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opinião

O pior inimigo dos negros

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Malcolm X foi um clérigo muçulmano e ativista dos direitos humanos. Nascido em 1925, ele encontrou a sua morte pelas mãos de um assassino em 1965. Malcolm X foi um corajoso defensor dos direitos civis dos negros, mas, ao contrário de Martin Luther King, não era exatamente indulgente com os brancos por seus crimes contra os negros nos Estados Unidos. 

Ele não descartava a violência como um instrumento para conquistar direitos humanos e civis. Seus detratores, tanto brancos quanto negros, o acusaram de pregar o racismo e a violência. Apesar da controvérsia, ele foi considerado um dos maiores e mais influentes norte-americanos negros. 

Muitos negros dos Estados Unidos têm um respeito enorme por Malcolm X. Várias escolas levam seu nome e muitas ruas foram renomeadas em sua homenagem, dentro e fora do país. Porém, enquanto muitos norte-americanos negros honram Malcolm X, um de seus ensinamentos básicos permanece amplamente ignorado. Acho que é uma lição importante, por isso vou citar um trecho extenso dela. 

Diz Malcolm X: 

O pior inimigo do negro é aquele homem branco que circula por aí babando o seu amor pelos negros e se dizendo progressista. Foi seguindo esses progressistas brancos que se perpetuaram os problemas que os negros têm. Se o negro não tivesse sido pego, enganado ou ludibriado pelo progressista branco, os negros teriam se unido e resolvido seus próprios problemas. Cito essas coisas apenas para mostrar a vocês que, nos Estados Unidos, a história do progressista branco não tem sido nada além de uma série de trapaças projetadas para fazer os negros pensarem que quem resolveria seus problemas seria o progressista branco. Nossos problemas nunca serão resolvidos pelo homem branco. 

Há um detalhe histórico que aqueles que são muito mais jovens do que eu (tenho quase 83 anos) não conhecem. Na história negra, fomos chamados – e nos chamamos – de vários nomes diferentes. Entre os mais respeitados estiveram “de cor” (colored), Negroblack, “afro-americano” e “africano-americano”. 

Eu me lembro de quando estudava na Stoddart-Fleisher Junior High School, no fim dos anos 1940, e a professora Viola Meekins fez a nossa turma vistoriar página por página de um livro didático, corrigindo cada vez que a palavra Negro aparecia com um “n” minúsculo. Na época de Malcolm X – e na minha – Negro era um nome do qual nos orgulhávamos e que não usávamos de maneira zombeteira como os negros fazem hoje. 

Malcolm X estava absolutamente certo a respeito de encontrarmos as soluções para os nossos próprios problemas. Os problemas mais devastadores que os negros enfrentam hoje não têm nada a ver com a nossa história de escravidão e discriminação. O primeiro deles é a desagregação da família negra, já que 75% dos negros nascem de mães solteiras, frequentemente muito jovens. Em algumas cidades e bairros, a porcentagem de nascimentos fora do casamento chega a mais de 80%. 

Na verdade, “desagregação” não é a palavra certa. A família negra mal chega a se formar. E esse é um fenômeno inteiramente novo entre os negros. 

De acordo com a Enciclopédia de Ciências Sociais de 1938, naquele ano apenas 11% das crianças negras tinham nascido de mães solteiras. Em 1950, lares chefiados por mulheres constituíam apenas 18% da população negra. Hoje esse número está perto de 70%. 

Em épocas bem anteriores, durante o final do século XIX, havia apenas diferenças muito pequenas entre a estrutura da família negra e a de outros grupos étnicos. Em Nova York, em 1925, pai e mãe estavam presentes em 85% dos lares negros. A assistência social incentivou as mulheres jovens a ter filhos fora do casamento. O estigma social associado à gravidez fora do casamento já vai longe. 

Além do mais, casamentos forçados na base da espingarda são coisa do passado: era quando os membros homens da família de uma jovem faziam o garoto que a engravidou assumir as suas responsabilidades. 

As altas taxas de crimes em tantas comunidades negras impõem altos custos pessoais e transforaram comunidades prósperas em terrenos baldios do ponto de vista econômico. Nem a Ku Klux Klan conseguiria sabotar as oportunidades de excelência acadêmica para os negros com tanta eficiência quanto o sistema público de educação na maioria das cidades. A política e os progressistas brancos não vão resolver esses e outros problemas. 

Como dizia Malcolm X, “nossos problemas nunca serão resolvidos pelo homem branco”. 

Walter E. Williams é professor de Economia na George Mason University e colunista do The Daily Signal

Tradução de Felipe Sérgio Koller 

©2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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