Ouça este conteúdo
Na noite de 09 de novembro de 1938, na Alemanha Nazista, ocorreu a chamada Noite dos Cristais ou Kristallnacht. Era o início do processo de matança indiscriminada — começando com os judeus. Milhões de pedaços de vidros estilhaçados, brilhando à luz da noite, deram o nome a esta matança e destruição. Naquela noite, 1240 sinagogas foram destruídas e queimadas; todas as escolas judaicas, os hospitais, sete mil lojas pertencentes a judeus foram saqueadas e queimadas; 30 mil judeus enviados a campos de concentração; 91 judeus assassinados; e 638 judeus se suicidaram para evitar a morte por marretadas e outras formas violentas.
No amanhecer de 07 de outubro de 2023, na fronteira entre Gaza e Israel, um massacre cruel chacinou 1400 judeus, queimou suas casas e destruiu suas plantações. Foram sequestradas 246 pessoas, desde bebês de nove meses, dois e três anos, crianças de quatro a sete anos, adolescentes, velhos, homens e mulheres, doentes e inválidos. Nada escapou à crueldade copiada dos mais abomináveis nazistas, do Estado Islâmico e da Al Qaeda.
Em ambas ocasiões as vítimas foram os judeus. O que começou na Alemanha contra os judeus, se expandiu para outras minorias e posteriormente atingiu a humanidade. O custo foi imenso para os judeus: um de cada três judeus foi exterminado, mas houve outros 38 milhões de civis que perderam sua vida. Caso o terror islâmico não seja contido, a história irá se repetir. Não há erro na frase anterior — não escrevi “poderá se repetir” e sim “irá se repetir”.
O que começa com os judeus nunca acaba só com judeus. Um avião da israelense El Al foi sequestrado em 1968 (o único sequestro de um avião israelense). Depois disso, houve dezenas de sequestros com mortes de passageiros e tripulantes, bem como explosão de aeronaves da Suíça, França, Bélgica, Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Grécia, Coréia e outros. O primeiro homem-bomba se explodiu em frente de israelenses em 1983. Depois, o mundo sofreu com homens-bomba em metrôs, shopping centers, restaurantes, discotecas e museus. Só no ano de 2015 foram registrados 248 ataques em 21 países, atingindo desde a Espanha até o Chade, da França até a Nigéria. O mesmo ocorre com atropelamentos intencionais, com esfaqueamentos, com carros-bomba e até com cartas-bomba. A história se repete: começa contra os judeus mas se expande até onde jamais se pensou.
O mundo pouco se importou com ataques a muitas sinagogas judaicas. Posteriormente tivemos os ataques a igrejas em Christchurch (Nova Zelândia), em Kaduna (Nigéria), na Indonésia, no Iraque, em Londres, Estrasburgo, Nice e Lyon. Os islamitas sunitas sofreram com ataques de xiitas a mesquitas no Irã, na Síria e no Iraque, com milhares de mortes, enquanto xiitas viram suas mesquitas destruídas com muitos mortos em Bagdá, no Paquistão e na Arábia Saudita.
Quando a população do mundo aceita as atrocidades contra judeus, ela está endossando um método de ação do qual será vítima.
No Sábado Negro sofrido por Israel, 1400 judeus foram mortos, milhares mutilados. Dezenas de milhares tiveram de abandonar suas casas, tornando-se refugiados dentro de seu próprio país. O silêncio de muitos e as pavorosas manifestações de apoio aos terroristas do Hamas são um claro indício de um mundo doente. Houve até quem vibrasse. Mas a história mostra repetidamente que, se não for contido, o terror não ficará restrito aos judeus. A Kristallnacht foi o prelúdio da maior matança da história, porque o ódio não foi contido no nascedouro. O Sábado Negro de 7 de outubro de 2023 pode ser um novo início se o mundo novamente se calar.
A luta pela derrota total do terror palestino não deveria ser restrita a Israel. Caso se restrinja a isso, infelizmente não vai demorar a chorarmos massacres de outros povos.
Nesta noite de 9 para 10 de novembro vamos deixar uma luz acesa em nossos lares. Vamos livrar o mundo dos ódios da Noite dos Cristais e do Sábado Negro. Lembrando que a luz é o único antídoto à escuridão e que o racismo é uma das formas mais nefastas de comportamento humano.
Marcos L Susskind é radialista e guia de turismo em Israel