Quando os girondinos, grupo que representava a face mais “conciliadora” da Revolução Francesa, se sentaram à direita da Assembleia Nacional Constituinte de Paris para defender o estabelecimento de uma monarquia constitucional – uma alternativa moderada à radicalidade dos jacobinos, posicionados à esquerda -, em 1789, certamente não vislumbravam um mundo no qual pessoas do mesmo sexo solicitariam o direito de se casar. É de se esperar que, à época, mesmos os mais ávidos companheiros de Robespierre considerassem a possibilidade um disparate, bem como a ideia de que homossexuais pudessem adotar crianças.
Ainda que, no alvorecer da Era Contemporânea, as definições de “direita” e “esquerda” tenham nascido da contraposição entre a defesa da continuidade, da moderação e da manutenção, ainda que parcial, do status quo, e o clamor por mudanças radicais que reorganizariam por completo a sociedade, mais de dois séculos depois, estes termos tão comuns ao vocabulário político abrangem uma vasta gama de posicionamentos que não se restringem sequer ao papel atribuído ao Estado. Eis a primeira razão pela qual a pesquisa publicada no último domingo (3), pelo jornal O Globo, intitulada “A cara da democracia”, é provavelmente um retrato restrito não apenas do público, mas sobretudo das próprias visões políticas que pretende analisar.
Conduzida pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), a pesquisa entrevistou presencialmente 2.538 eleitores em 201 cidades em todas as regiões do país e, de largada, diz revelar "duas pistas da cabeça do eleitorado: opiniões majoritariamente de direita, conservadoras ou 'linha-dura' - cada vez menos envergonhadas - convivem, pontualmente, com visões de mundo mais vinculadas à esquerda, aos direitos humanos ou à diversidade". Ainda que admita que "a construção do que é ser de direita ou esquerda faz parte do dia a dia político e seus significados sofrem alterações ao longo do tempo", o texto não se furta em associar à direita pautas que dividem liberais e conservadores de diversas matizes. Mal comparando, é como colocar no mesmo balaio um libertário e um monarquista, cujas visões acerca do papel Estado são fundamentalmente opostas mas, ainda assim, são associados à “direita”. Isso sem falar na própria definição de “conservadorismo”, associado a posições “linha dura”, que sejam consideradas as nuances que cada posicionamento implica.
Segundo a pesquisa, por exemplo, “a maioria dos brasileiros tem posicionamentos conservadores em temas como redução da maioridade penal (70% a favor) e legalização do aborto (73% é contra), mas se posiciona contra a pena de morte (53%) e apoia tanto o casamento entre pessoas do mesmo sexo (49%) quanto, ainda de forma mais intensa, a adoção de crianças por casais homoafetivos (56%)". Cada posicionamento desses exige uma análise menos simplista sobre qual seria uma verdadeira visão conservadora. Mas é preciso analisar com base obras de autores renomados e não apenas em perfis de redes sociais.
O que significa ser conservador
Uma das tentativas mais abrangentes e assertivas de retratar a origem das divergências políticas é a obra do economista americano Thomas Sowell, “Conflito de Visões”. De partida, o renomado intelectual reconhece que, no cerne das diferentes opiniões que dividem liberais, libertários, conservadores, progressistas e comunistas – e toda sua gama de “variantes” - há uma questão essencial para que se escape de reduções grosseiras: “Um olhar mais atento aos argumentos utilizados pelos dois lados mostra que, em geral, essas pessoas estão raciocinando a partir de premissas fundamentalmente diversas. (...) Eles têm visões distintas sobre como o mundo funciona”.
Contrapondo os escritos do filósofo político britânico William Goodwin e os do filósofo e economista Adam Smith, Sowell identifica duas “lentes” distintas para enxergar o mundo: a visão irrestrita e a visão restrita. Para os adeptos da primeira, representados por Goodwin, a natureza humana é perfectível - isto é, pode e deve ser melhorada e pode chegar à perfeição. Para os que compartilham da “visão restrita” de Smith, ao contrário, o homem possui limitações morais intrínsecas que não podem alteradas, de modo que “o desafio moral e social fundamental consiste em fazer o melhor possível dentro dessa limitação, em vez de gastar energia em uma tentativa de se mudar a natureza humana”.
“Na visão restrita, em que tudo o que esperamos são as contrapartidas, a prudência é uma das tarefas mais elevadas. (...) Na visão irrestrita está implícita a ideia de que o potencial é muito diferente do que é real, e isso significa que existe para aprimorar a natureza humana rumo a seu potencial, ou que tal recurso pode ser desenvolvido ou descoberto, para que o homem faça a coisa certa pela razão certa, em vez de agir por posteriores recompensas psíquicas ou econômicas”, explica Sowell.
Em se considerando a definição de “conservadorismo” feita por um de seus maiores expoentes da modernidade, o britânico Michael Oakeshott, fica claro como a visão restrita identificada por Sowell tende a estar associada a esta corrente política: "Ser conservador é, pois, preferir o familiar ao estranho, preferir o que já foi tentado a experimentar, o fato ao mistério, o concreto ao possível, o limitado ao infinito, o que está perto ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao perfeito, a risada momentânea à felicidade eterna. (...) Significa viver dentro dos limites do patrimônio, usufruir dos meios possíveis à riqueza, contentar-se com a necessidade de maior perfeição que é exigida a cada um em dada circunstância".
Outra tentativa de compreender o que está por trás das diferenças ideológicas resultou na Teoria dos Fundamentos Morais, desenvolvida pelo psicólogo Jonathan Haidt. Em seu livro, “A Mente Moralista: Por que as pessoas boas se separam por causa da política e da religião?” (Editora Alta Books), cuja síntese foi apresentada por Haidt em uma palestra na conferência TED Talk em 2012, o psicólogo explica que, ao analisar um extenso escopo de culturas, estudos antropológicos, correntes filosóficas etc, percebeu a existência de cinco “instintos morais” aos quais o ser humano tende a responder instintivamente; com base, inclusive, em predisposições genéticas: cuidado, justiça, lealdade ao grupo, autoridade e pureza.
Em suma, pessoas que são, naturalmente, mais abertas à novidade e, portanto, tendem a ser mais progressistas, dão muito valor à justiça (também entendida como “equidade”) e ao cuidado com o próximo, mas quase nenhuma importância à lealdade grupal, autoridade e pureza; enquanto pessoas que valorizam a estabilidade e tendem ao conservadorismo valorizam os cinco itens. Nesta reportagem, a Gazeta do Povo destrincha como há, de fato, um abismo moral entre a imprensa e a população. Além disso, é possível identificar a predileção pelos “canais morais” de justiça e cuidado à visão irrestrita de Sowell, associada aos que acreditam em soluções permanentes para problemas universais – a insistência na proibição dos “discursos de ódio”, como se o sentimento em si pudesse ser extirpado da terra, é um belo exemplo. Por outro lado, o respeito à ordem e à autoridade como formas de contenção da inevitável falibilidade humana são associáveis à visão restrita e ao conservadorismo.
Disto não decorre, contudo, que os conservadores não estejam preocupados com questões de justiça ou cuidado, mas que tendem a equilibrá-los com outros elementos também indispensáveis para a convivência (o próprio Haidt avalia que todas as sociedades que evoluíram e prosperaram contam com membros capazes de operar nos “cinco canais”). Não à toa, o filósofo político Russell Kirk, um dos pais do conservadorismo contemporâneo, afirma que “a permanência e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade vigorosa”.
Cabe retomar, por fim, o alerta do próprio Kirk acerca da definição do conservadorismo: “Portanto, senhoras e senhores, caso estejais procurando por algum ‘Manual Infalível do Conservadorismo Puro’ - ora, estais perdendo o vosso tempo. O conservadorismo, não sendo uma ideologia, não tem nenhum gabarito presunçoso, estimada criação de algum terrível simplificador, ao qual o cândido devoto da salvação política possa recorrer toda vez que tiver alguma dúvida”. O que nos leva aos elementos avaliados pela pesquisa.
O papel da escola e da família na educação
A militarização das escolas (anseio de 67% dos ouvidos pela pesquisa) e a opinião de que se deve ensinar a rezar e acreditar em Deus (84%) não, por exemplo, bandeiras conservadoras para a educação. “Não existe isso de que um conservador quer que os alunos rezem na escola, porque conservadorismo não é religião. E o conservadorismo não tem a ver com a ideia de que as escolas militarizadas são melhores que as outras, mesmo porque, se ele se pauta por uma tradição, as escolas tradicionalmente não são ambientes militarizados. Muito pelo contrário, são ambientes de liberdade, de ensino, pedagógicos e não propriamente de regras rígidas e militarizadas, como uma escola militarizada vai preconizar”, defende o colunista da Gazeta do Povo Paulo Cruz, que é palestrante sobre educação e professor de Filosofia e Sociologia em escolas estaduais e privadas de São Paulo.
“Educar, no sentido conservador do termo, é transmitir para a nova geração o legado das gerações anteriores, o máximo daquilo que foi aprendido e os erros cometidos também”, salienta. Nesse sentido, a grande crítica da direita se dá mais no âmbito da nova pedagogia, que “rejeita não somente a ideia da importância dos conhecimentos, mas também a das exigências, a da autoridade do docente e das regras de conduta, assim como as referências a uma cultura compartilhada”, como define a pedagoga sueca Inger Enkvist, em seu livro Repensar a Educação.
“A nova pedagogia passa a advogar um ensino para transformar o cidadão, ou para criar cidadãos melhores, e abandona a tradição de educação, que privilegia o ensino da tradição histórica do país e do mundo”, explica Cruz. Como afirma Enkvist: “A nova pedagogia não se interessa pela criatividade das grandes personalidades históricas: prefere a expressão da criatividade no aluno”. Além disso, “não leva em consideração a experiência de muitas gerações com relação à importância do professor para criar entusiasmo pelo conhecimento”, o que, na opinião da autora, é um erro.
“As crianças aprendem mais com a ajuda dos adultos que de seus colegas porque os adultos sabem mais e ensinam melhor. Entre pares, somente de vez em quando costuma ser obtido um bom resultado, mas não há garantias. O trabalho em equipe entre companheiros deixa de fora a retroalimentação, muito importante para a aprendizagem, porque os alunos ignoram se sua resposta é correta ou não”, explica a pedagoga, com base em um estudo norte-americano sobre o pensamento infantil.
Mais do que as disciplinas, acrescenta Enkvist, nessa corrente pedagógica o foco são as diferenças sociais entre os alunos. “Decidiram que a escola deve se transformar no lugar no qual se resolve de uma vez para sempre o problema da desigualdade entre indivíduos. (...) O pedagogismo se opõe a toda seleção e a qualquer livre opção de tom qualitativo. Concebe o conceito de igualdade na educação como igualdade não tanto de oportunidades como de direitos. Os jovens aprendem a não ter que assumir as consequências derivadas de seus atos. As transgressões na esfera pública não somente não se sancionam, como também não é infrequente que sejam celebradas como uma genialidade”, critica.
A defesa do meio ambiente
Quando se fala em preservação do meio ambiente no Brasil, a associação com a esquerda é quase automática, mas sua ligação com o conservadorismo é, inclusive, etimológica. Conservador vem do latim “conservare”, ou seja, “manter intacto, guardar, preservar”, palavras caras também à causa do meio ambiente, como lembra o ativista ambiental Jota Júnior, membro da Youth Climate Leaders.
“O conservadorismo, em sua essência, não é uma ideologia. Quando o Bolsonaro fala que não vai demarcar um centímetro de terra indígena, isso é ideologia, não tem a ver com ciência ou com análise situacional. A visão conservadora exige uma análise circunstancial e situacional”, defende. “O problema é que o conservadorismo acabou se afastando de pautas tomadas pela esquerda. Mas eu defendo que precisamos oferecer perspectivas acerca de pautas sociais, como questões raciais e LGBT, por exemplo”, completa Jota.
Segundo a pesquisa, na área ambiental os brasileiros tendem a ser mais de “esquerda” ao rejeitarem supostos “temas caros ao bolsonarismo”, como a liberação de mais agrotóxicos (83% são contra) e a permissão para mineração nas terras indígenas (72% discordam). O ambientalista Jota Júnior, que se define como conservador, é favorável aos agrotóxicos - embora seja contra o PL 6.299/2002 e a favor da demarcação de terras indígenas. “A análise de dados mostra que, quando o objetivo é a preservação da floresta, as terras indígenas têm sucesso, com menos de 1% de desmatamento. O conservadorismo é muito mal comunicado através da mídia, com esse conservadorismo de rua, brutamontes, como o do Bolsonaro. A pesquisa traz rótulos que me colocariam na esquerda”, pondera Jota.
Guilherme de Carvalho, um dos fundadores da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência, critica conservadores que desprezam as árvores e zombam dos verdes”. “Cuidar da família, da mulher, do nascituro e do meio ambiente: todos pertencem à mesma lógica da mordomia da criação, da ética do cuidado, de um conservadorismo generoso”, reforça.
O tema, inclusive, merece um capítulo inteiro no best-seller “Como ser um conservador”, de Roger Scruton, que é considerado por alguns o “guru da nova direita brasileira”. “[Conservadores] acreditam que a coisa mais importante que os vivos podem fazer é radicar-se, construir um lar e deixá-lo como legado para os filhos. Oikophilia, o amor pelo lar, serve à causa do ambientalismo”, afirma.
Scruton acredita em conquistas concretas, em pequena escala, “que mudariam a face da Terra” caso reproduzidas em escalas maiores, por sua ligação com um “motivo natural - o vínculo compartilhado com um lugar comum e com os recursos que oferecem para os que nele vivem”. É nesse sentido que ele separa o conservadorismo das “formas de ativismo ambientalista em voga”. “Ambientalistas radicais têm uma tendência a definir as finalidades em termos globais e internacionais, e apoiam organizações não governamentais e grupos de pressão que lutarão contra as predadoras multinacionais no território delas e utilizando armas que prescindem da soberania nacional.”
A defesa da vida e da dignidade humana
Ao contrário do que indica a pesquisa publicada pelo O Globo, também não há uma contradição entre ser contra o aborto e não desejar a prisão de uma mulher que tenha abortado. “É possível se posicionar moralmente contra o aborto com bastante firmeza e não achar que uma mulher deve ser presa, não vejo relação. O criminoso vai preso porque tem uma culpa diante da sociedade, precisa ser isolado do convívio social para não cometer mais crimes e precisa reparar. No caso de uma mulher que toma a decisão de abortar, esses critérios não são muito óbvios. Ela faz mais pelo desespero, por várias razões, é muito mais da natureza psicológica do que psicopata. Mas é moralmente grave, moralmente ilícito, não precisa ser criminoso para estar errado”, defende o professor de filosofia Francisco Razzo, autor do livro “Contra o Aborto”.
A educação da consciência moral para a dignidade da vida do nascituro, portanto, tem mais valor para o conservadorismo nesse debate. “O liberalismo tende a transformar a moralidade em foro íntimo, em privacidade, como se fosse uma experiência subjetiva, e é errado. Moral é o que tece nossas relações na sociedade e fundamenta, inclusive, alguns princípios fundamentais do Direito”, reforça Razzo.
É próprio do conservadorismo analisar e compreender as situações em suas particularidades. Assim, ainda que o aborto seja um atentado contra a vida humana em todas as etapas da gestação, Razzo defende que haja punição quando praticado em fases mais avançadas. “Uma mulher com seis, sete meses que enfia uma agulha na barriga, aí acho um caso limite de ter que responder penalmente e talvez ir presa mesmo”, analisa.
Nossas convicções: A dignidade da pessoa humana
Outro tema comumente ligado à direita é a defesa da pena de morte. Embora muita gente que se considera conservadora expresse opiniões favoráveis, a dignidade da vida e a desconfiança natural do Estado (que, em última instância, decidiria quem vive e quem morre) são alguns dos valores do conservadorismo atentados pela pena capital. Mesmo que a dignidade moral possa ser livremente perdida, ela também pode ser recuperada por decisão do indivíduo, mas nunca retirada. Assim, mais eficiente que a pena de morte seria o fim da impunidade, a celeridade na Justiça e a adoção de penas proporcionais à gravidade dos crimes.
O problema das drogas e da segurança pública
Tão problemática quanto a associação da pena de morte ao conservadorismo é à da frase “bandido bom é bandido morto”, rejeitada por 59% dos entrevistados na pesquisa e associada a posições “linha-dura” na segurança pública, que incluem a redução da maioridade penal (70% de aprovação). Enquanto a primeira incorre em uma distorção do conservadorismo, a segunda não representa sequer uma unanimidade na direita – que inclui liberais, libertários e afins -, tal como ocorre com a descriminalização das drogas.
Tome-se, como exemplo, os escritos do economista austríaco Ludwig von Mises: “É fato notório que o alcoolismo, o cocainismo e o morfinismo são inimigos mortais da vida, da saúde e da capacidade de trabalho e de lazer; e o usuário deveria, por conseguinte, considerá-los vícios. (...) Não é de modo algum evidente que tais intervenções do governo sejam de fato capazes de suprimir tais vícios; e, mesmo que este objetivo fosse atingido, não é nada evidente que tal intervenção não irá abrir uma caixa de Pandora de outros perigos não menos nocivos que o alcoolismo e o morfinismo”.
Alguém que se declare "de direita" pode, portanto, posicionar-se em qualquer um dos polos no tocante à maioridade penal ou à descriminalização das drogas. Imbuído de uma visão circunstancial, calcada na experiência e na moralidade, um conservador pode, por exemplo, posicionar-se contra as drogas com base nas experiências fracassadas de outros países, ou ter visões pontuais acerca de usos específicos destas substâncias.
O casamento LGBT
“O casamento fornece uma âncora (…) no caos do sexo e dos relacionamentos a que todos somos propensos. Fornece um mecanismo para estabilidade emocional, segurança econômica e a criação saudável da próxima geração”. Assim o jornalista britânico Andrew Sullivan defendeu, em um famoso artigo publicado em 1989, que a união entre pessoas do mesmo sexo poderia ser abraçada por conservadores.
Não se pretende, aqui, entrar em discussões religiosas acerca do assunto nem nos elementos que justificam a intervenção do Estado na relação entre dois adultos. Ocorre que a pesquisa publicada por O Globo parece assumir que entre os autodeclarados conservadores, “linha-dura” e supostamente contrários à diversidade, haveria uma ampla rejeição aos homossexuais. Mas o artigo de Sullivan mostra que o tema ainda é controverso. Ou seja, um conservador alinhado com o autor seria considerado de esquerda pela pesquisa.
Outro exemplo recente que parte de um autor apreciado entre conservadores brasileiros aparece na conversa entre o psicólogo canadense Jordan Peterson e o jornalista Dave Rubin, que é homossexual e pai de dois filhos. “Eu nunca forçaria uma igreja, mesquita ou sinagoga a realizar um casamento que fosse contra suas crenças, mas da perspectiva secular, se você não der às pessoas a mesma oportunidade de estar em um relacionamento duradouro e aprender tudo o que conversamos [a importância de relações estáveis e duradouras para o amadurecimento pessoal], o que sobra para elas?", declara Rubin, a certo ponto. Ao que Peterson comenta: “Quem sabe o que pode acontecer quando você não tem permissão para ser quem é? Parece bastante provável que [nessa situação] um excesso de rebeldia comece a parecer atraente”.
Rubin, então, reforça sua crença na família como elemento essencial à sociedade e diz se solidarizar com conservadores que, hoje, lutam contra o autoritarismo dos ativistas queer. Há, inclusive, quem defenda que a rejeição popular ao casamento gay se deve sobretudo a estes excessos, que descambam para a defesa de cirurgias de transição sexual em crianças e o completo apagamento do termo “mulher”, por exemplo.
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