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O que podemos aprender com os cemitérios de carros elétricos da China

A China tem vários "cemitérios" de carros elétricos, onde veículos indesejados estão se decompondo.
A China tem vários "cemitérios" de carros elétricos, onde veículos indesejados estão se decompondo. (Foto: Reprodução / YouTube Inside China Auto)

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A economia da China enfrenta dificuldades, mas um de seus pontos positivos deveria ser a indústria de veículos elétricos. O país seguiu durante anos uma política industrial para se tornar a principal fabricante mundial do gênero, e atualmente produz muito mais automóveis movidos a energia "limpa" do que qualquer outra nação.

Entretanto, um artigo recente no site da Bloomberg mostra que esse aparente sucesso não é tudo o que parece. A China abriga "cemitérios" de veículos elétricos, onde carros indesejados estão se decompondo em meio a emaranhados de ervas daninhas. Esses "lixões" são uma manifestação visual dos problemas criados por sua política industrial.

O artigo descreve o que levou à existência desses locais e serve como um guia sobre os principais problemas da política industrial chinesa.

Satisfação do governo, não das pessoas. Muitos desses carros estão se deteriorando porque ninguém os quis desde o início. O governo chinês começou a fornecer subsídios aos fabricantes para produzir veículos elétricos cerca de uma década atrás, e esses incentivos atraíram centenas de empresas para a indústria quase da noite para o dia. Com isso, várias companhias que tinham pouca ideia de como fabricar esse tipo de carro entraram no negócio.

Criação acidental de mercados insustentáveis. Os fabricantes tiveram de fazer algo com todos os veículos elétricos indesejados. Então criaram empresas de compartilhamento de caronas. E acabaram entrando em outra indústria sobre a qual também não conheciam nada – em decorrência do primeiro conjunto de diretrizes governamentais que os levou a produzir automóveis de baixa qualidade que as pessoas não compraram.

Redução da liberdade individual. O governo queria que sua política industrial tivesse sucesso. Mas como as pessoas realmente não queriam adquirir veículos elétricos, ele encontrou maneiras de fazê-las comprar. Foram utilizados subsídios para incentivar a compra, com descontos de até US$ 8.400 [R$ 40,7 mil, na cotação atual] por carro. Também houve restrições sobre quem poderia comprar carros a gasolina em várias cidades importantes. Além disso, foi criado um sistema de créditos para recompensar a produção de automóveis elétricos e punir a produção dos convencionais.

Estímulo à corrupção. Os fabricantes de automóveis trapacearam os programas do governo falsificando registros. A estimativa oficial das perdas de dinheiro decorrentes desse tipo de corrupção é de US$ 1,3 bilhão [o equivalente a R$ 6,3 bilhões]. Mas como saber qual é o número real?

Tornar as indústrias frágeis. Provavelmente percebendo que havia incentivado uma superprodução massiva, o governo chinês começou a reduzir os subsídios em 2019. "Muitas empresas de transporte por carona não estavam preparadas para a mudança de política, o que afetou gravemente seu fluxo de caixa", diz o artigo da Bloomberg. E, assim, centenas de companhias em todo o país fecharam as portas.

Escolher o objetivo errado. A China teve sucesso em seu plano de se tornar a maior fabricante de veículos elétricos do mundo, mas a que custo? Ao optar por recompensar a produção por si só, o governo criou inúmeros incentivos perversos que desperdiçaram toneladas de capital. Agora, precisa lidar com "cemitérios" de carros em decomposição, que representam riscos ambientais. As grandes marcas chinesas praticamente não são conhecidas fora do país, e ainda têm um longo caminho a percorrer para se destacar nos mercados estrangeiros. Enquanto isso, os consumidores nacionais ficam presos a automóveis de baixa qualidade.

Enquanto a política industrial de veículos elétricos estava em andamento, os setores imobiliário e financeiro da China impulsionaram a maior parte do crescimento do PIB do país – mas agora estão desmoronando. Uma crise da dívida do governo se aproxima, à medida que a infraestrutura sobrecarregada enfrenta o aumento das taxas de juros globais.

A China está lutando contra a deflação, enquanto o resto do mundo combate a inflação, e a confiança dos investidores e consumidores em sua economia está despencando. A política do filho único arruinou seu perfil demográfico, e a taxa de natalidade continua a diminuir. O desemprego juvenil está acima de 20%, e o desequilíbrio de gênero na população significa que milhões de homens jovens não têm perspectivas de casar.

Mas a China tem mais veículos elétricos do que qualquer outro país.

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: What We Can Learn from China’s Electric-Vehicle Graveyards

Conteúdo editado por: Omar Godoy

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