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Mulher se manifesta em Assunção, no Paraguai, em marcha de feministas no último Dia Internacional da Mulher.| Foto: EFE/Nathalia Aguilar

De acordo com o site internationalwomensday.com, o Dia Internacional da Mulher, celebrado na última terça-feira (8), comemora as “conquistas sociais, econômicas, culturais e políticas das mulheres” em todo o mundo. Com o tema das previsíveis reflexões deste ano – #BreaktheBias (“rompa com o preconceito”, em tradução livre) –, propunha-se imaginar um mundo “diverso, equitativo e inclusivo” livre de “preconceitos, estereótipos e discriminação”. Tenho uma sugestão para o tema do próximo ano: #OQueÉUmaMulher?.

“O que é uma mulher?” é a pergunta a que Anneliese Dodds, ministra das Mulheres e da Igualdade do Reino Unido, não conseguiu responder no programa da BBC “Woman's Hour” no Dia Internacional da Mulher. A apresentadora Emma Barnett deu a Dodds várias chances de fazer isso como representante do Partido Trabalhista. Mas, depois de divagar sobre pessoas que passaram por transição de gênero e “querem ser definidas como mulheres”, o melhor que Dodds conseguiu foi dizer: “Depende do contexto, com certeza”.

A confusão de Dodds não a impediu de escrever no Twitter que “o Partido Trabalhista quer elevar as mulheres, e não limitá-las”. Em resposta, a autora de Harry Potter, J. K. Rowling, escreveu: “Nesta manhã você disse ao público britânico, literalmente, que não pode definir o que é uma mulher. Qual é o plano, elevar coisas aleatórias até achar alguma que faça barulho?”.

Dodds não é a única progressista que tem dificuldade de responder à pergunta “O que é uma mulher?”. No início deste ano, por exemplo, Matt Walsh, do Daily Wire, apareceu em um episódio de “Dr. Phil” ao lado de dois ativistas transgêneros. “Você pode me dizer o que é uma mulher?”, perguntou Walsh a Ethan, que se identificou como um transmasculino não-binário (embora parecesse ser uma mulher masculinizada por hormônios). "Não, eu não posso”, respondeu Ethan, “porque não sou eu quem tem que definir. A feminilidade é diferente para todos”. Outro ativista, Addison, que se identificou como um não-binário (embora parecesse ser um homem feminizado cosmeticamente), arriscou: “Mulher é algo que é um termo guarda-chuva…”. Nesse ponto, Walsh interveio: “Que descreve o quê?”. “Pessoas que se identificam como mulher”, disse Addison. “Que se identificam como o quê?”, perguntou Walsh. "Como uma mulher", disse Addison. "O que é isso?”, Walsh contestou. E assim foram, dando voltas e voltas.

Ao contrário do que sugerem os ativistas, a definição de mulher não depende de um senso subjetivo de identidade. Uma mulher é, muito simplesmente, uma fêmea humana adulta. Uma mulher pertence ao sexo feminino, o que significa que ela tem cromossomos femininos, órgãos reprodutivos e gametas. O sexo é observável no nascimento (e até mais cedo com a tecnologia de ultrassom) e detectável muito depois da morte por testes de DNA. Um homem pode se identificar como mulher, colocar um vestido, dar a si mesmo nome e pronomes femininos, tomar estrogênio ou até mesmo ter seu pênis removido e uma pseudovagina implantada – mas seu sexo permanece inalterado.

A socialização dos sexos é algo diferente, claro. Sempre houve homens femininos e mulheres masculinas – pessoas que não se encaixam perfeitamente nos papéis sexuais tradicionais. Mas um homem feminino não é menos homem do que um homem masculino. E uma mulher masculina não é menos mulher do que uma mulher feminina. Sugestões contrárias a isso reforçam os mesmos estereótipos de gênero que o site do Dia Internacional da Mulher afirma combater.

Infelizmente, essa incoerência traz consequências na vida real. Nas legislações, nas políticas públicas e nos manuais de conduta em todo o mundo ocidental, a definição objetiva de sexo está sendo substituída pela confusa ficção da identidade de gênero. No Reino Unido, J. K. Rowling foi uma das poucas figuras públicas a criticar abertamente o parlamento escocês por apresentar um projeto de lei que permitiria que qualquer homem que se declarasse mulher tivesse acesso a espaços e serviços exclusivos para mulheres. (Tentei perguntar à primeira-ministra da Escócia o que é uma mulher em 2019, mas ela não quis – ou não conseguiu – responder.) A justificativa? “Mulheres trans são mulheres.”

Não só a segurança, mas também a justiça, estão em jogo. Nos esportes, mulheres e meninas estão sendo substituídas por atletas do sexo masculino, cujas vantagens baseadas no sexo não desaparecem magicamente no momento em que eles anunciam sua nova identidade de gênero. Lia (antes Will) Thomas, o nadador masculino da UPenn que está sendo autorizado a imperar na competição feminina, disse à Sports Illustrated: “Sou mulher, então pertenço à equipe feminina”. Um repórter menos crédulo poderia ter contestado com a pergunta óbvia: “E o que é uma mulher?”.

Aqueles genuinamente interessados ​​em celebrar as conquistas das mulheres devem ser capazes de definir, no mínimo, o grupo que estão celebrando. Qualquer um que não possa dar uma resposta direta à pergunta “O que é uma mulher?” é mais do que inútil para a causa dos direitos das mulheres.

Madeleine Kearns é redatora na National Review e acadêmica visitante no Independent Women’s Forum.

© 2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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