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Geopolítica

O poderio militar dos EUA perde terreno para a China, diz relatório

China vs. EUA
China investiu em mísseis prontos para alvejar navios de guerra, incrementou caças e preparou equipamentos que rivalizam com poderio bélico dos EUA. (Foto: Bigstock / tanaonte)

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Um novo relatório oferece uma visão perturbadora do poderio militar do Partido Comunista Chinês, um dia após as renovadas incitações do Presidente Xi Jinping à "reunificação" da China e Taiwan.

"Resolver a questão de Taiwan é um assunto para os chineses, um assunto que deve ser resolvido pelos chineses", disse Xi sábado, à abertura da sessão do XX Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês em Pequim.

"Vamos continuar a lutar pela reunificação pacífica com a maior sinceridade e o máximo esforço, mas nunca prometeremos a renúncia ao uso da força, e nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias", disse Xi.

A Heritage Foundation publicará nesta terça a edição 2023 do seu Índice do Poderio Militar dos EUA, um documento de quase 600 páginas que examina e avalia o poderio militar do país enquanto o compara ao de outras nações, tais como a China, o Irã e a Rússia. (O Daily Signal é a organização noticiosa multimídia da Heritage Foundation.)

O relatório alerta que as forças armadas dos EUA "estão sob um risco crescente de ficarem aquém das demandas da defesa dos interesses vitais dos EUA" e são "avaliadas como fracas em relação à força necessária para defender interesses nacionais num cenário global contra os desafios reais no mundo tal como é, em vez de como gostaríamos que fosse.

"A saúde das Forças Armadas é ainda mais importante porque a ameaça existencial dos EUA — a República Popular da China — está expandindo sua força e sua influência global com a argúcia de serpentes", escreve no prefácio o presidente Heritage Foundation, Kevin Roberts. E acrescenta:

A China investiu num arsenal de mísseis desenhados para alvejar os navios de guerra dos EUA, incrementou sua frota de caças e preparou equipamentos avançados que rivalizam em qualidade com o poderio bélico dos EUA.

Os experts em inteligência dos EUA estimam que a China ultrapassou os EUA em mísseis hipersônicos, sistemas espaciais e construção naval. Iniciou um massivo aumento em suas capacidades nucleares.

Dakota Wood, pesquisadora sênior no Instituto Davis de Segurança Nacional e Relações Internacionais, da Heritage Foundation, mandou um email ao Daily Signal avisando que a China está levando "muito a sério ter as forças mais avançadas possíveis."

"Dada a diferença em níveis e configurações, as suas forças armadas, que estão sempre em expansão, terão uma vantagem consistente em números em comparação ao que os EUA são atualmente capazes de enviar a milhares de milhas de distância", disse Wood sobre o regime comunista.

"Tendo isso em mente, as forças armadas dos EUA seriam duramente pressionadas para defender os nossos interesses nacionais e as nossas obrigações na região Indo-Pacífica, dado o nosso tamanho menor, a idade do nosso equipamento e a falta de prontidão em vários elementos importantes no âmbito militar."

Dean Cheng, que, até a sua recente aposentadoria, era o pesquisador da Heritage para questões políticas e militares da China, alerta para o crescimento dos armamentos convencionais do Exército Libertador Popular da China.

"As quase duas décadas de crescimento de dois dígitos no orçamento de defesa oficialmente reconhecido resultaram num abrangente programa de modernização que beneficiou cada parte do [Exército Libertador Popular]", escreve Cheng. "Isto foi complementado por melhorias no treinamento chinês militar e, em 2015, na maior reorganização na história [do Exército chinês]."

Em 2015, a reorganização do Exército Libertador Popular resultou no "estabelecimento de quartéis e burocracias separadas no Exército. Antes, o Exército era o serviço padrão na provisão de quadros e comandantes," escreve Cheng.

Cheng explica que o Exército Libertador Popular "não está mais automaticamente encarregado de zonas de guerra ou das funções de postos avançados", e "modernizou constantemente suas capacidades, incorporando novos equipamentos e uma nova organização."

"Mudou de uma estrutura baseada em divisões para uma baseada em brigadas, e tem aprimorado sua mobilidade, incluindo infantaria e apoio de fogo helitransportados", escreve Cheng no índice. "Essas forças estão cada vez mais equipadas com modernos veículos blindados armados, defesas aéreas, artilharia de campanha ou de foguetes, bem como equipamentos eletrônicos de apoio."

Em contraste, o equipamento do Exército dos EUA está perdendo sua vantagem competitiva frente a adversários como a China e a Rússia, que "têm arsenais muito mais substanciais de mísseis e foguetes convencionais, de precisão, lançados do solo", diz Thomas Spoehr, um tenente-general aposentado do Exército que agora dirige o Centro de Defesa Nacional da Heritage.

O Índice do Poderio Militar dos EUA, agora em seu oitavo ano, também aponta a força crescente da Marinha chinesa, a maior da Ásia e maior do que a Marinha dos EUA, com mais "navios de força de batalha", definidos como "os tipos de navios que completam o tamanho cotado da Marinha dos EUA."

"Embora o número total de navios tenha caído, [a Marinha chinesa] levou ao mar navios cada vez mais sofisticados, capazes de muitas funções", escreve Cheng.

Ele também aponta que a Marinha chinesa "tem modernizado sua força submarina", bem como "expandido suas capacidades de assalto anfíbio" e "suas capacidades de aviação naval".

A Marinha dos EUA tem 10 porta-aviões classe Nimitz e um classe Ford. O porta-aviões classe Ford deve ser levado a campo pela primeira vez neste outono, diz o relatório da Heritage.

"Enquanto a Marinha dos EUA luta para construir, manter e tripular uma frota de 11 porta-aviões, a China está alcançando rápido tanto em número quanto em capacidade de plataforma" escreve Brett Sadler, um pesquisador sênior de guerra naval e tecnologia avançada do Centro de Defesa Nacional, da Heritage.

Sadler explica que o "mais novo porta-aviões [da China], o tipo 003, como o classe Ford, usará catapultas eletromagnéticas que darão à sua alçada um nível maior, diminuindo muito a diferença de capacidade [entre os países]."

Tal como a Marinha, a Aeronáutica chinesa é a maior da Ásia, com mais de 1.700 aeronaves militares, diz o relatório. A Aeronáutica da China se desenvolveu até se tornar "uma que é capaz de projeção de poder, inclusive ataques precisos de longa distância a alvos terrestres, bem como marítimos."

Um relatório do Departamento de Defesa apontou no ano passado:

Ainda que eles atualmente tenham um poder de projeção limitado, ambas [i. e., a Aeronáutica e a aviação naval chinesas] estão tentando estender o seu alcance.

[A Aeronáutica chinesa], em particular, recebeu repetidos chamados de sua liderança para que se tornasse uma verdadeira força aérea "estratégica", capaz de projetar poder a longas distâncias e apoiar os interesses nacionais chineses aonde quer que se estendessem.

O Índice do Poderio Militar dos EUA também aponta que a China expandiu seus mísseis nucleares estratégicos e sua frota submarina de mísseis balísticos, além de "trabalhar num míssil de cruzeiro submarino."

"Como resultado de seu empenho na modernização, as forças nucleares chinesas parecem estar passando de uma postura dissuasora minimalista, útil só para responder a ataques de número limitado, a uma postura dissuasora mais robusta, mas ainda assim limitada", escreve Cheng.

Patty-Jane Geller, analista sênior de políticas de defesa nuclear e de mísseis da Heritage, enfatiza a crescente capacidade nuclear da China:

A China completou sua tríade nuclear com o acréscimo de um bombardeiro estratégico com capacidade nuclear, está preparando centenas de mísseis balísticos de teatro de operação no Indo-Pacífico que podem atacar as bases dos EUA e territórios aliados com precisão, e está testando e preparando armas hipersônicas de capacidade nuclear, incluindo uma que orbitou o globo num sistema de bombardeio orbital fracionado (FOBS, na sigla em inglês) antes de ser lançado para planar até o seu alvo.

As capacidades cibernéticas e espaciais da China se consolidaram na reorganização de 2015 como parte da Força de Apoio Estratégico do Exército Libertador Popular, que efetivamente criou a força de "guerra informacional" chinesa que, segundo Cheng, é "responsável por operações ofensivas e defensivas nos domínios eletromagnético e espacial."

"No começo de 2022, o satélite Shijian-22 levou um outro satélite chinês, quebrado, para um 'cemitério' acima da órbita geossíncrona", escreveu Cheng. "Embora tenha sido divulgado oficialmente como uma operação de manutenção, a capacidade de atrelar um satélite a outro e então lançá-lo também tem potenciais consequências militares."

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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