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Parlamento Europeu

O que motivou a derrota histórica da esquerda nas eleições europeias

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Parlamento Europeu, em Bruxelas, prepara sua fachada para anunciar os resultados das eleições no dia 7 de junho de 2024. (Foto: EFE/EPA/OLIVIER HOSLET)

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A partir de julho de 2024, todas as garrafas plásticas na União Europeia terão suas tampas presas a elas por uma pequena aba de plástico. As redes sociais já estão cheias de vídeos de usuários tentando beber sem arranhar o nariz, furar um olho ou cortar o lábio. Esse inconveniente é resultado de mais uma regulamentação ambiental, recentemente aprovada pelo Parlamento Europeu, que visa reduzir o impacto do plástico no meio ambiente. Também ajuda a ilustrar o estado de espírito em que milhões de cidadãos europeus foram votar no último domingo para eleger a nova configuração do Parlamento Europeu: o cansaço provocado pelo fato de que muitas medidas destinadas a salvar o planeta simplesmente tornam a vida mais difícil para seus habitantes.

A União Europeia (UE), dominada por centristas (ou conservadores progressistas), bem como por elites social-democratas e verdes, está há anos numa corrida para ser a primeira instituição ocidental a implementar a Agenda 2030 da ONU. Os líderes da UE acreditavam que não teriam que pagar por suas atitudes e pelas consequências de suas políticas, como a loucura ambientalista, o influxo massivo de imigração ilegal, sua tolerância com o islamismo, a ruína dos agricultores locais, seu desrespeito pelos valores tradicionais do Ocidente cristão e sua tentativa de diluir a soberania nacional. E, de fato, não pagaram por nada disso… até agora.

Os partidos hegemônicos da UE acabaram de receber um grande golpe: A esquerda e a extrema esquerda foram derrotadas em toda a UE. A centro-direita, liderada por Ursula von der Leyen, precisará formar um pacto com outros para permanecer à frente da Comissão Europeia, e a notícia em todos os jornais foi a grande ascensão em todo o continente da nova direita, ou o que a imprensa tradicional europeia costuma chamar de “extrema direita”, que deve ser entendida como “tudo que não seja social-democracia verde”.

Os eleitores parecem ter rejeitado as políticas climáticas, o internacionalismo europeu que ameaça a soberania nacional, o identitarismo e outros clichês da Agenda 2030 da ONU. Todos parecem ter entendido a mensagem, exceto von der Leyen e Manfred Weber, os líderes do Partido Popular Europeu, que, após vencerem as eleições por uma margem mínima, ofereceram um pacto aos socialistas para permanecerem à frente da Comissão Europeia. Ou seja, em vez de tentar atrair os conservadores, que estão novamente em ascensão, tentaram se aliar aos perdedores da esquerda porque acreditam que os “europeístas” devem se unir para deter os chamados extremos. É um bom momento para lembrar uma das famosas citações de von der Leyen que melhor define sua compreensão da política: “A mudança climática está avançando, basta olhar pela janela.”

Os partidos conservadores, ou, se preferir, a nova direita, obtiveram os melhores resultados de sua história, incluindo o primeiro lugar em cinco países: França, Itália, Áustria, Hungria e Bélgica. Marine Le Pen venceu na França, fazendo com que o presidente centrista Emmanuel Macron, cuja coalizão foi derrotada nas eleições europeias, convocasse uma eleição nacional antecipada. Viktor Orbán venceu na Hungria; Giorgia Meloni venceu na Itália; a Alternativa para a Alemanha (AfD) ultrapassou os socialistas lá, tornando-se a segunda maior força política alemã no Parlamento Europeu e abalando o governo alemão. André Ventura, do novo partido conservador português Chega, conquistou assentos no Parlamento Europeu pela primeira vez, e a direita espanhola Vox dobrou seu número de parlamentares, consolidando sua posição como a terceira maior força política espanhola no Parlamento Europeu.

A propósito, os comunistas espanhóis do Sumar, Izquierda Unida e Podemos, três dos partidos mais antissemitas da Europa, desmoronaram nas eleições europeias — depois de basearem parte de sua campanha bizarra na oposição a Israel e solidariedade com o Hamas (o que poderia dar errado?) — apesar de terem vários ministros no governo socialista do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Os únicos sucessos da esquerda estão no norte da Europa: nos Países Baixos, inesperadamente, a aliança verde-socialista parece ter conquistado mais assentos (os resultados ainda são preliminares), embora o Partido da Liberdade de Geert Wilders esteja em segundo lugar. Também surpreendentemente, a Esquerda Verde da Dinamarca conquistou um assento adicional, e a Finlândia é um dos poucos países europeus onde a direita soberanista não está em ascensão, com o partido de centro-direita do primeiro-ministro Petteri Orpo mantendo o primeiro lugar.

A nova composição do Parlamento Europeu refletirá um ano cheio de derrotas históricas para a esquerda, incluindo os social-democratas do chanceler alemão Olaf Scholz, que obtiveram seu pior resultado eleitoral em mais de um século, e do Partido Verde da Alemanha, que sofreu uma queda sem precedentes de quase dez pontos percentuais em comparação com as eleições da UE de 2019 e perderam quase todos os seus assentos. De fato, a coalizão socialista-verde da Alemanha tem sido uma das grandes promotoras do atual modelo de governança da UE de ambientalismo, globalismo e imigração descontrolada.

É provável que a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e a Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa aceitem a oferta de von der Leyen e a mantenham à frente da Comissão Europeia. No entanto, nada mais será o mesmo, porque a legião de parlamentares europeus da direita pró-soberania (e, em alguns casos, eurocética — isto é, contrária à própria ideia da União Europeia) fará sua voz ser ouvida em alto e bom som no parlamento e provavelmente dificultará a aprovação de muitas leis progressistas propostas. Tudo aponta para uma nova era na UE, e talvez (deixe-me sonhar) estejamos próximos de recuperar nossa liberdade das tampas de garrafas que agora estão injustamente presas às garrafas plásticas.

Itxu Díaz é um jornalista, satirista político e escritor espanhol. Seu último livro é "Não vou comer grilos: um satirista nervoso declara guerra à elite globalista" (em trad. livre).

©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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