Antes os pais se preocupavam com a “pressão dos amigos” que levavam os filhos a experimentar álcool e outras drogas ou a fazer sexo. Hoje eles temem que essa pressão possa levar os filhos (sobretudo as meninas) a mudar de sexo.
Se você é pai de uma criança ou adolescente, precisa ler a última matéria de capa da revista World, que fala do fenômeno relativamente novo, mas em crescimento, da epidemia da disforia de gênero.
Defensores do movimento LGBT há muito argumentam que é possível diagnosticar “disforia de gênero” em crianças que expressam “consiste, insistente e persistentemente” incômodo com o gênero de nascimento desde muito cedo. Assim como nos ensinaram (equivocadamente) quanto aos homossexuais, pessoas que se identificam como transgêneros nascem assim – é o que nos garantem.
Hoje em dia, contudo, tendências sociais evoluem tão rápido que até mesmo pseudocientistas da revolução sexual têm dificuldade para se manterem atualizados. Crianças (sobretudo meninas) que passam pela infância sem nenhuma confusão quanto ao sexo estão, de repente, pouco depois de chegarem à puberdade, declarando que são do sexo oposto (ou não-binários ou assexuadas ou uma das dezenas outras “identidades de gênero”).
“O que é que está acontecendo?”, perguntam os pais. “Esse é um assunto para a biologia?” Se sim, não era de se esperar que tais declarações emergissem repentinamente de meia-dúzia de meninas num único grupo ao mesmo tempo. E não era de se esperar que elas usassem praticamente a mesma linguagem ao fazerem tais declarações.
Ano passado, a dra. Lisa Littman, da Brown University, publicou um estudo baseado em entrevistas com mais de duzentos pais cujos filhos foram atingidos pela “epidemia de disforia de gênero”. A maioria dos pais não era conservadora (85 por cento apoiavam a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo), mas eles estavam surpresos pelo que acontecera com seus filhos.
Duas coisas eram comuns nos relatos dos pais – e nenhuma das duas tinha qualquer coisa a ver com aquilo de “ele nasceu assim”. Havia um forte elemento de “contágio social” e os jovens estavam sendo influenciados por websites a perguntarem como pedir – e conseguir – hormônios bloqueadores de puberdade ou do sexo oposto e, para alguns, até mesmo como se submeter a uma dupla mastectomia.
Em 2019, tais adolescentes não estão atraindo perseguição por serem “fieis a si mesmo” – 60 por cento dos pais achavam que se identificar como transgênero era algo que aumentava a popularidade dos jovens na escola. “Ser trans é um chamariz aos olhos de outros adolescentes”, escreveu um dos pais.
Cathy Ruse e Peter Sprigg, do Family Research Council, já escreveram sobre o estudo do Instituto Littmann e sobre a revolta dos transgêneros que ele gerou. Agora parece claro que, entre os valores que os pais precisam ensinar aos filhos desde cedo é a gratidão por como Deus os fez, homem ou mulher. E limitar o tempo das crianças na Internet e das redes sociais não é mais algo que se faz só para garantir que elas façam o dever de casa.
Tony Perkins é presidente do Family Research Council.
Tradução: Paulo Polzonoff Jr.