Brunei e Arábia Saudita: em comum, a dependência do petróleo| Foto:
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O que separa os países pobres dos países ricos? Há várias teorias a respeito, nenhuma é definitiva, mas existem boas pistas. Muitos teóricos citam a hipótese geográfica. Para os defensores dessa teoria, países mais ricos ficam em regiões temperadas e os mais pobres em regiões tropicais.

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Os primeiros postuladores dessa tese eram primários. Diziam que as populações dos trópicos eram indolentes, pouco dadas ao trabalho. Economistas como Jeffrey Sachs, que ainda hoje julgam a teoria correta, colocam a culpa nas condições ambientais: os habitantes dessas regiões estariam mais sujeitos a doenças como malária, o que impactaria sobre a saúde e por consequência sobre a produtividade.

Se tomarmos o ranking da Heritage como prova refutatória, veremos que dos cinco primeiros colocados — Hong Kong, Singapura, Nova Zelândia, Suíça e Austrália — apenas a Suíça possui clima inteiramente temperado.

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A hipótese geográfica também encontraria dificuldades para explicar as diferenças entre as duas Coreias, e as duas Alemanhas até 1989. As avançadas civilizações Azteca e Inca floresceram e prosperaram por séculos em climas tropicais enquanto onde hoje ficam os Estados Unidos e Canadá havia tribos que ainda viviam na Idade da Pedra.

Existem também as diferenças culturais entre os povos. O sociólogo alemão Max Weber criou a hipótese de a ética protestante ter sido responsável pelo desenvolvimento industrial em países como a Inglaterra, Holanda e a própria Alemanha.

Seria a África subsaariana mais pobre por uma questão cultural? No livro “Por que as Nações Fracassam”, os autores Daron Acemoglu e James Robinson contam a história do Reino do Congo, que, mesmo conhecendo tecnologias como a roda, a escrita e o arado, pouco faziam uso delas, mesmo depois de elas serem incentivadas por missões agrícolas portuguesas. Em compensação, adotaram prontamente o uso da pólvora. Por quê?

“A verdadeira razão por que os congolenses não adotaram uma tecnologia superior foi o simples fato de que lhes faltaram incentivos para tanto. Enfrentavam elevado risco de expropriação e tributação de sua produção pelo monarca todo-poderoso. Com efeito, a insegurança imperava, não só no que dizia respeito à propriedade, mas a continuidade de sua própria existência encontrava-se sempre por um fio. Muitos eram capturados e vendidos como escravos – condições que dificilmente serviriam de estímulo para investimentos que aumentassem a produtividade em longo prazo. Tampouco o rei dispunha de incentivos para adotar o arado em larga escala ou para fazer do aumento da produtividade agrícola sua maior prioridade; a exportação de escravos era muito mais rentável.” 

A grande questão são os incentivos. É por isso que a Coreia do Norte é mais pobre que a do Sul. Porque no sistema comunista não existem grandes incentivos para ser mais produtivo.

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Brunei, o país que mais caiu no ranking no último ano, 5,6 pontos, é um bom exemplo da falta de incentivos. A maior riqueza do país é o petróleo, cujos preços estão em queda livre faz alguns anos, desde que os Estados Unidos aprimoraram a técnica de extração nas áreas de xisto.

Cerca de 90% da receita do governo de Brunei vem do petróleo, que representa 95% das exportações do país. Além disso, a economia é pouco diversificada: grande parte da população, 43,5%, trabalha para o governo. Poucos produtos industrializados ou alimentos são produzidos no país, a maioria precisa ser importada.

Um dos problemas da falta de diversidade dos negócios locais é que apenas bruneanos podem ser proprietários de terras, e empresas estrangeiras precisam de um sócio local para se estabelecer no país. O maior problema detectado pela Fundação Heritage foi a saúde fiscal, em franca deterioração — caiu 80 pontos. Em apenas um ano, o país deixou um superávit orçamentário de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e passou a ostentar um déficit de 10,9% do PIB.

Brunei tomou algumas medidas para melhorar sua economia que seriam bem-vindas no Brasil: diminuiu a burocracia para criar novos negócios e facilitou o dia-a-dia das pequenas e médias empresas. Se diminuir a dependência do petróleo, tem tudo para melhorar de posição no ano que vem.

Não por coincidência, o segundo país que mais caiu, 4,8 pontos, foi a Arábia Saudita, um dos maiores produtores mundiais de petróleo. O país também recebeu uma nota baixa em saúde fiscal — caiu 46 pontos, ficando em 19,7. Para melhorar, a receita da Heritage é atrair investimentos e melhorar o grau de competitividade por meio de reformas.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]