Em geral a palavra empatia nos remete a uma característica inata de alguém muito simpático que consegue se comunicar com qualquer um.
Mas a proposta de “O poder da empatia”, do historiador Roman Krznaric, é ensinar a ativar o “cérebro empático”, algo que ele garante ser possível a todos – e capaz de mudar o mundo.
O autor defende que a empatia combina elementos afetivos e cognitivos, ou seja, extrapola o mero sentimento, sendo diferente da compaixão, que é uma “reação emocional não compartilhada”.
Seguindo uma tradição anglo-saxã de manuais de auto-ajuda, o que torna a publicação bastante didática, o livro tem a vantagem de se aprofundar mais do que o normal em suas quase 300 páginas.
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Primeiro, lança mão de um apanhado histórico em que não faltam nomes como Thomas Hobbes, Adam Smith, Freud, Darwin, e outros menos conhecidos, como o filósofo inglês Herbert Spencer. A obra de cada um desses pensadores trouxe algum tipo de aprofundamento na filosofia egocêntrica dominante hoje – com destaque para Spencer, cuja teoria da “sobrevivência dos mais aptos” é amplamente utilizada para aplacar o sentimento de culpa dos mais ricos, já que sua riqueza seria resultado de sua superioridade.
Depois de lembrar desses “pais fundadores do egoísmo”, Krznaric cita vários exemplos de gente que fez experimentos radicais para entender a vida dos outros, especialmente dos que sofrem.
“Precisamos ir além da Regra de Ouro [“trate os outros como gostaria de ser tratado”] e nos voltar para o que se tornou conhecido como a Regra de Platina: “Trate os outros como eles gostariam que você os tratasse”.
Foi o caso do alemão Günther Wallraff, que passou parte dos anos 1980 disfarçado de imigrante turco, trabalhando em lugares sórdidos para depois relatar as privações por que eles passam no livro “Cabeça de turco”.
Ação!
O que Krznaric sugere não é que você largue tudo agora mesmo e vá limpar banheiros de lanchonete. Pequenos “atos empáticos” podem ajudar a abrir a cabeça para a realidade do outro, como ler livros sobre aqueles que sofrem; ver filmes ou fotografias documentais; até mesmo jogos de videogame podem ser instrumentos empáticos (como “That Dragon: Cancer ou PeaceMaker”, em que o objetivo é encontrar uma solução pacífica para o conflito palestino).
Nossas convicções:
A finalidade da sociedade e o bem comum
Partindo para a prática, ele alerta sobre o perigo de se projetar nossas experiências e ideias sobre os outros. Esse engano está calcado na famigerada “regra de ouro” (“trate os outros como gostaria de ser tratado”]. O melhor, diz, seria a regra de platina: tratar os outros como ELES querem ser tratados.
Uma dica seria anotar durante um mês qual das duas regras você está usando em suas interações. Outra seria descobrir traços nos outros que você não compartilha, ao invés de só buscar as semelhanças.
Algo mais “radical” seria praticar a arte da conversação fazendo comentários mais corajosos sobre sua vida e a do outro. “Férias empáticas” incluiriam viajar para lugares em que a vida seja muito diferente.
Num nível mais avançado, você pode criar organizações como uma “biblioteca” de pessoas dispostas a conversar – em vez de um livro, você “retira” uma pessoa por uma hora para conhecer.
Atitudes como essas, defende o autor, são necessárias não apenas para que o mundo fique um pouco melhor, mas porque, segundo ele, “nosso bem-estar depende de sairmos de nossos próprios egos e entrarmos na vida de outros”.
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