Sobre a tal da ilusão, perguntei a um dos maiores pensadores norte-americanos da segunda metade do século passado, Charles Krauthammer, um agnóstico secular, o que ele pensava do ateísmo. Para minha surpresa, ele respondeu:

Acredito que o ateísmo seja a menos plausível de todas as teologias. Ela é claramente o contrário do possível. A ideia de que todo o Universo sempre existiu e se criou sozinho? Digo, isso é o que chamo de irracionalidade.

Quanto à acusação de que a crença é “maligna”, embora existam, claro, bons ateus, o ateísmo é moralmente inútil. Ele não faz exigências morais, enquanto o judaísmo e o cristianismo propõem um Deus que exige que as pessoas obedeçam, por exemplo, os Dez Mandamentos.

O ateísmo não querer nada. Ele apenas destrói as bases morais judaico-cristãs na civilização ocidental, bases que deram ao mundo a democracia, a liberdade, os direitos das mulheres e puseram um fim à escravidão.

Na verdade, os cristãos são os maiores defensores da civilização ocidental, enquanto os colegas ateus de Pinker em Harvard são os maiores oponentes dessa mesma civilização. Como Pinker explica isso? O que exatamente é uma “ilusão maligna”?

Por fim, cristãos evangélicos que se opõem ao lockdown não se opõem ao confinamento irracional, motivado pelo medo e destruidor de vidas — que deve resultar em mais mortes pelo mundo e em partes dos Estados Unidos do que o vírus em si — porque acreditam na vida após a morte.

Isso é uma estupidez e uma mentira. Isso mostra que até Pinker vira um tolo por causa do ateísmo.

Ninguém que conheça de fato os evangélicos acredita que eles se oponham à continuidade do lockdown porque valorizam menos a vida do que os defensores seculares do confinamento.

Os evangélicos amam seus filhos e netos menos do que os ateus? Os evangélicos não fazem todo o possível para salvar vidas? Há hospitais e médicos evangélicos trabalhando nos países mais pobres do mundo. Onde estão os hospitais ateus?

Os evangélicos se opõem ao lockdown porque eles, mais do que qualquer outra grande comunidade norte-americana, acreditam na liberdade. Sem a comunidade evangélica, jamais recuperaremos a liberdade.

Desde antes do nascimento dos Estados Unidos, a liberdade é uma pedra basilar porque sempre foi também uma pedra basilar do cristianismo. Os Fundadores gravaram um versículo em defesa da liberdade tirado da Bíblia (Levítico25:10) no Sino da Liberdade.

Ao mesmo tempo, de Lênin a Soros, passando pelo Partido Democrata de hoje, a liberdade nunca foi um valor esquerdista.

Para Pinker e seus colegas, a famosa frase de Patrick Henry, “me dê liberdade ou me dê a morte”, princípio essencial da nossa República, deve soar como uma baboseira. Deve ser produto de uma ilusão maligna.

Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.

© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês

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