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Livre mercado

O que é o “Manifesto Capitalista”, elogiado por Elon Musk

Arranha-céus no distrito financeiro de Madri, na Espanha
Arranha-céus no distrito financeiro de Madri, na Espanha: liberdade econômica produz riqueza (Foto: Kiko Huesca/EFE)

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Duas décadas atrás, o historiador Sueco Johan Norberg fez sucesso com um livro que apresentava o capitalismo como superior a todas as alternativas. 'Em Defesa do Capitalismo Global' demonstrou como o avanço do livre mercado e do comércio internacional levou o mundo a um período de progresso sem precedentes.

Agora, Norberg volta à carga com o seu recém-lançado 'Manifesto Capitalista — por que o Livre Mercado Global vai Salvar o Mundo', ainda sem tradução em português.

A obra recebeu elogios do bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e dono do X (antigo Twitter). “Este livro é uma explicação excelente de como o capitalismo não é apenas bem-sucedido, mas moralmente correto", ele escreveu em 23 de outubro.

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O título do livro é uma referência ao 'Manifesto Comunista', de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado em 1848. Nele, os autores pregam uma revolução violenta e dizem que "os proletários nada têm a perder a não ser suas correntes."

O livro de Norberg mostra que, há muito, boa parte dos trabalhadores deixou as correntes sem que fosse preciso fazer uma revolução armada.

Por que o capitalismo venceu

O “manifesto” no título da obra de Norberg é na verdade uma reapresentação dos argumentos clássicos a favor do capitalismo. Justamente por se basear em dados empíricos e não em uma ideologia que pretende reunir adeptos, o texto não aparece na forma panfletária ilustrada por Marx e Engels.

Mas é possível produzir um resumo baseado nos argumentos centrais do livro.

  • 1. O capitalismo é, de longe, o melhor sistema econômico para combater a miséria.
  • 2.  A explosão na geração de riquezas nos 200 anos tornou o mundo mais saudável, mais pacífico e mais educado.
  • 3. O dinheiro traz felicidade – as pessoas são mais felizes nos países capitalistas.
  • 4. O governo não deve financiar o setor privado.
  • 5. O mundo seria pior sem os super-ricos.
  • 6. O socialismo não funciona porque a centralização destrói a eficiência econômica.
  • 7. A preservação do meio-ambiente depende da inovação gerada pelo capitalismo. 

O livro também inclui um capítulo dedicado a responder às objeções da direita antiliberal segundo a qual o capitalismo, embora eficiente economicamente, leva à degradação social e ao abandono da virtude. Esse tipo de argumento se tornou mais frequente na última década. "O mercado vai sempre atingir o resultado econômico mais eficiente, mas algumas vezes o resultado econômico mais eficiente vai contra o bem comum e o interesse nacional", disse o senador republicano Marco Rubio em 2019.

Norberg, entretanto, afirma que o progresso material não está ligado à decadência moral. Na verdade, diz ele, os países mais prósperos são também os mais generosos e caridosos. O princípio é o de que, quando se tem dinheiro, é possível se preocupar com outras coisas que não o dinheiro.

Fora isso, os argumentos do novo livro de Norberg — pesquisador do Instituto Cato, um think tank libertário em Washington — são muito parecidos com os de 20 anos atrás. Na verdade, os avanços promovidos pelo livre mercado prosseguiram desde que “Em Defesa do Capitalismo Global” foi lançado. Norberg mostra que, entre 2000 e 2022, o índice de pobreza extrema passou de 29,1% para 8,4% da população mundial.

Uma mensagem repaginada

Se o novo livro não traz grandes novidades, por que publicá-lo? Segundo Norberg, porque de tempos em tempos as pessoas parecem se esquecer do benefício da liberdade econômica. O escritor afirma que a pandemia provocou uma retração do capitalismo mundo afora. Políticos de esquerda e direita parecem reticentes quanto ao poder do livre mercado. 

“Pelo menos a cada 20 anos nós precisamos de um manifesto capitalista que argumente a favor da liberdade econômica, aplicado aos problemas e conflitos da era presente", Norberg escreve.

O livro traz um relato convincente, acompanhado por dados que demonstram os benefícios de uma economia livre. É verdade que a obra tem algumas passagens questionáveis. Uma delas pede pela rejeição do que Norberg chama de “guerra cultural”, como se a economia fosse o único tema relevante para o convívio humano. Além disso, o autor talvez exagere no otimismo ao dizer que a China vai se democratizar (há 20 anos ele errou, mas redobrou a aposta agora). Norberg por vezes parece crer que o capitalismo é a solução de todos os problemas, inclusive os não-econômicos.

Mas a mensagem em favor do livre mercado é irrefutável. Ainda que algumas das lições acabem esquecidas e seja preciso publicar um novo manifesto capitalista daqui 20 anos.

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